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II Livro dos Reis

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II Livro dos Reis

 Capítulo 1

1. Tendo morrido Acab, Moab revoltou-se contra Israel.
2. Ocozias, que se encontrava em seu quarto alto, na Samaria, caiu da janela e feriu-se gravemente. Enviou então mensageiros, aos quais disse: Ide consultar Baal-Zebub, deus de Acaron, para saber se serei curado de meu mal.
3. Mas o anjo do Senhor falou a Elias, o tesbita: Sobe ao encontro dos mensageiros do rei de Samaria, e dize-lhes: Não há porventura um Deus em Israel, para irdes consultar Baal-Zebub, deus de Acaron?
4. Por isso eis o que diz o Senhor: Não te levantarás do leito a que subiste, mas morrerás. E Elias partiu.
5. Os mensageiros voltaram para Ocozias, e este lhes perguntou: Por que voltais?
6. Eles responderam: Um homem nos veio ao encontro e nos disse: Ide, voltai para o vosso rei e dizei-lhe: Isto diz o Senhor: Não há porventura Deus em Israel, para que mandes consultar Baal-Zebub, deus de Acaron? Por isso não te levantarás do leito a que subiste; vais morrer.
7. Ocozias disse-lhes: Como era esse homem que veio ao vosso encontro e vos falou desse modo?
8. Era um homem coberto de pelos, responderam-lhe, que trazia uma cinta de couro em volta dos rins. O rei disse: É Elias, o tesbita.
9. Imediatamente enviou-lhe o rei um chefe com seus cinqüenta homens. Este foi ter com Elias, que estava sentado no cimo dum monte, e disse-lhe: Ó homem de Deus, desce depressa, pois é ordem do rei.
10. Elias respondeu: Se sou um homem de Deus, venha fogo do céu e vos devore, a ti e aos teus cinqüenta homens. E o fogo, caindo do céu, devorou o chefe e seus cinqüenta homens.
11. O rei mandou outro chefe com os seus cinqüenta homens, o qual, chegando aonde estava Elias, lhe disse; Ó homem de Deus, esta é a ordem do rei: desce imediatamente.
12. Se sou um homem de Deus, respondeu Elias, venha fogo do céu e te devore com os teus cinqüenta homens. E o fogo, caindo do céu, devorou o chefe e seus cinqüenta homens.
13. Pela terceira vez, mandou o rei um chefe com os seus cinqüenta homens, o qual, chegando aonde estava Elias, pôs-se de joelhos e suplicou-lhe, dizendo: Peço-te, ó homem de Deus, que a minha vida tenha algum valor aos teus olhos e a destes cinqüenta homens teus servos.
14. Veio fogo do céu e devorou os dois primeiros chefes; mas, agora, que minha vida tenha algum valor aos teus olhos!
15. O anjo do Senhor disse a Elias: Desce com este homem; não temas. Elias levantou-se e desceu com ele à casa do rei.
16. Disse-lhe: Eis o que diz o Senhor: Porque enviaste mensageiros a consultar Baal-Zebub, deus de Acaron, não te levantarás mais do leito a que subiste; mas morrerás.
17. Ocozias morreu, segundo a palavra que o Senhor tinha dito pelo profeta Elias, e seu irmão Jorão sucedeu-lhe o trono, no segundo ano de Jorão, filho de Josafá, rei de Judá, porque Ocozias não tinha filhos.
18. O resto da história de Ocozias e suas ações, tudo está consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.

 
Capítulo 2

1. Eis o que se passou no dia em que o Senhor arrebatou Elias ao céu num turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Gálgala,
2. e Elias disse a Eliseu: Fica aqui, porque o Senhor me mandou a Betel. Por Deus e por tua vida, respondeu Eliseu, não te deixarei. E desceram a Betel.
3. Os filhos dos profetas, que estavam em Betel, saíram ao encontro de Eliseu e disseram-lhe: Sabes que o Senhor vai tirar hoje o teu amo de sobre a tua cabeça? Sim, eu o sei: calai-vos!
4. Elias disse-lhe: Fica aqui, Eliseu, porque o Senhor manda-me a Jericó. Por Deus e por tua vida, respondeu ele, não te deixarei. E chegaram a Jericó.
5. Os filhos dos profetas que estavam em Jericó foram ter com Eliseu e disseram-lhe: Sabes que o Senhor vai tirar hoje o teu amo de sobre a tua cabeça? Sim, eu o sei. Calai-vos.
6. Elias disse-lhe: Fica aqui, porque o Senhor manda-me ao Jordão. Por Deus e pela tua vida, respondeu Eliseu, não te deixarei. E partiram juntos.
7. Seguiram-nos cinqüenta filhos de profetas os quais pararam ao longe, diante deles, enquanto Elias e Eliseu se detinham à beira do Jordão.
8. Elias tomou o seu manto, dobrou-o e feriu com ele as águas, que se separaram para as duas bandas, de modo que atravessaram ambos a pé enxuto.
9. Tendo passado, Elias disse a Eliseu: Pede-me algo antes que eu seja arrebatado de ti: que posso eu fazer por ti? Eliseu respondeu: Seja-me concedida uma porção dobrada do teu espírito.
10. Pedes uma coisa difícil, replicou Elias. Entretanto, se me vires quando eu for arrebatado de ti, isso te será dado: mas se não me vires, não te será dado.
11. Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos
de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num turbilhão.
12. Vendo isso, Eliseu exclamou: Meu pai, meu pai! Carro e cavalaria de Israel! E não o viu mais. Tomando então as suas vestes, rasgou-as em duas partes.
13. Apanhou o manto que Elias deixara cair, e voltando até o Jordão, parou à beira do rio.
14. Tomou o manto que Elias deixara cair, feriu com ele as águas, dizendo: Onde está o Senhor, o Deus de Elias? Onde está ele? Tendo ferido as águas, estas separaram-se para um e outro lado, e Eliseu passou.
15. Os filhos dos profetas que estavam em Jericó, vendo o que acontecera defronte deles, disseram: O Espírito de Elias repousa em Eliseu. Foram-lhe ao encontro, prostraram-se por terra diante dele,
16. e disseram: Sabe que entre os teus servos há cinqüenta homens valentes, que podem ir em busca do teu amo. Talvez o tenha arrebatado o Espírito do Senhor e atirado com ele para algum monte ou para algum vale. Não os mandeis, respondeu Eliseu.
17. Eles, porém, tanto insistiram que Eliseu teve vergonha (de recusar): Mandai-os, disse ele. Mandaram, pois, cinqüenta homens, os quais procuraram Elias durante três dias, mas sem resultado.
18. Quando voltaram para Eliseu, que estava em Jericó, este disse-lhes: Não vos disse eu que não fôsseis?
19. Os habitantes da cidade disseram a Eliseu: A cidade está muito bem situada, como o pode ver o meu senhor, mas as águas são más e tornam a terra estéril.
20. Eliseu disse-lhes: Trazei-me um prato novo, e ponde nele sal. Eles lho trouxeram.
21. Eliseu foi à fonte e deitou sal nela, dizendo: Eis o que diz o Senhor: Sanei estas águas, e elas não causarão mais nem morte, nem esterilidade.
22. Ficaram as águas sadias e ainda o são, segundo a palavra que o Senhor tinha dito por Eliseu.
23. Dali subiu a Betel. Enquanto ia pelo caminho, saíram da cidade alguns rapazes, e puseram-se a zombar dele, dizendo: Sobe, careca; sobe, careca!
24. Eliseu, voltando-se para eles, olhou-os e amaldiçoou-os em nome do Senhor. Imediatamente saíram da floresta dois ursos e despedaçaram quarenta e dois daqueles rapazes.
25. Dali se retirou para o monte Carmelo, de onde voltou para Samaria.

 
Capítulo 3

1. No décimo oitavo ano de Josafá, rei de Judá, Jorão, filho de Acab, tornou-se rei de Israel em Samaria, e reinou durante doze anos.
2. Fez o mal aos olhos do Senhor, mas não tanto como seu pai e sua mãe, porque tirou a estela que seu pai tinha erigido a Baal.
3. Perseverou todavia nos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fez pecar Israel, e não se apartou deles.
4. Mesa, rei de Moab, possuidor de muitos rebanhos, pagava ao rei de Israel, à guisa de tributo, cem mil cordeiros e a lã de cem mil carneiros.
5. Morrendo, porém, Acab, ele libertou-se do rei de Israel.
6. O rei Jorão saiu de Samaria e passou em revista todo o Israel.
7. Em seguida mandou dizer a Josafá, rei de Judá: O rei de Moab rebelou-se contra mim; queres vir comigo atacá-lo? Sim, respondeu Josafá; farei o que fizeres, meu povo fará o que fizer o teu, minha cavalaria fará o que fizer a tua.
8. E ajuntou: Por onde iremos? Pelo caminho do deserto de Edom.
9. O rei de Israel, o rei de Judá e o rei de Edom puseram-se em marcha, mas depois de darem uma volta de sete dias de marcha, veio a faltar água, tanto para o exército como para os animais que o seguiam.
10. O rei de Israel exclamou: Ai! O Senhor juntou aqui os três reis para entregá-los ao rei de Moab!
11. Josafá disse: Não há por aqui algum profeta do Senhor, para por meio dele consultarmos o Senhor? Sim, respondeu um dos servos do rei de Israel, está aqui Eliseu, filho de Safat, que derramava água nas mãos de Elias.
12. Josafá disse: A palavra do Senhor está com ele. E desceram a ele Josafá, o rei de Israel e o rei de Edom.
13. Eliseu disse ao rei de Israel: Que queres de mim, ó rei? Vai procurar os profetas de teu pai e de tua mãe. Não, disse-lhe o rei de Israel, porque o Senhor reuniu aqui estes três reis para entregá-los ao rei de Moab.
14. Eliseu exclamou: Pela vida do Senhor dos exércitos a quem sirvo, se não fosse em atenção a Josafá, rei de Judá, eu não faria caso algum de ti, nem mesmo poria em ti os meus olhos.
15. Mas agora trazei-me um tocador de harpa. Apenas fez o tocador vibrar as cordas, veio a mão do Senhor sobre Eliseu,
16. e este disse: Eis o que diz o Senhor: Cavai neste vale fossas e fossas!
17. Eis o que diz o Senhor: Não sentireis vento, nem vereis chuva, e contudo este vale se encherá de água; e bebereis vós, vossos rebanhos e vossos animais de carga.
18. Porém, isto é pouco aos olhos do Senhor: ele vai entregar também Moab nas vossas mãos.
19. Destruireis todas as cidades fortes, as cidades mais importantes, derrubareis todas as árvores frutíferas, tapareis todas as fontes e cobrireis de pedras todos os campos férteis.
20. No dia seguinte pela manhã, à hora da oblação, desceram as águas do lado de Edom, e a terra encheu-se de água.
21. Ouvindo os moabitas que aqueles reis vinham atacá-los, mobilizaram todos os que estavam na idade de pegar em armas e foram para a fronteira.
22. Na manhã seguinte, quando o sol se levantava sobre as águas, os moabitas viram diante de si as águas vermelhas como sangue.
23. É sangue!, exclamaram eles; os reis pelejaram entre si e destruíram-se mutuamente. Vamos, Moab, à presa!
24. Logo, porém, que chegaram para atacar o acampamento dos israelitas, estes levantaram-se e feriram os moabitas, que fugiram diante deles. E, enquanto os feriam, iam penetrando mais adentro na sua terra.
25. Destruíram as cidades, encheram toda a terra fértil de pedras, que cada um lançou, entupiram todas as fontes, derrubaram todas as árvores frutíferas, de modo que só ficaram as pedras da cidade de Quir-Caroset, que tinha sido cercada e atacada pelos fundibulários.
26. Vendo o rei de Moab que perdia o combate, tomou consigo setecentos homens armados de espada para abrir caminho até o rei de Edom, mas não conseguiu.
27. Tomando então o seu filho primogênito, que deveria reinar depois dele, ofereceu-o em holocausto sobre a muralha. Isso provocou uma tal indignação entre os israelitas, que estes se retiraram e voltaram para a sua terra.

