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Temas católicos, Liturgia diária, Salmos, Santos do dia.

Ezequiel

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Ezequiel

 Capítulo 1

1. No trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, quando me encontrava entre os deportados, às margens do rio Cobar, abriram-se os céus e contemplei visões divinas.
2. No quinto dia do mês – era o quinto ano de cativeiro do rei Joaquin –
3. foi a palavra do Senhor dirigida ao sacerdote Ezequiel, filho de Buzi, na Caldéia, às margens do rio Cobar. Nesse lugar veio a mão do Senhor sobre mim.
4. Tive então uma visão: soprava do lado norte um vento impetuoso, uma espessa nuvem com um feixe de fogo resplandecente, e, no centro, saído do meio do fogo, algo que possuía um brilho vermelho.
5. Distinguia-se no centro a imagem de quatro seres que aparentavam possuir forma humana.
6. Cada um tinha quatro faces e quatro asas.
7. Suas pernas eram direitas e as plantas de seus pés se assemelhavam às do touro, e cintilavam como bronze polido.
8. De seus quatro lados mãos humanas saíam por debaixo de suas asas. Todos os quatro possuíam rostos, e asas.
9. Suas asas tocavam uma na outra. Quando se locomoviam, não se voltavam: cada um andava para a frente.
10. Quanto ao aspecto de seus rostos tinham todos eles figura humana, todos os quatro uma face de leão pela direita, todos os quatro uma face de touro pela esquerda, e todos os quatro uma face de águia.
11. Eis o que havia no tocante as suas faces. Suas asas estendiam-se para o alto; cada qual tinha duas asas que tocavam às dos outros, e duas que lhe cobriam o corpo.
12. Cada qual caminhava para a frente: iam para o lado aonde os impelia o espírito; não se voltavam quando iam andando.
13. No meio desses seres, divisava-se algo parecido com brasas incandescentes, como tochas que circulavam entre eles; e desse fogo que projetava uma luz deslumbrante, saíam relâmpagos.
14. Os seres ziguezagueavam como o raio.
15. Ora, enquanto contemplava esses seres vivos, divisei uma roda sobre a terra ao lado de cada um dos quatro.
16. O aspecto e a estrutura dessas rodas eram os de uma gema de Társis. Todas as quatro se assemelhavam, e pareciam construídas uma dentro da outra.
17. Podiam deslocar-se em quatro direções, sem retornar em seus movimentos.
18. Seus aros eram de uma altura assombrosa, guarnecidos de olhos em toda a circunferência.
19. Quando os seres vivos se deslocavam ou se erguiam da terra, locomoviam-se as rodas e se elevavam com eles.
20. Para onde os impulsionava o espírito. iam eles, e as rodas com eles se erguiam, pois o espírito do ser vivo (de igual modo) animava as rodas.
21. Quando caminhavam, elas se moviam; quando paravam, também elas interrompiam o curso; se se erguiam da terra, as rodas do mesmo modo se suspendiam, pois o espírito desses seres vivos estava (também) nas rodas.
22. Pairando acima desses seres, havia algo que se assemelhava a uma abóbada, límpida como cristal, estendida sobre suas cabeças.
23. Sob essa abóbada, alongavam-se as suas asas até se tocarem, tendo cada um (sempre) duas que lhe cobriam o corpo.
24. Eu escutava, quando eles caminhavam, o ruído de suas asas, semelhante ao barulho das grandes águas, à voz do Onipotente, um vozerio igual ao de um campo (de batalha).
25. Quando paravam, abaixavam as asas, e fazia-se um ruído acima da abóbada que ficava sobre as cabeças.
26. Acima dessa abóbada havia uma espécie de trono, semelhante a uma pedra de safira; e, bem no alto dessa espécie de trono, uma silhueta humana.
27. Vi que ela possuía um fulgor vermelho, como se houvesse sido banhada no fogo, desde o que parecia ser a sua cintura, para cima; enquanto que, para baixo, vi algo como fogo que esparzia clarões por todos os lados.
28. Como o arco-íris que aparece nas nuvens em dias de chuva, assim era o resplendor que a envolvia. Era esta visão a imagem da glória do Senhor.

 
Capítulo 2

1. Filho do homem, dizia-me, fica de pé, porque eu te falo!
2. Enquanto ela me falava, entrou o espírito em mim, e me fez ficar de pé; então ouvi aquele que me falava.
3. Filho do homem, dizia-me, envio-te aos israelitas, a essa nação de rebeldes, revoltada contra mim, a qual, do mesmo modo que seus pais, vem pecando contra mim até este dia.
4. É a esses filhos de testa dura e de coração insensível que te envio, para lhes dizer: oráculo do Senhor Javé.
5. Quer te ouçam ou não (pois é uma raça indomável), hão de ficar sabendo que há um profeta no meio deles!
6. Quanto a ti, filho do homem, não os temas, nem te arreceies dos seus intentos, conquanto estejas entre moitas de abrolhos e de espinhos e vivas entre escorpiões; não te deixes intimidar por suas palavras, nem te espantes com sua atitude, porque é uma raça rebelde.
7. Tu lhes transmitirás os meus oráculos, quer te dêem ouvidos ou não; é uma raça pertinaz.
8. E tu, filho do homem, escuta o que eu te digo: não sejas rebelde, como essa raça de rebelados. Abre a boca e come o que te vou dar.
9. Olhei e vi avançando para mim uma mão, que segurava um manuscrito enrolado,
10. que foi desdobrado diante de mim: estava coberto com escrita de um e de outro lado: eram cânticos de luto, de queixumes e de gemidos.