 
Capítulo 4

1. A mulher de um dos filhos dos profetas clamou a Eliseu, dizendo: Meu marido, teu servo, morreu, e sabes que ele temia o Senhor. Ora, eis que veio o credor tomar os meus dois filhos para fazê-los seus escravos.
2. Eliseu disse-lhe: Que posso eu fazer por ti? Dize-me: que tens em tua casa? Ela respondeu: Tua serva só tem em sua casa uma garrafa de óleo.
3. Vai, replicou Eliseu, pede emprestadas às tuas vizinhas ânforas vazias em grande quantidade.
4. Depois entra, fecha a porta atrás de ti e de teus filhos, e enche com o óleo estas ânforas, pondo-as de lado à medida que estiverem cheias!
5. Partiu a mulher e fechou a porta atrás de si e de seus filhos. Estes traziam-lhe as ânforas e ela as enchia.
6. Tendo enchido as ânforas, disse ela ao seu filho: Dá-me mais uma ânfora. Não há mais, respondeu ele. E o óleo cessou de correr.
7. A mulher foi e contou tudo ao homem de Deus. Este disse-lhe: Vai e vende esse óleo para pagar a tua dívida. Depois disso, tu e teus filhos vivereis do resto.
8. Certo dia em que Eliseu atravessava Sunão, veio uma mulher rica do lugar e insistiu com ele para comer em sua casa. Depois disso, cada vez que ele passava por aquele lugar, dirigia-se à casa daquela mulher para tomar ali a sua refeição.
9. Ela disse ao seu marido: Escuta: eu sei que esse homem, que passa sempre por nossa casa, é um santo homem de Deus.
10. Preparemos-lhe em cima um quarto, obra de pedreiro, onde poremos uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lâmpada; assim poderá acomodar-se ali quando vier à nossa casa.
11. Ora, aconteceu que um dia, passando Eliseu por Sunão, retirou-se ao quarto de cima para dormir.
12. E disse a Giezi, seu servo: Chama essa sunamita. Giezi chamou-a e ela apresentou-se diante dele.
13. Pergunta-lhe, disse Eliseu, o que posso fazer por ela em reconhecimento do desvelo com que nos tem tratado. Talvez ela queira que se fale ao rei ou ao general do exército sobre algum negócio seu. Eu habito no meio de meu povo, respondeu ela.
14. Eliseu então disse: Que se pode fazer por ela? Ela não tem filhos, respondeu Giezi, e seu marido é idoso.
15. Chama-a, disse Eliseu. Giezi chamou-a e ela apareceu à porta.
16. Eliseu disse-lhe: Por esse tempo, daqui a um ano, acariciarás um filho. Não, meu senhor, respondeu ela, não zombes de tua escrava, ó homem de Deus!
17. E a mulher concebeu. No ano seguinte, à mesma época, como tinha predito Eliseu, ela deu à luz um filho.
18. O menino cresceu. Um dia em que ele fora ter com seu pai junto dos ceifadores,
19. disse-lhe: Oh, minha cabeça, minha cabeça! Leva-o à sua mãe, disse o pai a um escravo.
20. Este levou-o e entregou-o à sua mãe. O menino ficou nos joelhos da mãe até meio-dia, e morreu.
21. Ela subiu, colocou o menino na cama do homem de Deus, fechou a porta e saiu.
22. Chamou o marido e disse-lhe: Manda comigo um escravo e uma jumenta, para que eu vá à casa do homem de Deus e volte.
23. Ele disse-lhe: Por que vais ter com ele hoje? Não é lua nova, nem sábado. Fica tranqüilo, respondeu ela.
24. Mandou selar a jumenta e disse ao escravo: Conduze-me, apressa-te, não me detenhas em caminho sem que eu te diga.
25. Ela partiu e chegou aonde estava o homem de Deus, no monte Carmelo. O homem de Deus, vendo-a de longe, disse ao seu servo Giezi: Aí vem a sunamita;
26. corre-lhe ao encontro e pergunta-lhe se ela vai bem, como vai o seu marido e o seu filho. Ela respondeu: Tudo vai bem.
27. Mas chegando junto do homem de Deus na montanha, pegou-lhe os pés. Giezi aproximou-se para afastá-la, mas o homem de Deus disse-lhe: Deixa-a; sua alma está cheia de amargura e o Senhor me oculta o motivo, nada me revelou.
28. A mulher disse: Pedi eu porventura um filho ao meu senhor? Não te disse que não zombasses de mim?
29. Eliseu disse a Giezi: Põe o teu cinto, toma na mão o meu bastão e parte. Se encontrares alguém, não o saúdes; e se alguém te saudar, não lhe respondas. Porás o meu bastão no rosto do menino.
30. A mãe do menino exclamou: Por Deus e pela tua vida, não te deixarei! Então Eliseu seguiu-a.
31. Entretanto, Giezi, que os tinha precedido, pôs o bastão no rosto do menino; mas não houve voz, nem sinal de vida. Ele voltou a Eliseu e disse-lhe: O menino não despertou.
32. Eliseu entrou na casa, onde estava o menino morto em cima da cama.
33. Entrou, fechou a porta atrás de si e do morto, e orou ao Senhor.
34. Depois, subiu à cama, deitou-se em cima do menino, colocou seus olhos sobre os olhos dele, suas mãos sobre as mãos dele, e enquanto estava assim estendido, o corpo do menino aqueceu-se.
35. Eliseu levantou-se, deu algumas voltas pelo quarto, tornou a subir e estendeu-se sobre o menino; este espirrou sete vezes e abriu os olhos.
36. Eliseu chamou Giezi e disse-lhe: Chama a sunamita; o que ele fez. Ela entrou e Eliseu disse-lhe: Toma o teu filho.
37. Então ela veio e lançou-se aos pés de Eliseu, prostrando-se por terra. Em seguida tomou o filho e saiu.
38. Quando Eliseu voltou a Gálgala, a fome devastava a terra. Estando os filhos dos profetas sentados diante dele, disse ao seu servo: Toma uma panela grande e prepara uma sopa para os filhos dos profetas.
39. Foi um deles ao campo para colher legumes, e encontrou uma planta silvestre; colheu dela coloquíntidas selvagens, encheu o manto, voltou para casa e cortou-as em pedaços dentro da panela da sopa, sem saber o que era.
40. Serviu-se a refeição aos homens. Logo, porém, que provaram da sopa, puseram-se a gritar: Homem de Deus, a morte está na panela! E não puderam comer.
41. Eliseu disse-lhes: Trazei-me farinha. Jogou farinha na panela e disse: Serve agora, para que todos comam. E não havia mais nada ruim na panela.
42. Veio um homem de Baalsalisa, que trazia ao homem de Deus, à guisa de primícias, vinte pães de cevada e trigo novo no seu saco. Dá-os a esses homens, disse Eliseu, para que comam.
43. Seu servo respondeu: Como poderei dar de comer a cem pessoas com isto? Dá-os a esses homens, repetiu Eliseu, para que comam. Eis o que diz o Senhor: Comerão e ainda sobrará.
44. E deu-os ao povo. Comeram e ainda sobrou, como o Senhor tinha dito.

 
Capítulo 5

1. Naamã, general do exército do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante de seu amo, e era muito considerado, porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem valente, mas leproso.
2. Ora, tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem, a qual ficou a serviço da mulher de Naamã.
3. Ela disse à sua senhora: Ah, se meu amo fosse ter com o profeta que reside em Samaria, ele o curaria da lepra!
4. Ouvindo isso, Naamã foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem israelita.
5. O rei da Síria respondeu-lhe: Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel. Naamã partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes de festa.
6. Levou ao rei de Israel uma carta concebida nestes termos: Ao receberes esta carta, saberás que te mando Naamã, meu servo, para que o cures da lepra.
7. Tendo lido a missiva, o rei de Israel rasgou as vestes e exclamou: Sou eu porventura um deus, que possa dar a morte ou a vida, para que esse me mande dizer que cure um homem da lepra? Vede bem que ele anda buscando pretextos contra mim.
8. Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel.
9. Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu.
10. Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa.
11. Naamã se foi, despeitado, dizendo: Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra.
12. Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo? E, voltando-se, retirou-se encolerizado.
13. Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: Lava-te e serás curado.
14. Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança.
15. Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo.
16. Pela vida do Senhor a quem sirvo, replicou Eliseu, não aceitarei nada. E apesar da instância de Naamã, ele recusou.
17. Então Naamã disse: Se não o aceitas, permite ao menos que se dê ao teu servo da terra deste país, tanto quanto possam carregar duas mulas, porque doravante este teu servo não oferecerá mais holocausto nem sacrifício a outros deuses, mas só ao Senhor.
18. Entretanto, que o Senhor perdoe ao teu servo no seguinte: Quando o meu soberano entrar no templo de Remon para adorar, apoiando-se no meu braço, e que eu também me prostrar no templo de Remon, que o Senhor perdoe esse gesto ao teu servo.
19. Eliseu respondeu: Faze-o tranqüilamente. E Naamã o deixou.
20. Naamã estava já a certa distância, quando Giezi, servo de Eliseu, disse consigo: Eis que meu amo poupou a esse sírio, Naamã, recusando aceitar de sua mão o que ele tinha trazido. Pela vida de Deus! Vou correr atrás dele, e obterei dele alguma coisa.
21. E Giezi foi ao alcance de Naamã, o qual, vendo-o correr, desceu do carro e veio-lhe ao encontro. E disse-lhe: Tudo vai bem?
22. Sim, respondeu Giezi; meu senhor manda-me dizer-te: Acabam de chegar à minha casa, da montanha de Efraim, dois jovens, filhos de profetas. Rogo-te que me dês para eles um talento de prata e dois hábitos de festa. 23 Naamã respondeu: É melhor que leves dois talentos. Naamã insistiu e, atando dois talentos e dois hábitos de festa em dois sacos, entregou-os a dois de seus escravos para que os levassem a Giezi.
24. Quando atingiram a colina, Giezi tomou os objetos de suas mãos e guardou-os na sua casa. Depois disso, despediu os dois homens e estes se retiraram.
25. E, tendo entrado, apresentou-se ao seu amo. Eliseu disse-lhe: De onde vens, Giezi? Teu servo não foi a parte alguma, respondeu ele.
26. Mas Eliseu replicou: Não estava porventura presente o meu espírito, quando um homem saltou de seu carro ao teu encontro? É este o momento de aceitar dinheiro, adquirir vestes, oliveiras e vinhas, ovelhas e bois, servos e servas?
27. A lepra de Naamã se pegará a ti e a toda a tua descendência para sempre. E Giezi saiu da presença de Eliseu coberto de uma lepra branca como a neve.

 
Capítulo 6

1. Os filhos dos profetas disseram a Eliseu: Vê: o lugar em que moramos contigo tornou-se estreito demais para nós.
2. Vamos até o Jordão, tomemos dali cada um de nós uma viga, e construamos ali uma sala em que habitemos. Ide, respondeu-lhes ele.
3. Mas vem também tu com os teus servos, ajuntou um deles. Eu irei, disse ele.
4. E partiu com eles. Chegados ao Jordão, puseram-se a cortar madeira.
5. Ora, estando um deles a cortar uma árvore, eis que o seu machado caiu na água. Ah, meu senhor!, exclamou ele. Porque o machado era emprestado.
6. Onde caiu ele?, perguntou o homem de Deus. Ele mostrou-lhe o lugar. Eliseu cortou um pedaço de madeira, jogou-o na água, e o machado veio à tona.
7. Tira-o, disse ele. O homem estendeu a mão e tomou-o.
8. O rei da Síria, que estava em guerra contra Israel, teve conselho com os seus servos e disse-lhes: Em tal e tal lugar estará o meu acampamento.
9. Mandou então o homem de Deus dizer ao rei de Israel: Guarda-te de passar por tal lugar, porque os sírios estão ali.
10. O rei de Israel mandou homens ao lugar indicado pelo homem de Deus em sua mensagem. E o rei acautelou-se não apenas uma ou duas vezes.
11. O rei da Síria, alvoroçado por causa disso, chamou seus servos e disse-lhes: Não me descobrireis quem dos nossos nos traiu junto do rei de Israel?
12. Não foi ninguém, ó rei, meu senhor, respondeu um deles; é o profeta Eliseu quem conta ao rei de Israel os planos que fazes em teu quarto de dormir.
13. Ide, disse o rei, e vede onde ele está, para que eu o mande prender. Disseram ao rei: Ele está agora em Dotã.
14. O rei enviou ali cavalos, carros e uma companhia importante; chegaram de noite e cercaram o lugar.
15. Na manhã seguinte, o homem de Deus, saindo fora, viu o exército que cercava a cidade com cavalos e carros. Seu servo disse-lhe: Ai, meu senhor! Que vamos fazer agora?
16. Não temas, respondeu Eliseu; os que estão conosco são mais numerosos do que os que estão com eles.
17. Orou Eliseu e disse: Senhor, abri-lhe os olhos, para que veja. O Senhor abriu os olhos do servo, e este viu o monte cheio de cavalos e carros de fogo ao redor de Eliseu.
18. (Entretanto, os sírios) desciam para ele, e Eliseu orou ao Senhor, dizendo: Feri de cegueira estes homens. E o Senhor, ouvindo a prece de Eliseu, feriu-os de cegueira.
19. Eliseu disse-lhes: Não é por aqui o caminho, nem é esta a cidade. Segui-me: vou conduzir-vos ao homem que buscais. E levou-os a Samaria.
20. Tendo eles entrado em Samaria, Eliseu disse: Senhor, abri os olhos desses homens para que vejam. O Senhor abriu-lhes os olhos e eles viram que estavam em Samaria.
21. O rei de Israel, tendo-os visto, disse a Eliseu: Feri-los-ei, meu pai?
22. Não, respondeu ele. Fere aos que capturares com tua espada e teu arco. A estes, porém, dá-lhes pão e água, para que restaurem as forças e voltem em seguida para junto de seu senhor.
23. O rei mandou que se lhes servisse um grande banquete, e depois que acabaram de comer e beber, deixou-os em liberdade, e eles voltaram para o seu soberano. E a partir de então, os guerrilheiros sírios cessaram as suas incursões nas terras de Israel.
24. Depois disso, Ben-Hadad, rei da Síria, mobilizou todo o seu exército e subiu para pôr cerco diante de Samaria.
25. A fome alastrou-se pela cidade e o cerco foi tão rude que uma cabeça de jumento valia oitenta siclos de prata, e a quarta parte de um cab de grãos, cinco siclos de prata.
26. Um dia em que o rei circulava pela muralha, uma mulher gritou-lhe: Socorre-me, ó rei, meu senhor!
27. O rei respondeu-lhe: Se o Senhor não te salva, com que te poderei eu socorrer? Porventura com a eira ou com o lagar?
28. E ajuntou: Que te aconteceu? Ela respondeu: Esta mulher, que aqui vês, disse-me: Dá-me o teu filho, para o comermos hoje; amanhã comeremos o meu.
29. Cozemos então o meu filho e o comemos. No dia seguinte, quando eu lhe disse: Dá-me o teu filho, para que o comamos, ela o escondeu.
30. Ouvindo o que lhe dizia a mulher, o rei rasgou as vestes; e como ia passando pela muralha, o povo viu que ele trazia um cilício sobre o corpo.
31. Que Deus me trate com todo o rigor, se a cabeça de Eliseu, filho de Safat, lhe ficar ainda hoje sobre os ombros!
32. Ora, Eliseu achava-se em sua casa, e os anciãos sentados com ele. O rei se fizera preceder por um emissário; mas, antes que este chegasse, Eliseu disse aos anciãos: Vede como este filho de bandido manda alguém para cortar-me a cabeça? Atenção! Quando chegar o emissário, fechai-lhe a porta e repeli-o. Mas não se ouve já o ruído dos passos de seu amo, que o segue?
33. Não tinha ainda acabado de falar, quando o mensageiro se apresentou diante dele e disse-lhe: Quando um tão grande mal nos vem do Senhor, que poderei eu esperar ainda?

 
Capítulo 7

1. Eliseu disse-lhe: Ouvi o que diz o Senhor: Amanhã, a esta mesma hora, uma medida de flor de farinha valerá um siclo à porta de Samaria, e duas medidas de cevada, também um siclo.
2. O oficial, em cujo braço se apoiava o rei, respondeu ao homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, seria possível semelhante coisa? Tu o verás com os teus olhos, respondeu Eliseu, mas não comerás.
3. Ora, estavam quatro leprosos à porta da cidade, os quais disseram entre si: Por que ficarmos nós aqui até morrermos?
4. Se formos para a cidade, morreremos, porque reina a fome ali; se ficarmos aqui, morreremos da mesma sorte. Vinde: passemos ao acampamento dos sírios; quem sabe se eles nos pouparão a vida, e viveremos? Se eles nos matarem, pois bem, morreremos.
5. Ao anoitecer partiram para o acampamento dos sírios, mas, ao chegarem aos limites do acampamento, viram que não havia mais ninguém.
6. O Senhor tinha feito ouvir no acampamento dos sírios um estrondo de carros, de cavalaria e de um grande exército, e disseram uns aos outros: Isso é certamente o rei de Israel que assalariou contra nós os reis dos hiteus e dos egípcios.
7. Levantaram-se, pois, ao anoitecer, e fugiram, deixando ali suas tendas, cavalos, jumentos, abandonando o acampamento tal como estava, e só cuidando de salvar a própria vida.
8. Os leprosos, pois, chegando à extremidade do acampamento, entraram numa tenda, e, depois de terem comido e bebido, tomaram consigo ouro, prata e vestes, que foram esconder para si. Voltaram em seguida e entraram noutra tenda, e esconderam também o que puderam carregar dali.
9. Então disseram um para o outro: Não está bem o que fazemos; hoje é um dia de boas novas. Se calarmos e esperarmos até o romper da aurora, seremos castigados. Vamos e informemos a casa do rei.
10. Foram e contaram o sucedido aos guardas da porta da cidade, dizendo-lhes: Entramos no acampamento dos sírios: não há ali ninguém, nem uma voz humana sequer, só há cavalos, jumentos amarrados e as tendas tais como foram levantadas.
11. Os guardas da porta deram sinais e a boa nova foi levada ao interior do palácio real.
12. Era noite; o rei levantou-se e disse aos seus servos: Vou dizer-vos o que tramam os sírios: eles sabem que estamos famintos; por isso deixaram o acampamento e foram armar emboscadas no campo, pensando prender-nos vivos e penetrar em seguida na cidade, uma vez que tenhamos saído dela.
13. Mas um dos servos do rei tomou a palavra: Tomemos cinco dos cavalos que nos restam e mandemo-los para ver o que há – sua sorte será a de todo o povo de Israel que ficou, e que vai perecer.
14. Escolheram dois carros com os cavalos, e o rei os enviou para seguirem as pisadas do exército sírio, dizendo-lhes: Ide ver.
15. Eles seguiram os rastos dos sírios até o Jordão. Todo o caminho estava repleto de vestes e outros objetos que os sírios tinham abandonado em sua precipitação. Os mensageiros voltaram e contaram-no ao rei.
16. Saiu então o povo e pilhou o acampamento dos sírios. E vendeu-se uma medida de flor de farinha por um siclo, e igualmente por um siclo duas medidas de cevada, como o Senhor o dissera.
17. O rei confiara a guarda da porta ao oficial em cujo braço se apoiava. Mas a porta, com os empurrões do povo, caiu e o povo o esmagou; e ele morreu, como havia predito o homem de Deus, quando o rei descera à sua casa.
18. O homem de Deus tinha dito ao rei: Amanhã, a esta mesma hora, duas medidas de cevada valerão um siclo à porta de Samaria, e uma medida de flor de farinha, um siclo igualmente.
19. E o oficial tinha respondido ao homem de Deus: Ainda que o Senhor fizesse janelas no céu, seria possível tal coisa? Ao que Eliseu replicara: Tu o verás, com os teus olhos, mas não comerás.
20. Foi o que lhe aconteceu: o povo o atropelou à porta, e ele morreu.

 
Capítulo 8

1. Eliseu dissera à mulher, cujo filho ele ressuscitara: Parte com todos os teus, e habita no estrangeiro, porque o Senhor fez vir a fome, e ela virá sobre a terra durante sete anos.
2. Esta mulher fez o que lhe disse o homem de Deus: emigrou com sua família e habitou sete anos na terra dos filisteus.
3. Passados os sete anos, voltou da terra dos filisteus e foi falar ao rei a respeito de sua casa e de sua terra.
4. O rei estava conversando com Giezi, servo do homem de Deus, e pedia-lhe que lhe contasse os prodígios que Eliseu tinha feito.
5. Giezi estava justamente contando como Eliseu havia ressuscitado um morto, quando a mulher, cujo filho ressuscitara, chegou para implorar ao rei a respeito de sua casa e de sua terra. Giezi exclamou: Ó rei, meu senhor! Eis a mulher com o filho que Eliseu ressuscitou.
6. O rei interrogou a mulher, e esta narrou-lhe o acontecido. Então o rei fê-la acompanhar por um eunuco com a seguinte ordem: Faze-lhe restituir tudo o que lhe pertence, assim como todos os rendimentos de sua terra, desde o dia em que ela a deixou até o dia de hoje.
7. Eliseu foi a Damasco. Ben-Hadad, rei da Síria, estava doente. Avisaram-no, dizendo: O homem de Deus está aqui.
8. Disse então o rei a Hazael: Toma contigo um presente e vai ao encontro do homem de Deus. Consultarás o Senhor, por seu intermédio, se sairei vivo desta enfermidade.
9. Hazael partiu e foi ao encontro do homem de Deus, levando consigo presentes, o que havia de melhor em Damasco, em quarenta camelos carregados. Chegando aonde ele estava, disse-lhe: Teu filho Ben-Hadad, rei da Síria, mandou-me ter contigo para perguntar-te se sairá vivo de sua enfermidade.
10. Eliseu respondeu-lhe: Vai e dize-lhe que ele será certamente curado. Mas o Senhor revelou-me que ele morrerá.
11. Depois o homem de Deus olhou-o fixamente, de modo que Hazael se sentiu perturbado; e o homem de Deus pôs-se a chorar.
12. Por que chora o meu senhor?, perguntou Hazael. Ele respondeu: Porque sei os males que farás aos israelitas: incendiarás as suas cidades fortes, passarás ao fio da espada os seus jovens, esmagarás as suas crianças e rasgarás pelo meio o ventre de suas mulheres grávidas.
13. Será o teu servo porventura um cão, disse-lhe Hazael, para fazer tais coisas? Eliseu respondeu: O Senhor mostrou-me numa visão que serás rei da Síria.
14. Deixando Eliseu, voltou Hazael para junto de seu amo, o qual lhe perguntou: Que te disse Eliseu? Disse-me, respondeu ele, que serás certamente curado.
15. No dia seguinte, (Hazael) tomou uma cobertura, molhou-a em água e aplicou-a sobre o rosto do rei, e este morreu. E Hazael sucedeu-lhe no trono.
16. No quinto ano de Jorão, filho de Acab, rei de Israel, Jorão, filho de Josafá, tornou-se rei de Judá.
17. Tinha trinta e dois anos quando começou a reinar, e reinou oito anos em Jerusalém.
18. Andou pelos caminhos dos reis de Israel, como fizera a casa de Acab, cuja filha desposou. E fez o mal aos olhos do Senhor.
19. Apesar disso, o Senhor não quis destruir a casa de Judá, por causa de Davi, seu servo, a quem prometera conservar sempre uma lâmpada na sua descendência.
20. No tempo de Jorão, os edomitas sacudiram o jugo de Judá e constituíram um rei para si.
21. Jorão foi a Seira com todos os seus carros, e, durante a noite, feriu os edomitas que o tinham cercado; e os chefes dos carros com as tropas fugiram para as suas tendas.
22. E assim Edom sacudiu o jugo de Judá até o dia de hoje. Naquele mesmo tempo, Libna libertou-se igualmente.
23. Os outros atos e grandes feitos de Jorão estão consignados no livro das Crônicas dos reis de Judá.
24. Jorão adormeceu com os seus pais e foi sepultado junto deles na cidade de Davi. Seu filho Ocozias sucedeu-lhe no trono.
25. No décimo segundo ano de Jorão, filho de Acab, rei de Israel, Ocozias, filho de Jorão, tornou-se rei de Judá.
26. Ocozias tinha vinte e dois anos quando começou a reinar, e reinou um ano em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Atalia, e era filha (neta) de Amri, rei de Israel.
27. Andou nos caminhos da casa de Acab e fez o mal aos olhos do Senhor, como a casa de Acab, porque lhe era aliado.
28. Saiu com Jorão, filho de Acab, a combater Hazael, rei da Síria, em Ramot de Galaad, e foi ferido pelos sírios.
29. E voltou então a Jezrael para se curar dos ferimentos recebidos dos sírios no combate contra Hazael, rei da Síria. Ocozias, filho de Jorão, rei de Judá, desceu a Jezrael para visitar Jorão, filho de Acab, que estava enfermo.

 
Capítulo 9

1. O profeta Eliseu chamou um dos filhos dos profetas e disse-lhe: Põe o teu cinto e parte para Ramot de Galaad com este frasco de óleo.
2. Ali chegando, procurarás Jeú, filho de Josafá, filho de Namsi. Aproximar-te-ás dele, fá-lo-ás levantar-se do meio de seus irmãos e o conduzirás a um aposento retirado.
3. Tomarás então o frasco de óleo e lho derramarás na cabeça, dizendo: Isto diz o Senhor: Sagro-te rei de Israel. Depois abrirás a porta e fugirás sem demora.
4. O jovem servo do profeta partiu para Ramot de Galaad.
5. Quando lá chegou, os chefes do exército estavam sentados em reunião. E disse: General, tenho uma palavra a dizer-te. Jeú perguntou: A qual de nós? A ti, general, respondeu ele.
6. E Jeú, levantando-se, entrou na casa. O jovem derramou-lhe então o óleo na cabeça, dizendo: Isto diz o Senhor: Sagro-te rei de Israel, o povo do Senhor.
7. Ferirás a casa de Acab, teu soberano, e vingarás o sangue de meus servos, os profetas, e o sangue de todos os servos do Senhor, derramado por Jezabel.
8. Toda a casa de Acab perecerá: cortarei da casa de Acab em Israel todo varão, seja escravo ou livre.
9. Farei da casa de Acab o que fiz da de Jeroboão, filho de Nabat, e da de Baasa, filho de Aía.
10. E Jezabel será devorada pelos cães no solo de Jezrael: Não haverá ninguém que a sepulte. Dizendo isso, o jovem abriu a porta e fugiu.
11. Quando Jeú voltou para junto dos oficiais de seu soberano, estes perguntaram-lhe: Tudo vai bem? Por que te veio ver esse louco? Ele respondeu-lhes: Vós bem conheceis esse homem, e a sua maneira de falar.
12. Mentira!, exclamaram eles; conta-nos a verdade. Pois bem, disse ele, ele disse-me isto e isto, e acrescentou: Eis o que diz o Senhor: Sagro-te rei de Israel.
13. Levantaram-se então imediatamente e, tomando cada qual o seu manto, estenderam-no aos seus pés, em cima dos degraus, e tocaram a trombeta, gritando: Jeú é rei!
14. Jeú, filho de Josafá, filho de Namsi, conspirou contra Jorão, no tempo em que Jorão, com todo o Israel, defendia Ramot de Galaad contra Hazael, rei da Síria.
15. Jorão tinha voltado a Jezrael para se curar dos ferimentos recebidos dos sírios, quando combatia contra Hazael, rei da Síria. Se esta é a vossa vontade, disse Jeú, ninguém fuja da cidade para ir dar a notícia a Jezrael.
16. E Jeú subiu para o seu carro, partiu para Jezrael, onde Jorão, que estava de cama, recebia a visita de Ocozias, rei de Judá.
17. A sentinela que estava no alto da torre de Jezrael, viu aproximar-se a tropa de Jeú e anunciou: Vejo aproximar-se uma tropa. Jorão disse: Toma um carro e manda alguém ao seu encontro para perguntar se tudo vai bem.
18. Chegando o cavaleiro junto de Jeú, disse: O rei manda perguntar se tudo vai bem. Que te importa se tudo vai bem?, respondeu Jeú. Passa para trás de mim. A sentinela anunciou: O mensageiro chegou a ele, mas não volta.
19. O rei mandou um segundo cavaleiro, que se apresentou a Jeú, dizendo: O rei manda saber se tudo vai bem. Que te importa se tudo vai bem?, respondeu Jeú. Passa para trás de mim.
20. A sentinela anunciou: Também este chegou até eles, mas não volta. Pela maneira de conduzir o carro, parece que é Jeú, filho de Namsi: ele corre como um louco.
21. Preparai o meu carro, disse Jorão. Atrelaram os cavalos ao carro de Jorão, rei de Israel, e este partiu com Ocozias, rei de Judá, cada um em seu carro, para se encontrarem com Jeú, e o encontraram no campo de Nabot de Jezrael.
22. Ao vê-lo, Jorão perguntou-lhe. Tudo vai bem, Jeú? Como poderá ir tudo bem, enquanto durar a prostituição e a magia de Jezabel, tua mãe?
23. Então Jorão voltou as rédeas e fugiu, gritando a Ocozias: Traição, Ocozias!
24. Mas Jeú, retesando o arco, atingiu Jorão entre as espáduas, de modo que a flecha atravessou-lhe o coração e ele caiu morto no seu carro.
25. Jeú disse ao seu oficial Badacer: Toma-o e joga-o no campo de Nabot de Jezrael; pois deves estar lembrado do oráculo que pronunciou o Senhor contra ele, quando tu e eu, montados, seguíamos o seu pai Acab:
26. Tão certo como ontem vi correr o sangue de Nabot e o sangue de seus filhos – palavra do Senhor! – pagar-te-ei com a mesma moeda, neste mesmo campo – palavra do Senhor! Assim, pois, toma-o e joga-o neste campo, como o disse o Senhor.
27. Vendo isso, Ocozias, rei de Judá, fugiu para as banda de Betgã. Jeú lançou-se a persegui-lo, gritando: Também ele! Feriram-no em seu carro na subida de Gur, perto de Jeblaão. Ele fugiu para Magedo, e morreu ali.
28. Seus servos transportaram-no para Jerusalém em seu carro e sepultaram-no em seu túmulo com seus irmãos, na cidade de Davi.
29. Ocozias tornara-se rei de Judá no décimo primeiro ano de Jorão, filho de Acab.
30. Jeú fez a sua entrada em Jezrael. Jezabel, ao sabê-lo, pintou os olhos, adornou a cabeça e pôs-se a olhar, à janela.
31. Quando Jeú entrou pela porta, ela disse-lhe: Como vais, Zamri, assassino de seu amo?
32. Jeú levantou os olhos para a janela e disse: Quem está do meu lado? Quem? Dois ou três eunucos (inclinaram-se) e olharam para ele.
33. Atirai-a, daí abaixo, disse ele. Jogaram-na, e seu sangue salpicou as paredes e os cavalos; estes esmagaram-na aos pés.
34. Jeú entrou. Depois de ter comido e bebido, disse: Ide ver aquela mulher maldita, e sepultai-a, porque ela é de sangue real.
35. Foram para sepultá-la, mas só encontraram dela o crânio, os pés e as palmas das mãos.
36. Quando voltaram para dizê-lo a Jeú, este disse: Foi justamente este o oráculo que o Senhor pronunciou pela boca de seu servo Elias, o tesbita: no solo de Jesrael os cães devorarão a carne de Jezabel,
37. e seu cadáver estará sobre a terra como esterco derramado, de sorte que não se poderá dizer que era ela.