 
Capítulo 3

1. Filho do homem, falou-me, come o rolo que aqui está, e, em seguida, vai falar à casa de Israel.
2. Abri a boca, e ele mo fez engolir.
3. Filho do homem, falou-me, nutre o teu corpo, enche o teu estômago com o rolo que te dou. Então o comi, e era doce na boca, como o mel.
4. Em seguida, acrescentou: Filho do homem, vai até a casa de Israel para lhe transmitir as minhas palavras.
5. Não é a um povo de linguagem incompreensível, de linguagem bárbara que te envio, e sim aos israelitas;
6. não é a populações inumeráveis, de idioma incompreensível, de linguajar selvagem, cuja língua não compreenderias: eles te ouviriam, se eu te enviasse a eles;
7. mas a casa de Israel recusará escutar-te, porque eles não querem atender a mim! Pois, toda a casa de Israel nada mais é do que gente teimosa, de coração insensível.
8. Pois bem!, tornarei o teu semblante tão endurecido quanto o deles;
9. vou dar a teu rosto a rigidez do diamante, que é mais resistente que a rocha. Não os temas, pois, e não te deixes amedrontrar por causa deles, pois são uma raça de recalcitrantes.
10. Filho do homem, ajuntou ele, acolhe em teu coração, escuta com toda a atenção tudo quanto eu te disser.
11. Depois dirigir-te-ás a teus compatriotas exilados, para lhes falar. Dir-lhes-ás: oráculo do Senhor Javé – quer te escutem ou não.
12. Então o espírito se apoderou de mim e ouvi atrás de mim um vozerio de violento rumor. Bendita seja a glória do Senhor, onde ela repousar!
13. Ouvi o rumor do bater das asas dos seres vivos e o ruído de suas rodas ao lado deles, um barulho portentoso.
14. O espírito, a seguir, me transportou e me levou. Eu ia, com o coração repleto de amargura e furor, desde que a mão do Senhor havia pesado sobre mim.
15. Cheguei a Tel Abib, junto dos deportados que se haviam instalado às margens do Cobar, e ali fiquei sete dias no meio deles, em sombria estupefação.
16. Passados esses sete dias, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
17. filho do homem, estabeleço-te como sentinela na casa de Israel. Logo que escutares um oráculo saindo de minha boca, tu lho transmitirás de minha parte.
18. Se digo ao malévolo que ele vai morrer, e tu não o prevines e não lhe falas para pô-lo de sobreaviso devido ao seu péssimo proceder, de modo que ele possa viver, ele há de perecer por causa de seu delito, mas é a ti que pedirei conta do seu sangue.
19. Contudo, se depois de advertido por ti, não se corrigir da malícia e perversidade, ele perecerá por causa de seu pecado, enquanto tu hás de salvar a tua vida.
20. E, quando um justo abandonar a sua justiça para praticar o mal, e eu permitir diante dele algum tropeço, ele perecerá. Se não o advertires, ele morrerá por causa do seu delito, sem que sejam tomadas em conta as boas obras que anteriormente praticou, e é a ti que pedirei conta do seu sangue.
21. Ao contrário, se advertires ao justo que se abstenha do pecado, e ele não pecar, então ele viverá, graças à tua advertência, e tu, assim, terás salvo a tua vida.
22. A mão do Senhor veio ali sobre mim. Vamos, disse-me ele, vai à planície, onde te vou falar.
23. Pus-me então a caminho para a planície; e eis que a glória do Senhor lá estava, tal qual eu a havia contemplado às margens do Cobar. E caí com a face em terra.
24. Mas o espírito do Senhor entrou em mim para me pôr em pé, enquanto me falava o Senhor: Vai encerrar-te em tua casa.
25. Filho do homem, vão amarrar-te com cordas para que não possas mais ir ao meio deles.
26. Prenderei tua língua a teu paladar, de modo que o teu mutismo te impeça de repreendê-los, pois é uma raça de recalcitrantes.
27. Quando eu, porém, te falar, abrir-te-ei a boca, e lhes dirás: oráculo do Senhor Javé. Que escute então aquele que quiser escutar, e que não escute aquele que não o quiser, pois é uma raça de recalcitrantes.

 
Capítulo 4

1. Filho do homem, toma um tijolo, põe-no diante de ti, e desenha nele a cidade de Jerusalém.
2. Farás contra ela trabalhos de assédio, contra ela construirás terraços e trincheiras, estabelecerás campos e prepararás aríetes.
3. Tomarás em seguida uma frigideira de ferro, e a colocarás como uma muralha de ferro entre ti e a cidade. Em seguida voltarás contra ela a tua face; ela será atacada e farás então o assédio. Será isto um símbolo para a casa de Israel.
4. Deita-te sobre o lado esquerdo e toma sobre ti a iniqüidade da casa de Israel; todo o tempo em que ficares assim deitado levarás sua iniqüidade.
5. E eu fixo o número dos anos do seu pecado, segundo o número de dias que te concedo, trezentos e noventa dias, durante os quais carregarás a iniqüidade da casa de Israel.
6. Quando esse período estiver terminado, tu te deitarás sobre o lado direito, para de novo levar a iniqüidade da casa de Judá durante quarenta dias; cada dia que te concedo corresponde a um ano.
7. Voltarás a tua face e estenderás o teu braço nu para Jerusalém sitiada, profetizando contra ela.
8. Ligar-te-ei com cordas, para que não possas volver-te de um lado para o outro, até que tenhas chegado ao termo dos dias de tua reclusão.
9. Tomarás trigo, cevada, favas, lentilhas, milho e aveia, que guardarás num mesmo recipiente para fazeres o teu pão. É isso que comerás durante todo o tempo que estiveres deitado, ou seja, por trezentos e noventa dias.
10. O peso desse alimento que comerás por dia de vinte e quatro horas será de vinte siclos.
11. A ração de água que irás beber será reduzida a um sexto de hin por vinte e quatro horas.
12. Tomarás esse alimento sob a forma de torta de cevada, cozida em fogo de excrementos humanos, e à sua vista.
13. É assim, falou-me o Senhor, que comerão os israelitas os alimentos impuros por entre as nações onde eu os dispersar.
14. Ah! Senhor Javé, respondi, nunca estive manchado. Desde minha infância até hoje, jamais comi animal morto ou despedaçado; nenhuma carne impura entrou em minha boca.
15. Pois bem, me disse, eu te permito trocar os excrementos humanos por esterco de vaca, sobre o qual farás cozer o teu pão.
16. Em seguida ajuntou: Filho do homem, vou desesperar Jerusalém de fome. Aí se comerá, na angústia, um pão rigorosamente pesado, beber-se-á, no meio do assombro, uma água racionada,
17. e, na penúria de pão e água, virão a esmorecer uns e outros e perecerão por causa da sua iniqüidade.