 
Capítulo 10

1. Havia em Samaria setenta filhos de Acab. Jeú escreveu uma carta e mandou-a à Samaria aos magistrados da cidade, aos anciãos e aos preceptores dos filhos de Acab.
2. Dizia na carta: Logo que receberdes esta carta, vós que tendes convosco os filhos de vosso soberano, como também carros, cavalos, uma cidade fortificada e armas,
3. escolhei o melhor e o mais qualificado dos filhos de vosso soberano e ponde-o no trono de seu pai. Em seguida, começai a luta pela casa de vosso soberano.
4. Eles, porém, muito atemorizados, disseram: Dois reis não o puderam enfrentar; como poderíamos nós resistir-lhe?
5. O prefeito do palácio, o comandante da cidade, os anciãos e os preceptores dos filhos de Acab mandaram a Jeú a resposta seguinte: Nós somos teus servos. Faremos tudo o que nos disseres; não elegeremos rei sobre nós. Faze como melhor te parecer.
6. Escreveu-lhes Jeú uma segunda carta, na qual dizia: Se estais do meu lado, se quereis obedecer às minhas ordens, tomai as cabeças dos filhos de vosso soberano e trazei-mas amanhã, a esta hora, a Jezrael. Os filhos do rei, que eram em número de setenta, encontravam-se na casa dos grandes da cidade, que os educavam.
7. Logo que lhes chegou a carta de Jeú, tomaram os setenta príncipes e massacraram-nos. Puseram em seguida as suas cabeças em cestos e mandaram-nas a Jeú, em Jezrael.
8. Um mensageiro viera anunciar que tinham trazido as cabeças dos filhos do rei. Jeú disse: Metei-as em dois montes, à porta da cidade, até amanhã cedo.
9. Chegando a manhã, saiu e, diante de todo o povo, disse: Vós sois justos. Eu conspirei contra o meu soberano e o matei. Mas, estes aqui, quem os feriu?
10. Ficai, pois, sabendo que não se perde nenhuma das palavras pronunciadas pelo Senhor contra a casa de Acab. O Senhor realizou o que ele havia predito pelo seu servo Elias.
11. Jeú feriu também todos os que restavam da casa de Acab em Jezrael, todos os seus principais oficiais, seus servos e seus sacerdotes, sem deixar sobreviver um sequer dentre eles.
12. Depois encaminhou-se para a Samaria. Chegando a Bet-Equed-Haroim, que está junto do caminho,
13. encontrou os irmãos de Ocozias, rei de Judá, e perguntou-lhes: Quem sois vós? Nós somos irmãos de Ocozias, responderam eles. Descemos para fazer uma visita aos filhos do rei e aos filhos da rainha.
14. Jeú ordenou: Tomai-os vivos! Tomaram-nos vivos e massacraram-nos junto da cisterna de Bet-Equed. De quarenta e dois que eram, Jeú não deixou sobreviver sequer um.
15. Deixando aquele lugar, Jeú encontrou Jonadab, filho de Recab, que vinha ao seu encontro. E saudou-o, dizendo: Teu coração é leal para comigo, como o é o meu para contigo? Sim, respondeu Jonadab. Então, dá-me tua mão. Ele deu-lha e Jeú fê-lo montar no seu carro junto dele.
16. Disse-lhe: Vem comigo: verás o zelo que tenho pelo Senhor.
17. E levou-o em seu carro. Tendo entrado em Samaria, exterminou todos os que restavam da casa de Acab. E destruiu-a completamente, como o Senhor tinha dito a Elias.
18. Jeú convocou todo o povo, e dirigiu-lhe a palavra nestes termos: Acab serviu um pouco a Baal: Jeú o servirá muito mais.
19. Convocai junto de mim todos os profetas de Baal, todos os seus fiéis, todos os seus sacerdotes. Não falte um só deles, pois quero oferecer a Baal um grande sacrifício. Todo aquele que faltar, perderá a vida. Mas isso era simplesmente um laço, para destruir todos os adoradores de Baal.
20. Depois dessa publicação, Jeú deu esta ordem: Publicai uma assembléia solene em honra de Baal.
21. Depois mandou mensageiros por todo o Israel para chamá-los e os adoradores de Baal compareceram todos; não faltou nenhum. Reuniram-se no templo de Baal, que ficou cheio de uma extremidade à outra.
22. Jeú disse ao guarda do vestiário: Dá vestes a todos os adoradores de Baal. O guarda distribuiu vestes a todos eles.
23. Jeú entrou no templo com Jonadab, filho de Recab, e disse aos adoradores de Baal: Vede bem que não haja convosco nenhum dos que servem ao Senhor, mas somente os adoradores de Baal.
24. Eles entraram, pois, para oferecer sacrifícios e holocaustos. Ora, Jeú postara oitenta homens do lado de fora, e dissera-lhes: Aquele dentre vós que deixar escapar um só destes homens que entrego nas vossas mãos, responderá com a própria vida pela do outro.
25. Terminados os holocaustos, ordenou Jeú aos guardas e aos oficiais: Entrai e feri-os! Não deixeis escapar nenhum deles! E assim caíram todos ao fio da espada. Depois disso, os guardas e oficiais lançaram fora (os cadáveres), entraram no santuário do templo de Baal,
26. tiraram dali o ídolo e o queimaram.
27. Derrubaram a estela de Baal e demoliram o templo, transformando-o em privadas, que ainda hoje existem.
28. Foi assim que Jeú exterminou Baal de Israel.
29. Todavia, não se desviou dos pecados de Joroboão, filho de Nabat, que levara Israel ao pecado, pois deixou subsistir os bezerros de ouro de Betel e de Dã.
30. O Senhor disse-lhe: Pois que fizeste o que é agradável aos meus olhos, tratando a casa de Acab como eu o queria, teus filhos ocuparão o trono de Israel durante quatro gerações.
31. Entretanto, Jeú não se aplicou a seguir, de todo o coração, a lei do Senhor, Deus de Israel. Não se desviou dos pecados que Jeroboão levara a cometer Israel.
32. Por aquele tempo, o Senhor começou a diminuir o território de Israel. Hazael derrotou-o em toda a fronteira,
33. desde o Jordão até o oriente. Submeteu toda a terra de Galaad, os gaditas, os rubenitas e os manasseítas, desde Aroer, que estava sobre a torrente do Arnon, isto é, a terra de Galaad e Basã.
34. O resto da história de Jeú, tudo o que ele fez, todos os seus feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
35. Jeú adormeceu com seus pais e foi sepultado em Samaria. Seu filho Joacaz sucedeu-lhe no trono.
36. Jeú reinou vinte e oito anos em Samaria.

 
Capítulo 11

1. Quando Atalia, mãe de Ocozias, viu morto o seu filho, decidiu exterminar toda a descendência real.
2. Josebá, porém, filha do rei Jorão e irmã de Ocozias, tomou Joás, filho de Ocozias, e fê-lo escapar do massacre dos filhos do rei, escondendo-o com sua ama de leite no quarto de dormir. Esconderam-no assim, de Atalia, de maneira que pôde escapar à morte.
3. Ele esteve seis anos oculto com Josebá no templo do Senhor, enquanto Atalia reinava sobre a terra.
4. No sétimo ano, Jojada convocou junto de si, no templo do Senhor, os centuriões dos cários e dos cursores. Fez com eles um pacto, e, depois de tê-los feito jurar no templo do Senhor, mostrou-lhes o filho do rei.
5. Eis o que haveis de fazer, ordenou-lhes ele: um terço dentre vós fará o serviço do sábado, montando guarda ao palácio real; um terço guardará a porta de Sur;
6. e um terço a porta que está por detrás dos guardas. Vigiai o palácio, de modo que ninguém possa entrar.
7. As duas companhias que terminarem sua semana, farão a guarda do templo do Senhor, junto do rei.
8. Estareis, de mãos armadas, à volta do rei, de maneira que, se alguém entrar em vossas fileiras, seja morto. Estareis sempre com o rei, onde quer que ele for.
9. Os centuriões executaram fielmente as ordens do sacerdote Jojada. Tomando cada um os seus homens, tanto os que começavam o serviço no sábado, como os que o terminavam, foram ter com o sacerdote Jojada.
10. Jojada deu-lhes as lanças e os escudos do rei Davi, que se encontravam no templo do Senhor.
11. Os guardas postaram-se, de mãos armadas, ao longo do altar e do templo, desde a extremidade sul até a extremidade norte do templo, à volta do rei.
12. Então Jojada fez sair o menino-rei, pôs-lhe a coroa na cabeça e entregou-lhe a Lei. Proclamaram-no rei, ungiram-no e todos o aplaudiram, gritando: Viva o rei!
13. Ouvindo Atalia o clamor que faziam os guardas e o povo, entrou no templo do Senhor, pelo meio da multidão.
14. E eis que espetáculo se ofereceu aos seus olhos: lá estava o rei, de pé no estrado, segundo o costume, tendo ao seu lado os chefes e as trombetas, enquanto o povo se alegrava, tocando as trombetas. Então ela rasgou as suas vestes, gritando: Traição, traição!
15. Mas o sacerdote Jojada ordenou aos centuriões que comandavam as tropas: Levai-a para fora, entre vossas fileiras, e se alguém quiser segui-la, feri-o com a espada. Porque o pontífice proibira que a matassem no templo do Senhor.
16. Lançaram-lhe as mãos e, ao chegarem ao palácio real pelo caminho da entrada dos cavalos, mataram-na ali.
17. Jojada fez entre o Senhor, o rei e o povo, uma aliança, segundo a qual o povo devia pertencer ao Senhor. Fez também uma aliança entre o rei e o povo.
18. Todo o povo entrou então no templo de Baal e o devastou; destruíram os altares, as imagens, e mataram o sacerdote de Baal, Matã, diante dos altares. O pontífice Jojada pôs guardas no templo do Senhor.
19. Tomou consigo os centuriões, os caritas, os guardas e todo o povo, e, levando o rei do templo do Senhor, entraram no palácio real pela porta das guardas, e Joás sentou-se no trono dos reis.
20. Todo o povo da terra se alegrou, e a cidade ficou em paz. No palácio real, porém, Atalia era passada ao fio da espada.

 
Capítulo 12

1. Joás tinha sete anos quando subiu ao trono. Começou a reinar no sétimo ano de Jeú e reinou durante quarenta anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Sébia, e era natural de Bersabéia.
2. Joás fez o que era bom aos olhos do Senhor, durante todo o tempo em que esteve sob a direção do sacerdote Jojada.
3. Todavia, não destruiu os lugares altos, e ali o povo continuava sacrificando e queimando incenso.
4. Joás disse aos sacerdotes: Todo o dinheiro consagrado, que for trazido ao templo do Senhor, assim como o dinheiro que for entregue por todo israelita recenseado, e o que provir do resgate das pessoas, após avaliação, como também os dons espontâneos oferecidos ao templo do Senhor,
5. recebam-no os sacerdotes, cada um receba-o dos seus clientes, e empreguem-no na reparação do edifício, onde quer que se encontre qualquer estrago.
6. Ora, no vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, os sacerdotes não tinham ainda feito restauração alguma no templo.
7. O rei chamou o sacerdote Jojada e os outros sacerdotes, e disse-lhes: Por que não fazeis vós a reparação do templo? Doravante não recebereis mais o dinheiro de vossos clientes, mas o entregareis para os reparos do templo.
8. Os sacerdotes consentiram em não mais receber o dinheiro do povo, e declinaram do cargo das reparações do edifício.
9. O sacerdote Jojada tomou um cofre, fez-lhe um buraco na tampa e colocou-o junto do altar, à direita da entrada do templo do Senhor. Os sacerdotes que guardavam a entrada do templo ali depositavam todo o dinheiro que era levado ao templo do Senhor.
10. Quando viam que havia muito dinheiro no cofre, vinha um escriba do rei com o sumo sacerdote, que recolhia e contava todo o dinheiro que se encontrava no templo do Senhor.
11. E uma vez pesado o dinheiro, era o mesmo entregue nas mãos dos que presidiam as obras do templo do Senhor. Estes empregavam-no pagando os carpinteiros e operários que trabalhavam nas reparações,
12. os pedreiros e canteiros, comprando a madeira e as pedras de cantaria necessárias às reparações, e cobrindo todas as despesas decorrentes dos trabalhos.
13. Não se faziam, porém, com esse dinheiro que era trazido ao templo do Senhor, taças, nem facas, nem bacias, nem trombetas, nem utensílio algum de ouro ou de prata;
14. mas era dado aos empreiteiros, que o empregavam nas reparações do templo do Senhor.
15. Não se pediam contas àqueles que recebiam o dinheiro destinado à paga dos operários, porque eram homens honestos.
16. Quanto ao dinheiro dos sacrifícios pelos delitos ou pelos pecados, não era levado à casa do Senhor, mas era dos sacerdotes.
17. Naquele tempo, Hazael, rei da Síria, sitiou Get e apoderou-se dela. Depois foi atacar Jerusalém.
18. Joás, porém, rei de Judá, tomando os objetos sagrados oferecidos pelos seus pais, Josafá, Jorão e Ocozias, reis de Judá, e os que ele mesmo tinha oferecido, assim como todo o ouro que se achava nas reservas do templo do Senhor e do palácio real, mandou tudo isso a Hazael, rei da Síria, o qual desistiu de sua campanha contra Jerusalém.
19. O resto da história de Joás, seus atos e seus grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
20. Seus servos levantaram-se, fizeram uma conspiração e assassinaram o rei em Bet-Milo, no declive de Sela.
21. Josacar, filho de Semaat, e Josabad, filho de Somer, seus criados, feriram-no, e ele morreu. Joás foi sepultado com seus pais na cidade de Davi. Seu filho Amasias sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 13

1. No vigésimo terceiro ano do reinado de Joás, filho de Ocozias, rei de Judá, Joacaz, filho de Jeú, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reinado durou dezessete anos.
2. Fez o mal aos olhos do Senhor, imitando os pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel; e não se desviou deles.
3. Por isso a cólera do Senhor acendeu-se contra Israel, e ele entregou-o nas mãos de Hazael, rei da Síria, e de Ben-Hadad, filho de Hazael, durante todo esse período.
4. Mas Joacaz rogou ao Senhor; e o Senhor, vendo como os filhos de Israel eram oprimidos pelo rei da Síria, ouviu-o,
5. e mandou aos israelitas um libertador. Libertados do poder do rei da Síria, puderam de novo habitar nas suas tendas.
6. Entretanto, não se apartaram dos pecados aos quais a casa de Jeroboão arrastara Israel, mas continuaram a cometê-los. E até mesmo o ídolo de asserá ficou de pé em Samaria.
7. Com efeito, o Senhor só deixou a Joacaz, como exército, cinqüenta cavaleiros, dez carros e dez mil soldados de infantaria; o rei da Síria lhe tinha aniquilado o resto e reduzido ao estado de pó, que se calça aos pés.
8. O resto da história de Joacaz, seus atos e grandes feitos, tudo está consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
9. Joacaz adormeceu com seus pais e foi sepultado em Samaria. Joás, seu filho, sucedeu-lhe no trono.
10. No trigésimo sétimo ano do reinado de Joás, rei de Judá, Joás, filho de Joacaz, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reino durou dezesseis anos.
11. Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se afastou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel, mas continuou a cometê-los.
12. O resto da história de Joás, seus atos e grandes feitos, a guerra que ele fez a Amasias, rei de Judá, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
13. Joás adormeceu com seus pais e Jeroboão sucedeu-lhe no trono. Joás foi sepultado em Samaria com os reis de Israel.
14. Eliseu fora atingido pela enfermidade de que devia morrer. Joás, rei de Israel, desceu para visitá-lo. (Inclinado) sobre o rosto do profeta, disse-lhe, chorando: Meu pai! Meu pai! Carro e cavalaria de Israel!
15. Eliseu disse-lhe: Traze-me um arco e flechas. Joás trouxe-lhe um arco e flechas.
16. Põe a tua mão no arco. Tendo-o ele feito, Eliseu pôs suas mãos nas do rei,
17. dizendo: Abre a janela do lado do oriente. Joás abriu-a. Lança uma flecha, disse Eliseu. Ele lançou. Flecha de vitória para o Senhor, disse o profeta; flecha de vitória contra os sírios. Baterás os sírios em Afec até exterminá-los.
18. E ajuntou: Toma as flechas. Joás tomou-as. Fere a terra. O rei desfechou três golpes e parou.
19. O homem de Deus encolerizou-se contra ele, e disse: Seria preciso dar cinco ou seis golpes. Terias então batido os sírios até exterminá-los. Agora, porém, só os baterás três vezes!
20. Eliseu morreu e foi sepultado. Guerrilheiros moabitas faziam cada ano incursões na terra.
21. Ora, aconteceu que um grupo de pessoas, estando a enterrar um homem, viu uma turma desses guerrilheiros e jogou o cadáver no túmulo de Eliseu. O morto, ao tocar os ossos de Eliseu, voltou à vida, e pôs-se de pé.
22. Hazael, rei da Síria, tinha oprimido os filhos de Israel durante toda a vida de Joacaz.
23. Mas o Senhor compadeceu-se deles e usou de misericórdia para com eles; e deu-lhes de novo a sua graça, por causa de sua aliança com Abraão, Isaac e Jacó. O Senhor não os quis aniquilar, nem rejeitá-los de sua face.
24. Hazael, rei da Síria, morreu, e seu filho Ben-Hadad sucedeu-lhe no trono.
25. Joás, filho de Joacaz, retomou das mãos de Ben-Hadad, filho de Hazael, as cidades que este havia arrebatado ao seu pai. Joás bateu-o três vezes, e reconquistou as cidades de Israel.

 
Capítulo 14

1. No segundo ano do reinado de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel, Amasias, filho de Joás, rei de Judá, tornou-se rei.
2. Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Joadã, e era natural de Jerusalém.
3. Fez o que é bom aos olhos do Senhor; mas não tanto como o seu antepassado Davi. Seguiu todas as pisadas de seu pai Joás.
4. Os lugares altos, porém, não desapareceram, e o povo continuava sacrificando e oferecendo incenso nos mesmos.
5. Logo que se firmou o seu reinado, mandou matar todos os seus servos que tinham assassinado o rei, seu pai.
6. Mas não matou os filhos dos assassinos, conforme está escrito no livro da lei de Moisés, onde o Senhor deu este mandamento: Não morrerão os pais pelos filhos, nem os filhos pelos pais: cada um morrerá pelo seu próprio pecado.
7. Amasias derrotou os edomitas no vale do Sal, matando-lhes dez mil homens. Tomou de assalto a cidade de Sela, e deu-lhe o nome de Jecteel, nome que conserva até o dia de hoje.
8. Amasias mandou mensageiros a Joás, filho de Joacaz, filho de Jeú, rei de Israel, para dizer-lhe: Vem, e nos veremos face a face!
9. Joás, rei de Israel, respondeu a Amasias, rei de Judá: O espinho do Líbano mandou dizer ao cedro do Líbano: Dá a tua filha por mulher ao meu filho. Mas os animais selvagens do Líbano passaram e esmagaram o espinho.
10. Porque bateste os edomitas, o teu coração inchou-se de orgulho. Contenta-te com essa glória e fica em tua casa. Por que queres ir ao encontro do mal, e arriscar perder-te, tu, e Judá contigo?
11. Mas Amasias de nada quis saber. Então o rei de Israel pôs-se a caminho, e encontraram-se ele e Amasias, rei de Judá, em Betsames, cidade de Judá.
12. Judá foi derrotado por Israel e cada um fugiu para a sua tenda.
13. Joás, rei de Israel, capturou em Betsames Amasias, rei de Judá, filho de Joás, filho de Ocozias. Foi a Jerusalém e abriu uma brecha de quatrocentos côvados nos muros da cidade, desde a porta de Efraim até a porta do ângulo.
14. Tomou todo o ouro e prata, e todos os utensílios que se encontravam no templo do Senhor e nas reservas do palácio real, e voltou para Samaria, levando reféns consigo.
15. O resto da história de Joás, seus atos e grandes feitos, a guerra que fez a Amasias, rei de Judá, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
16. Joás adormeceu com seus pais e foi sepultado em Samaria com os reis de Israel. Seu filho Jeroboão sucedeu-lhe no trono.
17. Amasias, filho de Joás, rei de Judá, viveu ainda quinze anos depois da morte de Joás, filho de Joacaz, rei de Israel.
18. O resto da história de Amasias está consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
19. Tendo sido tramada contra ele uma conspiração em Jerusalém, Amasias fugiu para Laquis. Mas perseguiram-no até ali e ele foi morto.
20. Transportaram depois o seu corpo a Jerusalém, em cima de cavalos, e sepultaram-no com seus pais na cidade de Davi.
21. Então todo o povo de Judá tomou Azarias, que tinha a idade de dezesseis anos, e pô-lo como rei em lugar de seu pai Amasias.
22. Ele reconstruiu Elat e restituiu-a ao domínio de Judá, depois que o rei adormecera com seus pais.
23. No décimo quinto ano do reinado de Amasias, filho de Joás, rei de Judá, Jeroboão, filho de Joás, tornou-se rei de Israel, em Samaria.
24. Seu reino durou quarenta e um anos. Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel.
25. Restabeleceu as fronteiras de Israel desde a entrada de Emat até o mar da Planície, conforme tinha o Senhor anunciado pela boca de seu servo Jonas, filho de Amati, que era natural de Get-Hefer.
26. O Senhor vira, com efeito, a amargosíssima aflição de Israel, que a todos tinha consumido, pequenos e grandes, e não havia ninguém para socorrer Israel.
27. O Senhor não tinha ainda resolvido apagar o nome de Israel de sob os céus, e por isso libertou-o pelas mãos de Jeroboão, filho de Joás.
28. O resto da história de Jeroboão, seus atos e façanhas guerreiras, o modo como reconquistou Damasco e Emat de Judá para Israel, tudo isso se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
29. Jeroboão adormeceu com seus pais, os reis de Israel. Seu filho Zacarias sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 15

1. No vigésimo sétimo ano de Jeroboão, rei de Israel, Azarias, filho de Amasias, rei de Judá, tornou-se rei.
2. Tinha dezesseis anos quando começou a reinar, e reinou durante cinqüenta e dois anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Jequelia, e era natural de Jerusalém.
3. Fez o que era bom aos olhos do Senhor, seguindo fielmente as pisadas de seu pai Amasias.
4. Todavia, os lugares altos não desapareceram. O povo continuava sacrificando e oferecendo perfumes nos mesmos.
5. O Senhor feriu de lepra o rei, e ele ficou leproso até o dia de sua morte, vivendo numa casa afastada. Joatão, filho do rei, administrava o palácio e governava a terra.
6. O resto da história de Azarias, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
7. Azarias adormeceu com seus pais e foi sepultado com eles na cidade de Davi. Seu filho, Joatão, sucedeu-lhe no trono.
8. No trigésimo oitavo ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Zacarias, filho de Jeroboão, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reinado durou seis meses.
9. Fez o mal aos olhos do Senhor, como tinham feito seus pais, e não se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel.
10. Selum, filho de Jabes, conspirou contra ele e assassinou-o à vista do povo, sucedendo-lhe no trono.
11. O resto da história de Zacarias acha-se consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
12. Assim se cumpria o que o Senhor dissera a Jeú: Teus descendentes ocuparão o trono de Israel durante quatro gerações. E realmente assim sucedeu.
13. No trigésimo nono ano do reinado de Ozias, rei de Judá, Selum, filho de Jabes, tornou-se rei em Samaria. Seu reinado durou um mês.
14. Manaém, filho de Gadi, subiu de Tersa, foi à Samaria, e assassinou Selum, filho de Jabes, sucedendo-lhe no trono.
15. O resto da história de Selum e a conspiração que tramou, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
16. Manaém, que subira de Tersa, devastou Tapsa e seu território, e matou todos os seus habitantes, porque não lhe tinham franqueado as portas; arrasou a cidade e rasgou pelo meio o ventre de todas as mulheres grávidas.
17. No trigésimo nono ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Manaém, filho de Gadi, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reino durou dez anos.
18. Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se afastou de nenhum dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel.
19. Ful, rei da Assíria, veio então contra Israel. Manaém deu-lhe mil talentos de prata para que o ajudasse a consolidar seu poder.
20. Manaém requereu essa contribuição para o rei da Assíria de todos os grandes proprietários de Israel, à razão de cinqüenta siclos de prata por pessoa. Então o rei da Assíria retirou-se sem demora da terra.
21. O resto da história de Manaém, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
22. Manaém adormeceu com seus pais, e seu filho, Pecaia, sucedeu-lhe no trono.
23. No qüinquagésimo ano do reinado de Azarias, rei de Judá, Pecaia, filho de Manaém, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reinado durou dois anos.
24. Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se apartou dos pecados de Joroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel.
25. Pecá, filho de Romelia, um de seus oficiais, conspirou contra ele e assassinou-o em Samaria na torre do palácio real, juntamente com Argob e Arié, tendo com ele cinqüenta galaaditas. Matou-o e ficou reinando em seu lugar.
26. O resto da história de Pecaia, seus atos e grandes feitos, tudo se acha, consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
27. No qüinquagésimo segundo ano do reinado de Azaria, rei de Judá, Pecá, filho de Romelia, tornou-se rei de Israel em Samaria.
28. Fez o mal aos olhos do Senhor, e não se apartou dos pecados de Jeroboão, filho de Nabat, que fizera pecar Israel.
29. No tempo de Pecá, rei de Israel, Teglat-Falasar, rei da Assíria, veio e apoderou-se de Ajon, tomando também Abel-Bet-Macaa, Janoé, Cedes, Asor, Galaad, Galiléia e toda a terra de Neftali, e deportou todos os seus habitantes para a Assíria.
30. Oséias, filho de Ela, conspirou contra Pecá, filho de Romelia, e assassinou-o, sucedendo-lhe no trono, no vigésimo ano do reinado de Joatão, filho de Ozias.
31. O resto da história de Pecá, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Israel.
32. No segundo ano do reinado de Pecá, filho de Romelia, rei de Israel, Joatão, filho de Ozias, rei de Judá, tornou-se rei.
33. Tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar, e reinou dezesseis anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Jerusa, filha de Sadoc.
34. Ele fez o que era bom aos olhos do Senhor e seguiu em tudo as pisadas de seu pai Ozias.
35. Todavia, não desapareceram os lugares altos. O povo continuava sacrificando e queimando incenso ali. Joatão edificou a porta superior do templo do Senhor.
36. O resto da história de Joatão, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
37. Foi nesse tempo que o Senhor começou a excitar contra Judá o rei da Síria, Rasin, e Pecá, filho de Romelia.
38. Joatão adormeceu com seus pais e foi sepultado com eles na cidade de Davi, seu pai. Seu filho Acaz sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 16

1. No ano dezessete do reinado de Pecá, filho de Romelia, Acaz, filho de Joatão, rei de Judá, começou a reinar.
2. Tinha vinte anos quando começou a reinar, e reinou durante dezesseis anos em Jerusalém; não fez o que era bom aos olhos do Senhor, seu Deus, como Davi, seu pai, mas seguiu as pegadas dos reis de Israel.
3. Chegou até a passar seu filho pelo fogo, segundo o abominável costume dos povos que o Senhor tinha expulsado de diante dos filhos de Israel.
4. Oferecia sacrifícios e incenso nos lugares altos, nas colinas e debaixo de toda árvore frondosa.
5. Então Rasin, rei da Síria, e Pecá, filho de Romelia, rei de Israel, subiram e atacaram Jerusalém; cercaram Acaz, mas não o puderam vencer.
6. Por aquele mesmo tempo, Rasin, rei da Síria, restituiu Elat aos edomitas, depois de ter expulsado dela os filhos de Judá, e os edomitas voltaram a Elat, onde estão até o dia de hoje.
7. Acaz tinha enviado delegados a Teglat-Falasar, rei da Assíria para dizer-lhe: Eu sou teu servo e teu filho. Vem e livra-me das mãos do rei da Síria e do rei de Israel, que se coligaram contra mim.
8. Acaz tomou a prata e o ouro que se encontravam no templo do Senhor e nas reservas do palácio real, e mandou-os de presente ao rei da Assíria.
9. Este aquiesceu ao seu pedido: atacou Damasco e apoderou-se dela. Deportou a sua população para Quir e matou Rasin.
10. O rei Acaz foi a Damasco para entrevistar-se com Teglat-Falasar, rei da Assíria. Vendo o altar que se encontrava em Damasco, o rei Acaz mandou ao sacerdote Urias um modelo detalhado do mesmo com todas as suas dimensões.
11. Urias construiu um altar exatamente conforme ao desenho que o rei Acaz lhe enviara de Damasco, e terminou-o antes que o rei voltasse.
12. Quando o rei chegou de Damasco e viu o altar, aproximou-se e subiu a ele.
13. Queimou nele o seu holocausto e sua oblação, derramou libações e espargiu o sangue de seus sacrifícios pacíficos.
14. Quanto ao altar de bronze que estava diante do Senhor, tirou-o de diante do templo, entre o altar novo e o templo, e pô-lo ao norte do novo altar.
15. Depois ordenou ao sacerdote Urias: Queimarás no grande altar o holocausto da manhã e a oblação da tarde, o holocausto do rei e a sua oblação, o holocausto do povo e a sua oblação, e derramarás sobre ele todo o sangue dos holocaustos e dos sacrifícios. Quanto ao altar de bronze, deliberarei eu depois.
16. O sacerdote Urias fez tudo o que lhe ordenara o rei Acaz.
l7 Além disso, desmontou o rei Acaz os quadros e os pedestais e tirou de cima as bacias; desceu o mar de bronze de cima dos bois de bronze que o suportavam e pô-lo sobre um suporte de pedra.
l8 Tirou também do templo do Senhor, por causa do rei da Assíria, o pórtico do sábado que fora construído no edifício, e a entrada exterior do rei.
19. O resto da história de Acaz, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
20. Acaz adormeceu com seus pais e foi sepultado com eles na cidade de Davi. Seu filho Ezequias sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 17