 
Capítulo 5

1. E tu, filho do homem, toma uma navalha afiada, à maneira de navalha de barbeiro, e passa-a sobre a cabeça e na barba; em seguida colocarás numa balança os cabelos que houveres cortado.
2. Queimarás um terço no meio da cidade, logo que tiver decorrido o tempo do assédio; tomarás outro terço, e o cortarás com a espada, em derredor da cidade; o último terço, dispersá-lo-ás ao vento, e sacarei da espada contra eles.
3. Reservarás, entretanto, pequena quantidade que guardarás na dobra do teu manto,
4. mas guardarás ainda uma parte para arremessá-la ao fogo e queimá-la. É de lá que sairá a chama.
5. E dirás a toda a casa de Israel: oráculo do Senhor Javé. Trata-se de Jerusalém, que eu tinha situado em meio às nações, tendo em derredor os povos pagãos.
6. Ela porém se rebelou contra as minhas leis, com mais perversidade que as outras nações, e contra as minhas ordens com maior (violência) que os países vizinhos, pois rejeitaram os meus decretos e não seguiram as minhas prescrições.
7. Portanto, oráculo do Senhor Javé: já que vos mostrastes mais turbulentos que os pagãos, vossos vizinhos; já que não tendes observado as minhas leis, nem executado os meus preceitos, e nem seguido os costumes dos povos que vos circundam,
8. pois bem! – oráculo do Senhor – irei apoderar-me de ti à vista das nações, e com rigor procederei contra ti,
9. e, devido a tuas abominações, vou executar no meio de ti coisas como não fiz e como não hei jamais de fazer.
10. No teu meio, os pais devorarão os filhos e os filhos devorarão os pais. Contra ti hei de proceder com rigor, e a todo vento dispersarei o que de ti restar.
11. Por minha vida! – oráculo do Senhor Javé – já que manchaste o meu santuário com todas as tuas infâmias e todas as tuas abominações, eu também te arrasarei sem um gesto de consideração e piedade.
12. Um terço de tua população morrerá de peste ou perecerá de fome no interior dos muros, um terço tombará sob a espada ao teu redor; e o outro terço, que dispersarei por todos os ventos, desembainharei a espada contra ele.
13. Darei livre curso à minha cólera, saciarei o meu furor contra eles, e me vingarei. E cairão na conta, quando eu tiver saciado o meu furor contra eles, de que foi por zelo e afeição que o falei, eu, o Senhor.
14. Farei de ti uma desolação, uma infâmia entre as nações que te cercam, aos olhos de todos os transeuntes.
15. Serás presa dos opróbrios, objeto de vergonha, um exemplo e horror para os povos que te rodeiam, quando eu saciar contra ti a minha cólera ardente, com os castigos da minha ira (sou eu, o Senhor, que o digo),
16. quando eu dardejar contra vós as flechas funestas e mortais da fome (porque tornarei a fome cada vez mais rude, e vos privarei do pão),
17. quando contra ti enviar a fome e as feras que farão perecer teus filhos, quando passar a ti a peste sangrenta, e quando invocar sobre ti o gládio. Sou eu, o Senhor, que o digo.

 
Capítulo 6

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. Filho do homem, volta-te para as montanhas de Israel, e contra elas profere o oráculo
3. seguinte: montes de Israel, escutai a palavra do Senhor Javé. Eis o que diz o Senhor Javé às colinas, aos outeiros, aos ribeiros e aos vales: vou enviar contra vós a espada para destruir os vossos lugares altos.
4. Vossos altares serão demolidos, quebrados os vossos obeliscos; farei cair os vossos homens, transpassados a golpes diante dos vossos ídolos.
5. Sim, perante eles estenderei os cadáveres dos israelitas, espalharei todas as vossas ossadas em torno dos vossos altares.
6. Em todo lugar onde vos fixardes, hão de ser as vossas cidades despovoadas, e devastados os lugares altos, de sorte que os vossos altares serão saqueados, demolidos os vossos ídolos, quebrados, suprimidos; os vossos obeliscos, despedaçados, as vossas obras, aniquiladas.
7. No vosso meio tombarão homens traspassados de golpes, e sabereis que sou eu o Senhor.
8. Todavia, eu vos deixarei um resto quando vos tiver dispersado entre as nações. Os sobreviventes que escaparem ao massacre
9. se recordarão de mim em meio dos gentios, para onde tiverem sido deportados; quebrantarei o seu coração que se prostituiu longe de mim, e seus olhos, que se prostituíram com os ídolos. Eles cairão em si, desgostosos de suas práticas abomináveis;
10. compreenderão que sou eu o Senhor e não é em vão que os tenho ameaçado com essas calamidades.
11. Eis o que diz o Senhor Deus: bate palmas, tripudia, e dize: Ah! Ah! sobre todas as abominações perversas da casa de Israel, que irá perecer pela espada, fome e peste.
12. Aquele que se achar longe morrerá de peste, o que se achar próximo tombará pela espada; os sobreviventes sitiados perecerão de fome, porque contra eles saciarei o meu furor.
13. E saberão que sou eu o Senhor, quando os seus mortos estiverem estirados em meio aos seus ídolos, em torno dos seus altares, em todas as colinas elevadas, debaixo de todas as árvores verdejantes, debaixo de todos os terebintos frondosos, em todos os lugares onde ofereceram aos dolos o incenso de agradável odor.
14. Estenderei a mão contra eles e, por toda parte onde habitam, desolarei e devastarei a terra, desde o deserto até Ribla. E saberão que eu sou o Senhor.

 
Capítulo 7

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, oráculo do Senhor à terra de Israel: eis o fim. O fim vem para todos os quatro cantos da terra.
3. Chegou o fim para ti, vou desencadear contra ti a minha cólera, vou julgar-te de acordo com o teu procedimento e fazer cair sobre ti o peso de todas as tuas práticas abomináveis.
4. Não te tomarei em consideração, serei sem complacência, pedirei conta de teu proceder, e todos os teus horrores serão manifestos no teu meio. Então sabereis que sou eu o Senhor.
5. Eis o que diz o Senhor Javé: uma desgraça única! Eis que irá suceder: uma desgraça!
6. O fim se avizinha, o fim se aproxima, ele desperta para cair sobre ti; ei-lo!
7. Tua vez é chegada, habitante da terra! É vindo o momento, o dia está próximo; não há mais alegria sobre as montanhas; é o pânico.
8. Vou em breve desencadear o meu furor contra ti, fartar a minha cólera, julgar-te segundo o teu proceder; farei cair sobre ti o peso das tuas abominações.
9. Não te tomarei em consideração, serei implacável, pedirei conta de teu proceder, e todos os teus horrores serão manifestos no teu meio. Então sabereis que sou eu o Senhor que fere.
10. Eis o dia! Ei-lo que chega. Tua vez chegou. A vara floriu o orgulho produziu seus frutos!
11. a violência levantou-se com um cetro de impiedade: isso não vem deles, nem da multidão, nem da sua tropa, nem da sua magnificência.
12. Chegou o tempo o dia se aproxima! Que não se alegre o comprador, que não se aflija o vendedor, pois a cólera vai pesar sobre toda a multidão.
13. O vendedor não recuperará o que houver vendido, mesmo que esteja vivo, porque a visão contra toda a multidão não será revogada, e ninguém terá força de proteger a si mesmo, devido a seu pecado.
14. Soa a trombeta; está tudo pronto; mas ninguém marcha para o combate, porque o meu furor se desencadeia sobre toda a multidão.
15. Fora, a espada; dentro, a peste e a fome. Quem estiver no campo perecerá pela espada; o que se encontrar na cidade será devorado pela peste e pela fome.
16. Se alguns chegarem a se refugiar nas montanhas, gemerão como as pombas dos vales, cada qual por causa do seu pecado.
17. Todas as mãos cairão (desalentadas), todos os joelhos tremerão.
18. Revestir-se-ão de saco e tremerão como varas verdes! A vergonha transparecerá em todos os rostos e todas as cabeças serão raspadas.
19. Deitarão o dinheiro às ruas, seu ouro será como imundície; sua prata e seu ouro não poderão salvá-los no dia da cólera do Senhor. Não saberão eles nem comer à vontade nem encher o ventre, porque é lá que os farei cair no pecado.
20. Punham seu orgulho na beleza das suas jóias; fabricavam seus ídolos abomináveis; por isso farei deles objetos de repugnância.
21. Abandoná-los-ei à pilhagem, às mãos de estranhos e, devido à profanação, farei deles o espólio dos ímpios da terra.
22. Desviarei os olhos e será profanado o meu tesouro; bárbaros penetrarão aí para profaná-lo.
23. Prepara-te uma cadeia; pois a terra está repleta de crimes, e a cidade cheia de violências.
24. Farei vir também os mais bárbaros pagãos, que se apoderarão de todas as casas; porei termo ao orgulho dos poderosos, e os lugares santos serão profanados.
25. É a ruína que está chegando. Procurar-se-á salvação, sem que se possa encontrá-la.
26. Sobrevirão desastres sobre desastres, má nova sobre má nova. Pedir-se-ão oráculos ao profeta, faltará a lei para o sacerdote, e o conselho para os anciãos.
27. O rei há de pôr luto, ficará o príncipe cheio de consternação, tremerão as mãos dos homens do povo. Tratá-los-ei de conformidade com o proceder que levaram, julgá-los-ei conforme houverem merecido. Então saberão que sou o Senhor.

 
Capítulo 8

1. No sexto ano, no quinto dia do sexto mês, estava eu sentado em minha casa, com os anciãos de Judá, quando a mão do Senhor baixou sobre mim.
2. Olhei: enxerguei algo como uma silhueta humana. Abaixo do que parecia serem seus rins, era fogo e, desde os rins até o alto, havia um clarão vermelho.
3. Estendeu uma espécie de mão, e me agarrou pelos cachos dos cabelos. O espírito levantou-me entre o céu e a terra, e me levou a Jerusalém, em visões divinas, à entrada da porta interior que olha para o norte, lá onde se erige o ídolo que provoca o ciúme (do Senhor).
4. Lá se me manifestou a glória do Deus de Israel, tal como a visão que tive no vale.
5. E ele me disse: filho do homem, ergue os olhos para o norte. Levantei os olhos para o norte, e vi ao norte da porta do altar, à entrada, o ídolo que provoca o ciúme (do Senhor).
6. Filho do homem, disse-me, vês tu a abominação que praticam, como eles procedem na casa de Israel, para que eu me afaste do meu santuário? Verás, todavia, coisas muito mais graves.
7. Conduziu-me até a entrada do adro e, reparando, vi que havia um rombo no muro.
8. Filho do homem, disse-me ele, fura a muralha. Quando a furei, divisei uma porta.
9. Aproxima-te, diz ele, e contempla as horríveis abominações a que se entregam aqui.
10. Fui até ali para olhar: enxerguei aí toda espécie de imagens de répteis e de animais imundos e, pintados em volta da parede, todos os ídolos da casa de Israel.
11. Setenta anciãos da casa de Israel, entre os quais Jazanias, filho de Safã, se achavam de pé diante deles, segurando cada qual o seu turíbulo, do qual se elevava espessa nuvem de fumaça.
12. Filho do homem, disse-me ele, vês tu o que fazem os anciãos de Israel na obscuridade, cada um deles em sua câmara, guarnecida de ídolos, pensando que o Senhor não os vê, e que ele abandonou a terra?
13. E ajuntou: Verás ainda abominações mais graves que eles estão cometendo.
14. Conduziu-me, então, para a entrada da porta setentrional da casa do Senhor: mulheres estavam assentadas, chorando Tamuz.
15. Filho do homem, falou-me, tu viste? Verás ainda abominações piores do que estas.
16. Levou-me então ao interior do templo. À entrada do santuário do Senhor, entre o vestíbulo e o altar, avistei cerca de vinte e cinco homens, que, de costas para o santuário do Senhor, com a face voltada para o oriente, se prosternavam diante do sol.
17. Filho do homem, disse-me ele, vês isto? Não basta à casa de Judá entregar-se a esses ritos abomináveis que aqui se praticam? Haverá ainda ela de encher a terra de violência, e não cessará de me irritar? Ei-los que trazem o ramo ao nariz.
18. Está bem! Eu, de minha parte, procederei com furor, não terei condescendência, serei impiedoso. Inutilmente clamarão a meus ouvidos, não os ouvirei.