1. No décimo segundo ano do reinado de Acaz, rei de Judá,Oséias, filho de Ela, tornou-se rei de Israel em Samaria. Seu reinado durou nove anos.
2. Fez o mal aos olhos do Senhor, mas não tanto como seus predecessores no trono de Israel.
3. Salmanasar, rei da Assíria, atacou-o e Oséias ficou-lhe submisso, pagando-lhe tributo.
4. Mas tendo o rei da Assíria descoberto uma conspiração tramada por Oséias, o qual enviara mensageiros a Sua, rei do Egito, e cessara de pagar o tributo anual ao rei da Assíria, tomou-o e o pôs em grilhões numa prisão.
5. Depois atacou Samaria e assediou-a por três anos.
6. No ano nono do reinado de Oséias, o rei da Assíria apoderou-se de Samaria e deportou os israelitas para a Assíria, estabelecendo-os em Hala, às margens do Habor, rio de Gozan, e nas cidades da Média. Causas da ruína de Israel
7. Assim aconteceu porque os filhos de Israel tinham pecado contra o Senhor, seu Deus, que os tinha tirado do Egito e libertado da opressão do faraó, rei dos egípcios. Eles adoraram outros deuses,
8. adotaram os costumes das nações que o Senhor tinha expulsado diante dos israelitas e seguiram os costumes estabelecidos pelos reis de Israel.
9. Os israelitas ofenderam o Senhor, seu Deus, com ações más, e estabeleceram lugares altos em todas as suas localidades, desde a simples torre de guarda até a cidade fortificada.
10. Erigiram estelas e ídolos Asserás em todos os outeiros e debaixo de toda árvore frondosa.
11. Queimaram incenso nesses lugares altos, como as nações que o Senhor tinha despojado diante deles, e irritaram o Senhor com suas práticas abomináveis,
12. adorando ídolos, embora o Senhor lhes tivesse dito: Não fareis tal coisa.
13. O Senhor tinha advertido Israel e Judá pela boca de seus profetas e videntes: Renunciai às vossas más ações; guardai meus mandamentos e minhas leis; observai toda a lei que prescrevi a vossos pais e que vos transmiti pelos meus servos, os profetas.
14. Mas eles não o quiseram ouvir, e endureceram o seu coração, como o tinham feito seus pais, que se tornaram infiéis ao Senhor, seu Deus.
15. Desprezaram os seus preceitos e a aliança estabelecida com seus pais, não atenderam às advertências que lhes tinha feito, e seguiram as vaidades, tornando-se eles mesmos vaidades; apesar de ter-lhes o Senhor proibido seguir as pisadas dos povos que os cercavam,
16. abandonaram todos os mandamentos do Senhor, seu Deus, fabricaram para si dois bezerros de metal fundido e ídolos Asserás, prostraram-se diante de todo o exército dos céus, prestaram culto a Baal,
17. fizeram passar pelo fogo seus filhos e filhas, entregaram-se à adivinhação, à bruxaria; enfim, abandonaram-se inteiramente a tudo o que desagradava ao Senhor, irritando-o.
18. Por isso, o Senhor ficou profundamente indignado contra os israelitas e lançou-os para longe de sua face. Só a tribo de Judá subsistiu.
19. Mas nem mesmo Judá observou os mandamentos do Senhor, seu Deus, e seguiu os costumes de Israel.
20. O Senhor rejeitou, pois, toda a linhagem de Israel, humilhou-a e a entregou nas mãos dos saqueadores até que fosse completamente banida de sua presença.
21. Israel tinha se separado da casa de Davi e tinha proclamado como seu rei a Jeroboão, filho de Nabat, que desviara o seu povo do culto do Senhor e o fizera cair num grande pecado.
22. Os israelitas andaram em todos os pecados que Jeroboão tinha cometido, e não se afastaram deles,
23. até o dia em que o Senhor os baniu de sua presença, como tinha anunciado pela boca dos profetas, seus servos. Os israelitas foram, pois, deportados para longe de sua terra, para a Assíria, onde ainda estão atualmente.
24. O rei da Assíria mandou vir gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Emat, de Sefarvaim, e pô-la em lugar dos israelitas nas cidades da Samaria. Estes colonos tomaram posse da Samaria e instalaram-se em suas cidades.
25. Mas como eles não prestavam culto ao Senhor, quando começaram a habitar ali, o Senhor mandou leões contra eles que os devoravam.
26. Foram então avisar o rei da Assíria: Os povos que transferiste para as cidades da Samaria não sabem como honrar o deus daquela terra. Por isso esse deus mandou contra eles leões que os devoram, porque ignoram o culto do deus da terra.
27. O rei da Assíria ordenou o seguinte: Mandai para lá um dos sacerdotes que deportastes, a fim de que ele se estabeleça ali e ensine (ao povo) a maneira de servir o deus da região.
28. Foi, pois, um dos sacerdotes deportados da Samaria e instalou-se em Betel, onde ensinava ao povo como deviam adorar o Senhor.
29. (Apesar disso) cada nação conservou o seu próprio deus, que colocou nos santuários dos lugares altos estabelecidos pelos samaritanos; cada povo colocou os seus deuses no lugar em que habitava.
30. Os babilônios fizeram uma estátua de Socot-Benot; os de Cuta, uma de Nergal; os de Emat, uma de Ásima;
31. os de Ava, uma de Nebaaz e uma de Tartac; os de Sefarvaim queimavam seus filhos em honra de Adramelec e de Anamelec, seus deuses.
32. Adoravam também o Senhor, mas constituíram sacerdotes para os lugares altos, tirados dentre o povo, os quais oficiavam por eles nos santuários dos lugares altos.
33. Desse modo, adoravam o Senhor, e ao mesmo tempo prestavam culto aos seus próprios deuses, segundo o costume das nações de onde tinham sido transportados.
34. Ainda hoje seguem os seus antigos costumes; não temem o Senhor, não observam suas leis, nem suas ordenações, nem a lei e os mandamentos que o Senhor deu aos filhos daquele Jacó, a quem deu o nome de Israel.
35. O Senhor tinha feito com eles uma aliança e lhes tinha dado a seguinte ordem: Não adorareis outros deuses, nem vos prostrareis diante deles; não lhes prestareis culto, e não lhes oferecereis sacrifícios.
36. Mas temei ao Senhor que vos tirou do Egito com o poder de seu braço. A ele temereis, diante dele vos prostrareis e a ele oferecereis os vossos sacrifícios.
37. Obedecereis sempre, e cuidadosamente, os preceitos, os estatutos, a lei e os mandamentos que ele vos deu por escrito. Não adorareis outros deuses.
38. Não vos esquecereis do tratado que fiz convosco: não adorareis outros deuses.
39. Ao Senhor, vosso Deus, temereis, e ele vos livrará das mãos de todos os vossos inimigos.
40. Eles, porém, não obedeceram, e seguiram os seus antigos costumes.
41. Adoraram o Senhor, mas honravam ao mesmo tempo os seus ídolos. Ainda hoje fazem seus filhos e seus netos como fizeram seus pais.

 
Capítulo 18

1. No terceiro ano do reinado de Oséias, filho de Ela, rei de Israel, Ezequias, filho de Acaz, rei de Judá, começou a reinar.
2. Tinha vinte e cinco anos quando subiu ao trono, e reinou durante vinte e nove anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Abi, filha de Zacarias.
3. Fez o que é bom aos olhos do Senhor, como Davi, seu pai.
4. Destruiu os lugares altos, quebrou as estelas e cortou os ídolos de pau asserás. Despedaçou a serpente de bronze que Moisés tinha feito, porque os israelitas tinham até então queimado incenso diante dela. (Chamavam-na Nehustã).
5. Ezequias pusera sua confiança no Senhor, Deus de Israel; não houve outro como ele, entre todos os reis de Judá, tanto entre os predecessores como entre seus sucessores.
6. Conservou-se unido ao Senhor, e nunca se desviou dele, e observou todos os mandamentos que o Senhor prescreveu a Moisés.
7. Por isso o Senhor esteve com ele e fê-lo bem sucedido em todos os seus empreendimentos. Ezequias rebelou-se contra o rei da Assíria e livrou-se de sua soberania.
8. Bateu os filisteus até Gaza, devastando o seu território desde as simples torres de guarda, até as cidades fortificadas.
9. No quarto ano do reinado de Ezequias, que correspondia ao sétimo do reinado de Oséias, filho de Ela, rei de Israel, Salmanasar, rei da Assíria, veio e sitiou Samaria.
10. No fim de três anos apoderou-se dela. Samaria foi tomada no sexto ano de Ezequias, que correspondia ao nono ano do reinado de Oséias, rei de Israel.
11. O rei da Assíria deportou os israelitas para a Assíria, e instalou-os em Hala, às margens do Habor, rio de Gozã, e nas cidades da Média.
12. Assim aconteceu porque eles não tinham escutado a voz do Senhor, seu Deus, mas tinham quebrado a sua aliança, recusando-se a ouvir e executar o que ordenara Moisés, servo do Senhor.
l3 No décimo quarto ano do reinado de Ezequias, Senaquerib, rei da Assíria, veio e atacou todas as cidades fortes de Judá. tomando-as de assalto.
14. Então Ezequias, rei de Judá, mandou dizer ao rei da Assíria em Laquis: Cometi uma falta. Deixa de me atacar. Eu me submeterei a tudo o que me impuseres. O rei da Assíria impôs a Ezequias, rei de Judá, uma contribuição de trezentos talentos de prata e trinta talentos de ouro.
15. Ezequias entregou todo o dinheiro que se encontrava no templo do Senhor e nas reservas do palácio real.
16. Tirou também o revestimento de ouro que ele mesmo havia posto nas portas do templo do Senhor, e entregou tudo ao rei da Assíria.
17. O rei da Assíria enviou de Laquis contra Ezequias, em Jerusalém, o general do exército, o chefe dos eunucos e o copeiro-mor com um poderoso exército. Chegando a Jerusalém, detiveram-se no alto da costa, junto ao aqueduto do reservatório superior, que se encontra no caminho do campo do Pisoeiro.
18. E mandaram chamar ali o rei. Eliacim, filho de Helcias, prefeito do palácio, foi ter com eles, levando consigo o escriba Sobna e o cronista Joaé, filho de Asaf.
19. O copeiro-mor disse-lhe: Isto direis a Ezequias: Assim fala o grande rei, o rei da Assíria: De onde te vem tanta confiança?
20. Só dizes palavras vãs; o que se precisa na guerra é de prudência e bravura. Em que confias, para te revoltares contra mim?
21. Já sei: pões tua confiança no Egito, esse caniço rachado que fere e traspassa a mão de quem nele se apóia; assim é o faraó, rei do Egito, para todos os que nele confiam.
22. Dir-me-eis, sem dúvida, que vossa confiança está no Senhor, vosso Deus. Mas não é ele mesmo aquele deus, cujos altares e lugares altos Ezequias destruiu, dizendo aos homens de Judá e de Jerusalém: Só diante deste altar em Jerusalém vos prostrareis?
23. Faze, pois, um tratado com o meu soberano, o rei da Assíria, e eu te darei dois mil cavalos, se tiveres cavaleiros para os montar.
24. Como poderás resistir diante de um só dos menores oficiais do meu soberano? Esperas que o Egito te forneça carros e cavaleiros?
25. E mesmo porque foi porventura sem o consentimento do Senhor que eu ataquei esta cidade para destruí-la? Foi o Senhor quem me disse: Ataca e destrói esta terra.
26. Eliacim, filho de Helcias, o escriba Sobna e Jael disseram ao copeiro-mor: Fala aos teus servos em aramaico, dialeto que compreendemos; não nos fales em hebraico, pois nos pode ouvir a multidão que está sobre a muralha.
27. Mas o copeiro-mor replicou-lhe: Foi por acaso (unicamente) ao teu soberano e a ti que meu soberano me mandou dizer estas coisas? Não foi antes a toda essa multidão que está sobre os muros e está reduzida, como vós, a comer seus escrementos e a beber sua urina?
28. Então o copeiro-mor avançou e pôs-se a gritar em hebraico: Ouvi o que diz o grande rei, o rei da Assíria!
29. Isto diz o rei: Não vos deixeis seduzir por Ezequias; ele não vos poderá livrar de minhas mãos.
30. Não vos leve Ezequias a confiar no Senhor, dizendo que o Senhor vos livrará e que esta cidade não cairá nas mãos do rei da Assíria!
31. Não deis ouvidos ao rei Ezequias! Eis o que vos diz o rei da Assíria: Fazei a paz comigo. Rendei-vos, e cada um de vós poderá comer os frutos de sua vinha e de sua figueira, e beber a água do seu poço,
32. até que eu venha e vos leve para uma terra semelhante à vossa, terra fértil em trigo e em vinho, terra de pão e de vinhas, terra de olivais, de óleo e de mel. Assim salvareis a vossa vida, sem temor de morrer. Não deis ouvidos a Ezequias, pois ele vos engana quando vos diz que o Senhor vos livrará!
33. Puderam porventura os deuses das outras nações livrá-las das mãos do rei da Assíria?
34. Onde estão os deuses de Emat e de Arfad? Onde estão os deuses de Sefarvaim, de Ana e de Ava? Livraram eles Samaria de minhas mãos?
35. Quais são, entre todos os deuses dessas terras, os que salvaram o seu próprio país de minhas mãos, para que o Senhor possa salvar Jerusalém?
36. O povo ouviu em silêncio; não lhe respondeu uma só palavra, porque o rei ordenara que não respondessem.
37. Eliacim, filho de Helcias, prefeito do palácio, o escriba Sobna e o cronista Joaé, filho de Asaf, voltaram a Ezequias com as vestes rasgadas e referiram-lhe as palavras do copeiro-mor.