 
Capítulo 9

1. Depois ouvi gritar com voz forte: Aproximai-vos, vós, os guardas da cidade, trazendo cada um de vós o instrumento de destruição.
2. Surgiram então, do pórtico superior que olha para o norte, seis homens trazendo cada um na mão o instrumento de destruição. Encontrava-se no meio deles um personagem vestido de linho, trazendo à cintura um tinteiro de escriba. Entraram para se colocar de pé ao lado do altar de bronze.
3. Então a glória do Deus de Israel se elevou de cima do querubim, onde repousava, até a soleira do templo. Chamou o Senhor o homem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba,
4. e lhe disse: Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem.
5. Depois, dirigindo-se aos outros em minha presença, disse-lhes: Percorrei a cidade, logo em seguida, e feri! Não tenhais consideração, nem piedade.
6. Velhos, jovens, moços, moças, crianças e mulheres, matai todos até o total extermínio; precavei-vos, todavia, de tocar em quem estiver assinalado por uma cruz. Começai por meu santuário. Começaram pelos anciãos que encontraram defronte ao templo,
7. Manchai o templo, disse-lhes, e enchei de cadáveres os adros; em seguida saí! E foram-se eles para prosseguir o morticínio na cidade.
8. Permanecendo só durante esse massacre, prostrei-me de face contra a terra, e gritei: Ah! Senhor Javé, ides exterminar o que resta de Israel, desencadeando vosso furor contra Jerusalém.
9. A falta de Israel e de Judá é grande, muito grande, respondeu-me: a terra transborda de sangue e a cidade extravasa de perversão, porque dizem entre eles: o Senhor abandonou a terra! O Senhor não enxerga mais nada!
10. Está bem! Eu, de minha parte, não terei complacência, mostrar-me-ei impiedoso, farei recair sobre a sua cabeça o peso de seu proceder.
11. Depois disso reapareceu o personagem vestido de linho, que trazia à cintura os instrumentos de escriba. Vinha prestar contas. Fiz o que me ordenastes.

 
Capítulo 10

1. Olhei. Na abóbada estendida acima da cabeça dos querubins, havia como que uma pedra de safira, uma espécie de trono, que aparecia sobre eles.
2. (O Senhor) disse então ao homem vestido de linho: Passa no meio das rodas, debaixo do querubim; enche a mão de carvões ardentes que tomarás entre os querubins, e espalha essas brasas sobre a cidade. E ele se foi sob as minhas vistas.
3. Quando o homem acabou de fazer isso, estavam os querubins à direita do templo, e a nuvem enchia o átrio interior.
4. A glória do Senhor elevou-se acima dos querubins até a soleira do templo, e enquanto o esplendor da glória do Senhor enchia o átrio, a nuvem invadia o templo.
5. O ruflar das asas dos querubins fazia-se ouvir até no pátio exterior, e assemelhava-se à voz do Deus onipotente quando fala.
6. Apenas havia ordenado ao homem de linho tomar o fogo no intervalo das rodas, entre os querubins, este veio postar-se junto de uma roda,
7. e (um dos) querubins estendeu a mão para o fogo que se encontrava em meio dos querubins. Daí ele retirou brasas, que colocou na mão do homem vestido de linho, o qual as tomou, e saiu.
8. Notei que os querubins pareciam ter mãos humanas sob as asas.
9. Eu olhei ainda. Havia ao lado dos querubins quatro rodas, uma junto a cada um deles. Possuíam o clarão da gema de Társis.
10. Todas as quatro pareciam ter a mesma forma, e cada uma parecia estar no meio da outra.
11. Deslocando-se nas quatro direções, avançavam sem se voltarem, porque iam sempre na direção tomada pela que ia à frente, sem se voltar em seu movimento.
12. Todo o seu corpo, suas costas, suas mãos e suas asas, assim como as rodas, achavam-se guarnecidas de olhos em derredor: cada um dos quatro possuía uma roda.
13. Ouvi que se dava a essas rodas o nome de turbilhão.
14. Cada um (dos querubins) tinha quatro faces: o primeiro, a de um querubim; o segundo, um aspecto humano; o terceiro, o de um touro, e o quarto o de uma águia.
15. Os querubins se elevaram (eram os seres vivos que eu tinha visto às margens do Cobar).
16. Quando os querubins se deslocavam, as rodas se deslocavam com eles; quando desdobravam as asas para elevar-se da terra, as rodas não se desprendiam deles.
17. Quando paravam, as rodas paravam; se se elevavam no espaço, elas de igual modo se elevavam, porque o espírito desses seres vivos estava (também) nelas.
18. De repente, a glória do Senhor deixou a soleira do templo e pousou sobre os querubins.
19. Estes desdobraram as asas, e eu os vi alçarem-se da terra com as rodas ao lado, para partirem. Eles pararam à entrada da porta oriental do templo, dominados pela glória do Senhor.
20. Estavam lá os seres vivos que eu tinha visto debaixo do Deus de Israel, às margens do Cobar, e reconheci os querubins:
21. cada um tinha quatro figuras e quatro asas, e sob as asas algo parecido com mãos humanas.
22. Suas figuras assemelhavam-se àquelas que eu tinha visto às margens do Cobar. Cada um deles ia para a frente diante de si.

 
Capítulo 11

1. O espírito arrebatou-me e transportou-me à porta oriental do templo do Senhor, a que olha para o Levante. Havia à entrada dessa porta vinte e cinco homens, entre os quais distingui Jazanias, filho de Azur, e Feltias, filho de Banaías, chefes do povo.
2. Filho do homem, falou-me o Senhor, são estes os maquinadores de perversidades, os difusores de maus conselhos nesta cidade,
3. que dizem: Não é agora o momento de reconstruir as nossas casas? Eis a panela e nós somos a carne.
4. Por causa disso, filho do homem, profetiza contra eles!
5. Então o espírito do Senhor apoderou-se de mim e disse-me: Fala: oráculo do Senhor: eis como falais, casa de Israel; mas eu conheço os pensamentos que vos sobem ao espírito.
6. Tendes feito crime sobre crime nesta cidade, tendes juncado suas ruas de cadáveres.
7. Eis por que diz o Senhor Javé: os mortos, cujos cadáveres tendes ocultado na cidade, são a carne e a cidade é a panela. Mas a vós eu vos farei sair.
8. Receais a espada; farei com que a espada venha sobre vós, oráculo do Senhor Javé.
9. Eu vos farei sair da cidade, atirar-vos-ei às mãos dos estrangeiros, e com rigor procederei contra vós.
10. Tombareis sob a espada, procederei com rigor contra vós, até os confins de Israel, e sabereis que sou eu, o Senhor.
11. Esta cidade não será para vós a panela, e dentro dela não estareis como carne: até os confins de Israel vos hei de julgar.
12. E conhecereis que sou eu o Senhor, cujas leis não observais, nem praticais as minhas ordens, pois imitais os costumes dos povos que vos cercam.
13. Ora, enquanto eu profetizava, Feltias, filho de Banaías, caiu morto. Então, prostrado com a face em terra, clamei: Ah! Senhor Javé, ides aniquilar o que resta de Israel?
14. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
15. filho do homem: é dos teus irmãos, dos teus parentes, da casa de Israel toda que os habitantes de Jerusalém dizem: ei-los longe do Senhor! É a nós efetivamente que pertence esta terra.
16. Dize-lhes então: eis o que diz o Senhor Javé: eu os tenho lançado para longe entre as nações, e os dispersei em diversos países, e lhes tenho sido, por pouco tempo, um santuário nos países para onde foram.
17. Por isso lhes digo: eis o que diz o Senhor Javé: eu vos reunirei dentre as nações e vos recolherei dos países onde vos achais dispersos, para vos fazer retornar à terra de Israel.
18. Quando houverem reentrado e extirpado os ídolos e objetos abomináveis,
19. eu lhes darei um só coração e os animarei com um espírito novo: extrairei do seu corpo o coração de pedra, para substituí-lo por um coração de carne,
20. a fim de que observem as minhas leis, guardem e pratiquem os meus mandamentos, sejam o meu povo e eu o seu Deus.
21. Quanto àqueles que têm o coração apegado aos ídolos e às suas práticas abomináveis, farei pesar sobre suas cabeças o peso de seu proceder – oráculo do Senhor Javé.
22. Nesse momento, os querubins desdobraram as asas, e as rodas se puseram em movimento com eles, enquanto a glória do Deus de Israel sobre eles repousava.
23. A glória do Senhor, elevando-se então no interior da cidade foi parar sobre a montanha que está do lado oriental da cidade.
24. Em seguida o espírito arrebatou-me e conduziu-me à Caldéia, em visão, pelo espírito de Deus, junto dos exilados. Então se esvaiu a visão que eu havia contemplado;
25. e eu contei aos exilados tudo quanto o Senhor me tinha feito ver.