 
Capítulo 19

1. Ouvindo isso, o rei Ezequias rasgou as vestes, cobriu-se de um saco e foi ao templo do Senhor.
2. Mandou o prefeito do palácio, Eliacim, o escriba Sobna e os deães dos sacerdotes, revestidos de sacos, ao profeta Isaías, filho de Amós,
3. para dizer-lhe: Eis o que diz Ezequias: Hoje é um dia de angústia, de castigo e de opróbrio. Os filhos estão a ponto de nascer, e não há força para dá-los à luz.
4. O Senhor, teu Deus, talvez tenha ouvido as palavras do copeiro-mor, enviado pelo rei da Assíria, seu soberano, para insultar o Deus vivo, e talvez o vá punir pelas palavras que ele ouviu. Roga, pois, por esse resto que ainda subsiste!
5. Os servos do rei Ezequias foram ter com Isaías, e este lhes respondeu: Eis o que diz o Senhor:
6. Não te assustes com as palavras que ouviste e com os ultrajes que proferiram contra mim os servos do rei da Assíria.
7. Vou enviar-lhe um espírito que, ao receber uma certa notícia, o fará voltar à sua terra, onde o farei perecer pela espada.
8. O copeiro-mor, sabendo que o rei da Assíria tinha deixado Laquis, voltou para junto do seu soberano, e o encontrou sitiando Lobna.
9. O rei ouviu dizer de Taraca, rei da Etiópia: Ele acaba de sair para combater contra ti. Senaquerib mandou novamente mensageiros a Ezequias para dizer-lhe:
10. Isto direis a Ezequias, rei de Judá: Não te deixes enganar pelo Deus no qual puseste a tua confiança, pensando que Jerusalém não será entregue nas mãos do rei da Assíria.
11. Ouviste contar como os reis da Assíria trataram todos os países, e como os devastaram: só tu, pois, haverias de escapar?
12. As nações que meus antepassados aniquilaram, Gosã, Harã, Esef, e os filhos de Eden, que estavam em Telasar, foram porventura libertados pelos seus deuses?
13. Onde estão o rei de Emat, o rei de Arfad, os reis de Sefarvaim, de Ana e de Ava?
14. Ezequias tomou a carta das mãos dos mensageiros e leu-a; subiu depois ao templo e abriu-a diante do Senhor,
15. rogando-lhe: Senhor, Deus de Israel, que estais sentado sobre querubins, só vós sois o Deus de todos os reinos da terra. Vós fizestes os céus e a terra.
16. Inclinai, Senhor, os vossos ouvidos e ouvi! Abri, Senhor, os vossos olhos e vede! Ouvi a mensagem de Senaquerib, que mandou blasfemar o Deus vivo!
17. É verdade, Senhor, que os reis da Assíria destruíram as nações e devastaram os seus territórios,
18. atirando ao fogo os seus deuses, mas isso porque não eram deuses, e sim objetos feitos pelas mãos do homem, objetos de madeira e de pedra: por isso foram destruídos.
19. Mas vós, Senhor, nosso Deus, salvai-nos agora das mãos de Senaquerib, a fim de que todos os povos da terra saibam que vós, o Senhor, sois o único Deus.
20. Isaías, filho de Amós, mandou dizer a Ezequias: Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Ouvi a oração que me fizeste a respeito de Senaquerib, rei da Assíria.
21. Eis o oráculo do Senhor contra ele: A virgem, filha de Sião, despreza-te e zomba de ti. A filha de Jerusalém meneia a cabeça por trás de ti.
22. A quem insultaste e ultrajaste? Contra quem elevaste a voz e olhaste por cima dos ombros? Contra o Santo de Israel!
23. Por meio de teus mensageiros insultaste o Senhor e disseste: Com a multidão dos meus carros subirei ao cimo dos montes, aos cumes longínquos do Líbano. Abaterei os seus cedros mais altos, seus ciprestes mais belos. Penetrarei até os últimos limites do seu bosque mais espesso.
24. Cavarei e beberei água estrangeira. Com a planta de meus pés ressecarei todos os canais do Egito.
25. Ignoras que desde o princípio preparei o que acontecerá? Desde remotos tempos decidi o que agora realizarei: Reduzirei a ruínas e escombros cidades fortificadas.
26. Seus habitantes ficarão sem forças; serão tomados de pavor e confusão, ficarão semelhantes à erva das pastagens, ao capim dos telhados, aos frutos atingidos pela longa estiagem.
27. Eu sei quando te sentas, quando sais e quando entras, e conheço teus furores contra mim.
28. Porque ficaste furioso contra mim. E subiram aos meus ouvidos as tuas insolências, porei argola em teu nariz e freio em tua boca, e te forçarei a voltar pelo caminho por onde vieste.
29. E eis o que te servirá de sinal: Este ano se come restolhos; no ano que vem, aquilo que nascer sozinho; no terceiro ano, porém, semeareis e colhereis, plantareis vinhas e comereis os seus frutos.
30. O resto, que subsistir da casa de Judá, lançará novas raízes no solo e produzirá frutos no alto.
31. Pois de Jerusalém surgirá um resto e do monte Sião sobreviventes. Eis o que fará o zelo do Senhor dos exércitos.
32. Por isso, eis o oráculo do Senhor ao rei da Assíria: Não entrará nesta cidade nem atirará flechas contra ela, não lhe oporá escudo nem a cercará de trincheiras.
33. Mas voltará pelo caminho por onde veio, sem entrar na cidade – oráculo do Senhor.
34. Protegerei esta cidade para salvá-la, por minha causa e de Davi, meu servo.
35. Ora, nessa mesma noite o anjo do Senhor apareceu no campo dos assírios e feriu cento e oitenta e cinco mil homens. No dia seguinte pela manhã só havia cadáveres.
36. Senaquerib, rei da Assíria, retirou-se, tomou o caminho de sua terra e deteve-se em Nínive.
37. Certo dia, estando ele prostrado no templo de Nesroc, seu deus, seus filhos Adramelec e Sarasar assassinaram-no a golpes de espada e fugiram para a terra de Ararat. Seu filho Assaradon sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 20

1. Naquele tempo, Ezequias foi atingido por uma enfermidade mortal. Veio o profeta Isaías, filho de Amós, ter com ele e disse-lhe: Eis o que diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque vais morrer; não sararás.
2. Então Ezequias voltou-se para o lado da parede e orou ao Senhor, dizendo:
3. Senhor, lembrai-vos de que andei fielmente diante de vós, e de que com lealdade de coração fiz o que é bom aos vossos olhos. E, dizendo isso, derramava abundantes lágrimas.
4. Isaías não tinha ainda deixado o átrio interior, quando a palavra do Senhor lhe foi dirigida nestes termos:
5. Volta e dize a Ezequias, chefe de meu povo: Eis o que diz o Senhor, Deus de Davi, teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas. Por isso vou curar-te. Dentro de três dias subirás ao templo do Senhor.
6. Vou acrescentar quinze anos aos dias de tua vida; além disso, salvar-te-ei, a ti e a esta cidade, das mãos do rei da Assíria, e protegerei esta cidade por amor de mim mesmo e de Davi, meu servo.
7. Então disse Isaías: Trazei-me massa de figos. Trouxeram-na. Aplicou-a sobre a úlcera, e o rei ficou são.
8. Ezequias disse a Isaías: Qual o sinal de que o Senhor me curou e de que poderei subir ao templo dentro de três dias?
9. Isaías respondeu-lhe: Eis o sinal que te dará o Senhor para que saibas que se há de cumprir a sua promessa. Queres que a sombra se adiante dez graus ou recue dez graus?
10. É fácil, replicou Ezequias, que a sombra se adiante dez graus. Não! Quero que ela recue dez graus.
11. Orou o profeta Isaías, e o Senhor fez com que a sombra recuasse dez graus no relógio solar de Acaz.
12. Naquele tempo, ouvindo o rei de Babilônia, Merodac-Baladã, que Ezequias se achava enfermo, mandou-lhe uma carta com presentes.
13. Ezequias, contentíssimo com a vinda desses mensageiros, mostrou-lhes o palácio onde se encontravam os seus tesouros, a prata, o ouro, os aromas, o óleo precioso, o seu arsenal e tudo o que se encontrava em suas reservas. Nada houve em seu palácio e em suas propriedades que Ezequias não lhes mostrasse.
14. O profeta Isaías foi ter com o rei e perguntou-lhe: Que te disse aquela gente? De onde vieram esses homens para te visitar? Vieram de uma terra longínqua, de Babilônia, respondeu Ezequias.
15. Isaías continuou: Que viram eles em teu palácio? Viram tudo o que há em meu palácio, respondeu Ezequias; nada há em meu palácio que eu não lhes tenha mostrado.
16. Então Isaías disse ao rei: Ouve a palavra do Senhor:
17. Virão dias em que tudo o que se encontra em teu palácio, tudo o que ajuntaram os teus pais até o dia de hoje será levado para Babilônia. Nada ficará, diz o Senhor.
18. Tomar-se-ão mesmo os teus filhos que saírem de ti, que tiveres gerado, para se tornarem eunucos no palácio do rei de Babilônia.
19. Ezequias respondeu a Isaías: O Senhor tem razão; é justo tudo o que me acabas de anunciar. E dizia consigo: Ao menos enquanto eu viver, haverá paz e segurança.
20. O resto da história de Ezequias, seus atos e grandes feitos, a construção do reservatório e do aqueduto pelo qual proveu de água a cidade, tudo isso se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
21. Ezequias adormeceu com seus pais, e seu filho Manassés sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 21

1. Manassés tinha doze anos quando começou a reinar, e reinou durante cinqüenta e cinco anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Hafsiba.
2. Fez o mal aos olhos do Senhor, imitando as abominações dos povos que o Senhor tinha despojado diante dos israelitas.
3. Reconstruiu os lugares altos que seu pai Ezequias tinha destruído, erigiu altares a Baal, esculpiu um ídolo de pau, asserá, semelhante ao que tinha feito Acab, rei de Israel, e prostrou-se diante de todo o exército dos céus, para adorá-lo.
4. Construiu altares no templo do Senhor, do qual o Senhor tinha dito: O meu nome residirá em Jerusalém.
5. Levantou altares a todo o exército dos céus nos dois átrios do templo do Senhor.
6. Fez passar pelo fogo seu próprio filho; entregou-se à magia, à astrologia, à necromancia e à adivinhação. Multiplicou as ações que ofendem o Senhor, provocando assim a sua ira.
7. A asserá, que ele havia talhado, colocou-a no templo do Senhor, o templo do qual o Senhor dissera a Davi e ao seu filho Salomão: Neste templo e na cidade de Jerusalém, que escolhi dentre todas as tribos de Israel, estabelecerei o meu nome perpetuamente.
8. Não mais permitirei que os israelitas errem fora da terra que dei aos seus pais, contanto que observem cuidadosamente os meus mandamentos e a lei que lhes prescreveu Moisés, meu servo.
9. Eles, porém, não obedeceram, mas foram seduzidos por Manassés e fizeram pior ainda que os povos que o Senhor tinha aniquilado diante dos israelitas.
10. O Senhor falou, pois, pela boca de seus servos, os profetas:
11. Porque Manassés, rei de Judá, cometeu essas abominações, procedendo ainda pior que tudo o que tinham feito outrora os amorreus, e levando, além disso, Judá ao pecado de idolatria,
12. por isso, diz o Senhor Deus de Israel, vou fazer cair sobre Jerusalém e Judá calamidades tais que farão retinir os ouvidos dos que ouvirem falar delas.
13. Passarei sobre Jerusalém o cordão de Samaria, e o nível da casa de Acab; limparei Jerusalém como um prato que se esfrega, virando-o de um lado para o outro.
14. Abandonarei os restos de minha herança e os entregarei nas mãos dos seus inimigos, aos quais servirão de espólio e de presa,
15. porque fizeram o mal diante de mim e não cessaram de me irritar, desde o dia em que seus pais saíram do Egito até hoje.
16. Manassés derramou também tanto sangue inocente que inundou Jerusalém de uma extremidade à outra, sem falar dos pecados com que tinha feito pecar Judá, levando-o a fazer o mal aos olhos do Senhor.
17. O resto da história de Manassés, seus atos e grandes feitos, os pecados que cometeu, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
18. Manassés adormeceu com seus pais e foi sepultado no jardim de seu palácio, no jardim de Oza. Seu filho Amon sucedeu-lhe no trono.
19. Amon tinha vinte e dois anos quando começou a reinar e reinou dois anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Messalemet, filha de Harus, natural de Jeteba.
20. Fez o mal aos olhos do Senhor, como seu pai Manassés.
21. Seguiu todas as pisadas de seu pai, e adorou os ídolos que ele tinha adorado, prostrando-se diante deles.
22. Abandonou o Senhor, Deus de seus pais, e não andou no caminho do Senhor.
23. Os servos de Amon conspiraram contra ele e assassinaram-no em seu palácio.
24. O povo, porém, massacrou todos os conjurados e proclamou rei Josias, filho de Amon, em seu lugar.
25. O resto da historia de Amon, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
26. Sepultaram-no em seu túmulo, no jardim de Oza, e seu filho Josias sucedeu-lhe no trono.

 
Capítulo 22

1. Josias tinha oito anos quando começou a reinar. Seu reinado em Jerusalém durou trinta e um anos. Sua mãe chamava-se Idida, filha de Hadai, natural de Besecat.
2. Fez o que é bom aos olhos do Senhor, seguindo fielmente o exemplo de Davi, seu pai, sem se desviar nem para a direita, nem para a esquerda.
3. No décimo oitavo ano do reinado de Josias, o rei enviou ao templo do Senhor o escriba Safã, filho de Aslia, filho de Messulão, dizendo-lhe:
4. Vai ter com o sumo sacerdote Helcias, (e dize-lhe) para aprontar o dinheiro que tem sido levado ao templo do Senhor e entregue pelo povo nas mãos dos porteiros do templo.
5. Seja dado esse dinheiro aos encarregados dos trabalhos do templo, para o pagamento daqueles que trabalham na reparação do templo,
6. carpinteiros, construtores e pedreiros, e para a compra da madeira e das pedras de cantaria necessárias às reparações do edifício.
7. Todavia não se lhes exigirão contas do dinheiro que lhes é confiado porque são pessoas íntegras.
8. O sumo sacerdote Helcias disse ao escriba Safã: Encontrei no templo do Senhor o livro da Lei. Helcias deu esse livro a Safã,
9. o qual, depois de tê-lo lido, voltou ao rei e prestou-lhe contas da missão que lhe fora confiada: Teus servos juntaram o dinheiro que se encontrava no templo e entregaram-no aos encarregados do templo do Senhor.
10. O escriba Safã disse ainda ao rei: O sacerdote Helcias entregou-me um livro.
11. E leu-o em presença do rei. Quando o rei ouviu a leitura do livro da Lei, rasgou as vestes,
12. e ordenou ao sacerdote Helcias, a Aicão, filho de Safã, a Acobor, filho de Mica, ao escriba Safã e ao seu oficial Azarias, o seguinte:
13. Ide e consultai o Senhor de minha parte, da parte do povo e de todo o Judá, acerca do conteúdo deste livro que acaba de ser descoberto. A cólera do Senhor deve ser grande contra nós, porque nossos pais não obedeceram às palavras deste livro, nem puseram em prática tudo o que aí está prescrito.
14. O sacerdote Helcias, Aicão, Acobor, Safã e Azarias foram ter com a profetisa Holda, mulher de Selum, filho de Técua, filho de Araas, guardião do vestuário. Ela habitava em Jerusalém, no segundo quarteirão. Quando eles lhe falaram,
15. ela respondeu: Eis o que diz o Senhor, Deus de Israel: Dizei àquele que vos mandou ter comigo:
16. Assim fala o Senhor: Vou mandar a calamidade sobre esse lugar e sobre os seus habitantes, conforme todas as ameaças do livro que o rei de Judá leu,
17. porque eles me abandonaram e queimaram incenso a deuses estrangeiros, irritando-me com a sua conduta; minha indignação inflamou-se contra essa terra, e não se extinguirá mais.
18. Quanto ao rei de Judá, que vos mandou consultar o Senhor, dir-lhe-eis: Isto diz o Senhor:
19. Porque ouviste as palavras do livro, e o teu coração se abrandou, e te humilhaste diante do Senhor ao ouvir minha sentença contra esse lugar e contra os seus habitantes, condenando-os a ser objeto de espanto e de maldição, porque rasgaste as tuas vestes e choraste diante de mim, eu também te ouvi, diz o Senhor.
20. Por isso vou reunir-te a teus pais e serás sepultado em paz no teu sepulcro, para que os teus olhos não vejam as calamidades que vou mandar sobre essa terra. Eles referiram ao rei o que a profetisa respondera.