 
Capítulo 12

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, habitas em meio de uma casta de recalcitrantes, de gente que tem olhos para ver e não vê nada, ouvidos para escutar, a nada ouve; é uma raça de recalcitrantes.
3. Pois bem, filho do homem, prepara-te uma bagagem de emigrante, e parte, em pleno dia, sob os seus olhos. Parte sob os olhos deles, do lugar onde habitas para outro local. Talvez reconheçam que são eles um bando de recalcitrantes.
4. Prepararás os teus petrechos em pleno dia, sob os seus olhares, como um fardo de emigrante. E depois, à noite, sob os seus olhares, seguirás como um homem que parte para o exílio.
5. Ante as vistas deles, farás um buraco no muro, pelo qual farás passar o teu fardo.
6. À vista deles, o carregarás aos ombros e sairás, quando escurecer, a fronte velada, de modo que não vejas a pátria! Faço assim de ti um símbolo para a casa de Israel.
7. Fiz como me ordenara. Em pleno dia deixei os meus afazeres e preparei uma espécie de bagagem de emigrante; em seguida, à noite, furei a muralha, com minha própria mão; após isso, quando se fez noite, pus minha bagagem nos ombros, e saí à vista deles.
8. Logo ao amanhecer, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
9. filho do homem, a casa de Israel, esse bando de recalcitrantes, não te perguntou o que fazias lá?
10. Dize-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: isto é um oráculo relativo ao príncipe que se acha em Jerusalém e a toda a casa de Israel, que ali se encontra.
11. Dirás: sou para vós um símbolo; assim como tenho feito, assim lhes há de suceder: irão para o exílio, deportados.
12. O príncipe, que está no meio deles, porá a bagagem às costas e sairá ao anoitecer; fará um buraco no muro para poder sair dele: cobrirá a face para não ver a pátria.
13. Mas eu lançarei sobre ele o meu laço e ele será apanhado em minhas redes. Eu o conduzirei à Babilônia, à terra dos caldeus; ele, porém, não a verá. É lá que terá de morrer.
14. Todo o seu séquito, sua guarda, suas tropas, eu os semearei aos (quatro) ventos e tirarei a espada contra eles.
15. Quando eu os tiver disseminado por entre as nações, e dispersado por todos os países, saberão que sou eu o Senhor.
16. Mas hei de poupar um resto deles; alguns hão de escapar ao gládio, à fome e à peste, para que venham a contar aos povos, entre os quais se estabelecerem, as abominações (de Israel). E conhecerão eles que sou eu o Senhor.
17. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
18. filho do homem, come o teu pão com tremor, bebe a tua água com (sinais de) inquietação e receio.
19. E dirás às gentes desta terra: eis o que diz o Senhor Javé para os habitantes de Jerusalém, e da terra de Israel. É na aflição que hão de comer o seu pão e no terror que beberão a sua água, porque a terra será despojada de tudo quanto nela se encontra, devido às violências dos seus habitantes.
20. As cidades habitadas serão despovoadas e a terra há de ser devastada. Sabereis assim que sou eu o Senhor.
21. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
22. filho do homem, que ditado é esse que corre em Israel: passam os dias, mas as visões ficam sem efeito?
23. Pois bem, dize-lhes: eis o que diz o Senhor: farei cessar esse provérbio, não se repetirá mais isso em Israel. Dize-lhes, pois: aproximam-se os dias em que todas essas visões se hão de cumprir.
24. Nenhuma visão daqui por diante será vã e nenhum oráculo, ineficaz em Israel,
25. porque sou eu, o Senhor, que falo: o que eu digo sucederá sem mais delongas. É em vosso tempo, raça de rebeldes, que proferirei o oráculo e o executarei – oráculo do Senhor Javé.
26. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
27. filho do homem, dizem os israelitas: a visão do profeta não diz respeito senão a um longínquo futuro. Pois bem, dize-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: não há mais delongas para meus oráculos. O que eu digo vai acontecer, – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 13

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, profetiza contra os profetas israelitas que (pretendem) profetizar, dize àqueles que profetizam de sua própria cabeça: escutai a palavra do Senhor:
3. eis o que diz o Senhor Javé: ai dos profetas insensatos que seguem sua própria inspiração sem terem tido (realmente) visão alguma.
4. Assim como chacais nos esconderijos, tais são os teus profetas, ó Israel.
5. Não subistes por sobre as brechas para refazer um muro à casa de Israel, a fim de poder estar seguro no combate no dia do Senhor.
6. Vêem só visões disparatadas, só fazem predições enganosas, eles que dizem: oráculo do Senhor! quando o Senhor não os enviou; e, todavia, esperam a realização de sua palavra.
7. Não é verdade que não tendes senão visões ineptas e não fazeis senão predições enganadoras, quando dizeis: oráculo do Senhor, quando eu não falei coisa alguma?
8. E, por isso, eis o que diz o Senhor Javé: porque proferis oráculos enganadores e tendes visões mentirosas, eu vou castigar-vos – oráculo do Senhor Javé.
9. Estenderei minha mão contra esses profetas de visões ineptas e de oráculos enganadores. Não farão mais parte do conselho do meu povo, não serão inscritos no número da casa de Israel e não regressarão à terra de Israel. E saberão assim que sou eu o Senhor Javé.
10. Porquanto abusam do meu povo, dizendo: Tudo vai bem, quando tudo vai mal. Quando o meu povo constrói um muro, ei-los a cobrirem-no de gesso.
11. Dize pois àqueles que põem esse gesso: este muro vai cair. Vai haver um aguaceiro, vai cair saraiva grossa, vai desencadear-se uma tempestade;
12. e o muro vai rachar. Então, se vos dirá: onde está o reboco de gesso que amassastes?
13. Pois bem! Eis o que diz o Senhor Javé: em minha indignação, desencadearei um furacão, em minha cólera, vou mandar uma tempestade, em meu furor de destruição, farei cair granizo.
14. Abaterei assim o muro que emboçastes, pô-lo-ei abaixo, desnudá-lo-ei até as suas fundações. Ele desmoronará e perecereis no meio dos (escombros). Sabereis assim que sou o Senhor.
15. Quando houver saciado o meu furor contra o muro e contra aqueles que o tiverem rebocado de gesso, direi: nada de muro! Desapareceram aqueles que o rebocaram,
16. esses profetas israelitas que profetizavam sobre Jerusalém e tinham para ela visões de bem-estar quando tudo ia mal! – oráculo do Senhor Javé.
17. Tu, filho do homem, volta-te agora para as filhas do teu povo que profetizam de sua própria cabeça, e pronuncia contra elas
18. o oráculo seguinte: eis o que diz o Senhor Javé: ai daquelas que cosem faixas para todos os punhos, que confeccionam véus para as cabeças de todos os tamanhos, com o fito de fazerem caça às almas. Como?! Capturais as almas do meu povo, enquanto vós conservais em vida vossas próprias almas!
19. Vós me aviltais perante o meu povo por alguns punhados de cevada e uns pedaços de pão, fazendo perecer vidas que não deveriam morrer, e dando vida a quem não deveria viver. Assim, enganais o meu povo, que não quer senão ouvir fábulas.
20. Eis por que diz o Senhor: vou contra as ligaduras de que vos servis para dar caça às almas: eu as arrancarei de vossos braços e darei vôo às almas que, como pássaros, apanhastes na armadilha.
21. Rasgarei do mesmo modo os vossos véus e livrarei o meu povo de vossas mãos, a fim de que deixem de ser presa em vossas mãos. E sabereis assim que eu sou o Senhor.
22. Porque vós abateis a coragem do justo com vossas mentiras, enquanto eu não o abato, porque encorajais o ímpio a não renunciar ao seu caminho perverso para não reencontrar a vida,
23. já não tereis essas visões tolas e não mais proferireis oráculos. Libertarei o meu povo de vossas mãos, e sabereis que eu sou o Senhor.