 
Capítulo 23

1. O rei convocou à sua presença todos os anciãos de Judá e de Jerusalém,
2. e subiu ao templo do Senhor com todos os homens de Judá e todos os habitantes de Jerusalém, os sacerdotes, profetas e todo o povo, pequenos e grandes. Leu então, diante deles, o texto completo do livro da Aliança que fora descoberto no templo do Senhor.
3. O rei, de pé na tribuna, renovou a aliança em presença do Senhor, comprometendo-se a seguir o Senhor, a observar os seus mandamentos, suas instruções e suas leis, de todo o seu coração e de toda a sua alma, e a cumprir todas as cláusulas da aliança contida no livro. Todo o povo concordou com essa aliança.
4. O rei ordenou em seguida ao sumo sacerdote Helcias, aos sacerdotes da segunda ordem e aos porteiros, que jogassem fora do templo do Senhor todos os objetos fabricados para o culto de Baal, de asserá e de todo o exército dos céus; fê-los queimar fora de Jerusalém, nos campos do Cedron, e mandou levar as suas cinzas para Betel.
5. Despediu os sacerdotes dos ídolos que os reis de Judá tinham estabelecido para oferecer o incenso nos lugares altos, nas cidades de Judá e nos arredores de Jerusalém, assim como os sacerdotes que ofereciam incenso a Baal, ao sol, à luz, aos sinais do zodíaco e a todo o exército dos céus.
6. Mandou tirar do templo do Senhor o ídolo asserá e levá-lo para fora de Jerusalém, para o vale do Cedron, onde o queimaram. Depois de tê-lo reduzido a cinzas, mandou-as lançar sobre os sepulcros do povo.
7. Destruiu os apartamentos das prostitutas que se encontravam no templo do Senhor, onde as mulheres teciam vestes para asserá.
8. Convocou todos os sacerdotes das cidades de Judá, profanou os lugares altos onde os sacerdotes tinham oferecido incenso, desde Gabaa até Bersabéia, e destruiu o lugar alto das portas, à entrada da casa de Josué, prefeito da cidade, que ficava à esquerda de quem entra na cidade por essa porta.
9. Entretanto, os sacerdotes dos lugares altos não subiam ao altar do Senhor em Jerusalém, mas comiam somente dos pães ázimos no meio de seus irmãos.
10. Profanou também Tofet, no vale do filho de Enom, a fim de que ninguém fizesse passar pelo fogo seu filho ou sua filha em honra de Moloc.
11. Fez desaparecer também os cavalos que os reis de Judá tinham dedicado ao sol, à entrada do templo do Senhor, junto do pavilhão do eunuco Natã-Melec, no recinto, e queimou os carros do sol.
12. O rei destruiu os altares que tinham sido construídos pelos reis de Judá no terraço da câmara superior de Acaz, e os que Manassés tinha levantado nos dois átrios do templo do Senhor; quebrou-os, levou-os dali e lançou as cinzas deles na torrente do Cedron.
13. O rei profanou igualmente os lugares altos situados defronte de Jerusalém, à direita do monte da Perdição. Salomão, rei de Israel, tinha-os levantado em honra de Astarte, ídolo abominável dos sidônios, de Camos, ídolo abominável dos moabitas, e de Melcom, ídolo abominável dos amonitas.
14. Quebrou as estátuas, cortou os ídolos asserás e encheu o lugar com ossos humanos.
15. Destruiu também o altar de Betel e o lugar alto que tinha edificado Jeroboão, filho de Nabat, que arrastara Israel ao pecado. Ele os destruiu, queimou e reduziu a cinzas o lugar alto, incendiando igualmente a asserá.
16. Josias, olhando em torno de si, viu os túmulos que havia sobre a colina; mandou buscar os ossos dos sepulcros e queimou-os no altar. Este altar foi assim profanado, segundo o oráculo que o Senhor tinha proferido pelo homem de Deus que havia predito essas coisas.
17. E o rei perguntou: Que monumento é esse que eu vejo? Os habitantes da cidade responderam-lhe: É o túmulo do homem de Deus que veio de Judá, e que predisse tudo o que fizeste ao altar de Betel.
18. Deixai-o, disse o rei; paz aos seus ossos. E os seus ossos ficaram intactos, assim como os ossos do profeta que tinha vindo de Samaria.
19. Josias destruiu assim todos os santuários dos lugares altos que se encontravam nas cidades de Samaria, e que os reis de Israel tinham edificado, para grande cólera do Senhor. Fez deles o que tinha feito do altar de Betel.
20. Matou todos os sacerdotes dos lugares altos que ali havia, e queimou sobre esses altares ossos humanos. Depois voltou para Jerusalém.
21. O rei deu esta ordem a todo o povo: Celebrareis a Páscoa em honra do Senhor, vosso Deus, segundo as prescrições do livro da Aliança.
22. Jamais se celebrou Páscoa semelhante, desde a época dos juízes que tinham regido Israel, e durante todo o tempo dos reis de Israel e de Judá.
23. Esta Páscoa foi celebrada em honra do Senhor em Jerusalém, no décimo oitavo ano do reinado de Josias.
24. Josias acabou também com os necromantes, os adivinhos, os terafins, os ídolos e as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, pois queria obedecer às prescrições da lei tais quais figuravam no livro que o sacerdote Helcias descobriu no templo do Senhor.
25. Não houve jamais, antes de Josias, um rei que se convertesse como ele ao Senhor, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças, seguindo em tudo a lei de Moisés; nem depois dele houve outro semelhante.
26. Contudo, por causa dos crimes com que Manassés o tinha irritado, o Senhor não abrandou a violência de seu furor contra Judá,
27. porque tinha dito: Expulsarei também Judá para longe de mim, como rejeitei Israel; rejeitarei esta cidade de Jerusalém que escolhi, e o templo do qual eu disse: Aqui residirá o meu nome.
28. O resto da história de Josias, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
29. Durante o seu reinado, o faraó Necao, rei do Egito, subiu contra o rei da Assíria, na direção do Eufrates. O rei Josias saiu-lhe ao encontro, mas foi morto pelo faraó em Magedo, logo no primeiro combate.
30. Seus servos transportaram seu cadáver num carro, de Magedo a Jerusalém, e sepultaram-no em seu sepulcro. O povo elegeu então Joacaz, filho de Josias, que foi ungido e aclamado rei em lugar de seu pai.
31. Joacaz tinha vinte e três anos quando começou a reinar, e reinou durante três meses em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Amital, filha de Jeremias, natural de Lobna.
32. Fez o mal diante do Senhor, assim como o tinham feito seus pais.
33. O faraó Necao acorrentou-o em Rebla, na terra de Emat, de modo que ele não reinou mais em Jerusalém, e impôs à terra uma contribuição de cem talentos de prata e um talento de ouro.
34. O faraó Necao estabeleceu Eliacim, filho de Josias, no trono, em lugar de seu pai Josias, e mudou-lhe o nome para Joaquim. Quanto a Joacaz, foi levado para o Egito, onde morreu.
35. Joaquim deu ao faraó a prata e o ouro exigidos, mas, para fornecer o peso estipulado, exigiu-o do povo, fixando a quantia que cada um devia pagar, e levantou essa contribuição de ouro e de prata para dar ao faraó Necao.
36. Joaquim tinha vinte e cinco anos quando começou a reinar. Seu reino durou onze anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Zebida, filha de Fadaías, natural de Ruma.
37. Fez o mal aos olhos do Senhor, como o tinham feito seus pais.

 
Capítulo 24

1. Durante o reinado de Joaquim, Nabucodonosor, rei de Babilônia, subiu contra Joaquim, que se tornou seu vassalo por três anos. Depois revoltou-se contra ele.
2. O Senhor mandou contra ele os bandos dos caldeus, dos sírios, dos moabitas e dos amonitas, e lançou-os contra Judá para o destruírem, conforme ele havia anunciado pela boca dos profetas, seus servos.
3. Isso aconteceu realmente por ordem do Senhor, para afastá-lo de sua presença, por causa dos pecados cometidos por Manassés,
4. e por causa do sangue inocente que ele tinha derramado, chegando a inundar Jerusalém de sangue inocente. E o Senhor não quis perdoar.
5. O resto da história de Joaquim, seus atos e grandes feitos, tudo se acha consignado no livro das Crônicas dos reis de Judá.
6. Joaquim adormeceu com seus pais e seu filho Joaquin sucedeu-lhe no trono.
7. O rei do Egito cessou então suas expedições fora de sua terra, porque o rei de Babilônia se tinha apoderado de todas as possessões do rei do Egito, desde a torrente do Egito até o Eufrates.
8. Joaquin tinha dezoito anos quando começou a reinar, e reinou durante três meses em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Noesta, filha de Elnatã, e era natural de Jerusalém.
9. Fez o mal aos olhos do Senhor, como o tinha feito seu pai.
10. Foi nesse tempo que vieram os homens de Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra Jerusalém, e sitiaram-na.
11. Depois, Nabucodonosor veio pessoalmente diante da cidade, enquanto suas tropas a sitiavam.
12. Joaquin, rei de Judá, foi ter com o rei de Babilônia, ele e sua mãe, suas tropas, seus oficiais e seus eunucos; e o rei de Babilônia o prendeu. Isso foi no oitavo ano de seu reinado.
13. E como o Senhor tinha anunciado, levou dali todos os tesouros do templo do Senhor e do palácio real, e quebrou todos os objetos de ouro que Salomão, rei de Israel, tinha feito para o santuário do Senhor.
14. Levou para o cativeiro toda a Jerusalém, todos os chefes e todos os homens de valor, ao todo dez mil, com todos os ferreiros e artífices; só deixou os pobres.
15. Deportou Joaquin para Babilônia, com sua mãe, suas mulheres, os eunucos do rei e os grandes da terra.
16. Todos os homens de valor, em número de sete mil, os ferreiros e os artífices, em número de mil, e todos os homens aptos para a guerra, o rei de Babilônia os deportou para Babilônia.
17. Em lugar de Joaquin, o rei de Babilônia constituiu rei seu tio Matanias, cujo nome mudou para Sedecias.
18. Sedecias tinha vinte e um anos quando começou a reinar, e reinou durante onze anos em Jerusalém. Sua mãe chamava-se Amital, filha de Jeremias, e era natural de Lobna.
19. Fez o mal aos olhos do Senhor como o tinha feito Joaquin.
20. Assim aconteceu a Jerusalém e a Judá, porque o Senhor queria, em sua cólera, rejeitá-los de sua presença. Sedecias revoltou-se contra o rei de Babilônia.

 
Capítulo 25

1. No ano nono de seu reinado, no décimo dia do décimo mês, Nabucodonosor veio com todo o seu exército contra Jerusalém; levantou seu acampamento diante da cidade e fez aterros em redor dela.
2. O cerco da cidade durou até o décimo primeiro ano do reinado de Sedecias.
3. No nono dia do (quarto) mês, como a cidade se visse apertada pela fome e a população não tivesse mais o que comer,
4. fizeram uma brecha na muralha da cidade, e todos os homens de guerra fugiram de noite pelo caminho da porta que está entre os dois muros, junto do jardim do rei. Entretanto, os caldeus cercavam a cidade. Os fugitivos tomaram o caminho da planície do Jordão,
5. mas o exército dos caldeus perseguiu o rei e alcançou-o nas planícies de Jericó. Então as tropas de Sedecias o abandonaram e se dispersaram.
6. O rei foi preso e conduzido a Rebla, diante do rei de Babilônia, o qual pronunciou sentença contra ele.
7. Degolou na presença de Sedecias os seus filhos, furou-lhe os olhos e o levou para Babilônia ligado com duas cadeias de bronze.
8. No sétimo dia do quinto mês, no décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei de Babilônia, Nabuzardã, chefe da guarda e servo do rei de Babilônia, entrou em Jerusalém.
9. Incendiou o templo do Senhor, o palácio real e todas as casas da cidade.
10. E as tropas que acompanhavam o chefe da guarda demoliram o muro que cercava Jerusalém.
11. Nabuzardã, chefe da guarda, deportou para Babilônia o que restava da população da cidade, os que já se tinham rendido ao rei de Babilônia e todo o povo que restava.
12. O chefe da guarda só deixou ali alguns pobres como viticultores e agricultores.
13. Os caldeus quebraram as colunas de bronze do templo do Senhor, os pedestais e o mar de bronze que estavam no templo, e levaram o metal para Babilônia.
14. Tomaram também os cinzeiros, as pás, as facas, os vasos e todos os objetos de bronze que se usavam no culto.
15. O chefe da guarda levou também os turíbulos e os vasos, tudo quanto era de ouro, e tudo quanto era de prata.
16. Quanto às duas colunas, ao mar e aos pedestais que Salomão mandara fazer para o templo do Senhor, não se poderia calcular o peso do bronze de todos esses objetos.
17. Uma das colunas tinha dezoito côvados de altura, e sobre ela descansava um capitel de bronze de três côvados; em volta do capitel da coluna havia uma rede e romãs, tudo de bronze. A segunda coluna era semelhante, com sua rede.
18. O chefe da guarda levou também o sumo sacerdote Saraías, Sofonias, segundo sacerdote, e os três porteiros.
19. Tomou na cidade um eunuco que era encarregado de comandar os homens de guerra, cinco homens do pessoal do rei que encontrou na cidade, e o escriba, chefe do exército, encarregado do recrutamento na terra, assim como sessenta homens da terra, que foram encontrados na cidade.
20. Nabuzardã, chefe da guarda, prendeu-os e levou-os ao rei de Babilônia em Rebla,
21. e este mandou executá-los em Rebla, na. terra de Emat. Assim , foi Judá deportado para longe de sua terra.
22. Quanto ao resto da população que Nabucodonosor tinha deixado na terra de Judá, ele a entregou ao governo de Godolias, filho de Aicão, filho de Safã.
23. Quando os chefes do exército e seus homens souberam que o rei de Babilônia tinha nomeado Godolias como governador, foram ter com ele em Masfa. Eram: Ismael, filho de Natanias, Joanã, filho de Carée, Saraías, filho de Taneumet, de Netofa, e Jezonias, filho de Macati, eles e os seus homens.
24. Godolias declarou, sob juramento, a eles e aos seus homens: Nada tendes a temer dos caldeus. Ficai na terra, submetei-vos ao rei de Babilônia e tudo vos correrá bem.
25. Mas no sétimo mês, Ismael, filho de Natanias, filho de Elisama, de linhagem real, veio com dez homens e assassinaram Godolias, matando ao mesmo tempo os judeus e os caldeus que estavam com ele em Masfa.
26. Então todo o povo, desde o menor até o maior, como também os chefes das tropas, fugiram para o Egito com medo dos caldeus.
27. No trigésimo sétimo ano do cativeiro de Joaquin, rei de Judá, no vigésimo sétimo dia do décimo segundo mês, Evil-Merodac, rei de Babilônia, no primeiro ano de seu reinado, fez graça a Joaquin, rei de Judá, e pô-lo em liberdade.
28. Falou-lhe benignamente e deu-lhe um trono mais elevado que os dos reis que estavam com ele em Babilônia.
29. Mudou-lhe as vestes de prisioneiro e, até o fim de sua vida, Joaquin comeu à mesa do rei de Babilônia.
30. E o seu sustento diário foi assegurado pelo rei durante todo o tempo de sua vida.

 

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