 
Capítulo 14

1. Vieram à minha procura alguns anciãos de Israel, e se assentaram junto de mim.
2. A palavra do Senhor foi-me então dirigida nestes termos:
3. filho do homem, esses homens têm os ídolos instalados no coração, e eles têm constantemente diante dos olhos o que os leva a cair no pecado. É preciso deixar-me consultar por eles?
4. Pois bem, fala-lhes e anuncia-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: se acontecer a um israelita, que tem ídolos instalados no coração e conserva diante dos olhos o que o faz cair no pecado, vir ter com um profeta, sou eu, o Senhor, que lhe responderei pessoalmente segundo a multidão dos seus ídolos,
5. a fim de atingir no coração essa casa de Israel que, por amor aos seus ídolos, se tem afastado de mim.
6. Por isso diz à casa de Israel: eis o que diz o Senhor Javé: retornai! Renunciai a vossos ídolos, deixai de vez todas as vossas práticas abomináveis.
7. Se efetivamente sucede a algum israelita ou, também, a algum estrangeiro que more em Israel afastar-se de mim e instalar ídolos no coração, conservando diante dos olhos o que o faz cair no pecado, e depois se dirigir a um profeta para me consultar por seu ministério,
8. sou eu, o Senhor, que hei de responder contra esse homem; farei dele um exemplo que se há de tornar proverbial, porque o eliminarei do meu povo, e sabereis por essa forma que eu sou o Senhor.
9. E, se o profeta se deixar seduzir e proferir um oráculo, é que eu, o Senhor, o terei seduzido; estenderei a mão contra ele e o farei seduzir; contra ele estenderei a mão, e o farei desaparecer do meio do meu povo de Israel.
10. Carregarão o peso da sua falta, tanto o consulente como o profeta,
11. a fim de que a casa de Israel não se afaste para longe de mim, e não se manche por causa de todos os seus delitos. Então eles serão o meu povo e eu serei o seu Deus – oráculo do Senhor Javé.
12. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
13. filho do homem, se uma terra pecasse contra mim por infidelidade e eu estendesse contra ela a mão, suprimindo-lhe o pão que fortifica, e a ela enviasse a fome exterminadora dos animais e dos homens,
14. ainda que houvesse nessa terra Noé, Daniel e Jó, esses três homens só salvariam a si próprios, devido à sua justiça – oráculo do Senhor Javé.
15. Se eu deixasse os animais ferozes percorrerem a terra para devorar as crianças e transformarem-na em deserto, onde ninguém, por temor dessas feras, ousasse passar,
16. e se esses três homens se encontrassem nessa terra – por minha vida! – oráculo do Senhor Javé -, eles não poderiam salvar nem seus filhos nem suas filhas; somente eles escapariam e a terra continuaria deserta.
17. Ou, se eu fizesse vir a espada sobre essa terra, dizendo: que a espada passe por aqui e corte indistintamente homens e animais,
18. e se esses três homens se encontrassem aí – por minha vida! – oráculo do Senhor Javé -, não poderiam eles salvar nem seus filhos nem suas filhas; somente eles seriam salvos.
19. Ou ainda, se eu enviasse a peste sobre essa terra, e fizesse cair sobre ela o meu furor no sangue, exterminando homens e feras,
20. e se Noé, Daniel e Jó se encontrassem aí – por minha vida! – oráculo do Senhor Javé -, não poderiam eles garantir por sua justiça nem seus filhos nem suas filhas, mas somente a sua própria vida.
21. Assim fala o Senhor Deus: mesmo que lance eu os meus quatro funestos flagelos – a espada, a fome, as feras e a peste – contra Jerusalém, para exterminar dela homens e animais,
22. subsistirão entretanto alguns sobreviventes, filhos e filhas, que sairão da cidade. Eis que eles virão até vós. Quando tiverdes visto seu proceder e seus atos, vós vos consolareis das calamidades que eu houver desencadeado contra Jerusalém, de tudo quanto eu lhe houver infligido,
23. Eles vos consolarão, quando houverdes observado o seu comportamento e seus atos: reconhecereis não ser sem motivo que eu tratei a cidade como fiz – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 15

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, a lenha da vinha por que valeria mais que a de galhos das outras árvores da floresta?
3. Toma-se dela para fazer um objeto? Faz-se mesmo uma cavilha para pendurar o que quer que seja?
4. Eis aí: mete-se no fogo para destruir. Quando o fogo consumir as duas extremidades, e queimar o meio, pode ainda servir para alguma coisa?
5. Quando ele estava intacto, não servia para objeto algum; consumido e queimado pelo fogo, ainda menos poderá servir para qualquer coisa.
6. Eis por que diz o Senhor Javé: assim como entre as árvores da floresta é a madeira da vide que eu lanço ao fogo para consumir, assim lançarei eu os habitantes de Jerusalém.
7. Voltarei contra eles a minha face. Fugirão ao fogo; o fogo, porém, os devorará. Saberão que eu sou o Senhor, quando eu voltar contra eles a minha face,
8. e transformar a terra num deserto, porque me têm sido infiéis – oráculo do Senhor Javé;

 
Capítulo 16

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, mostra a Jerusalém os seus crimes abomináveis.
3. Dir-lhe-ás: eis o que diz o Senhor Javé a respeito de Jerusalém: por tua origem e nascimento, pertences à terra de Canaã; teu pai foi um amorreu e tua mãe, uma hitita.
4. No dia do teu nascimento, teu cordão umbilical não foi cortado; não te banharam com água para te purificar, não te untaram com sal, nem te enfaixaram.
5. Ninguém se inclinou sobre ti para te prestar algum piedoso cuidado. No dia em que nasceste foste exposta em meio das campinas; só havia infortúnio para ti.
6. Passei junto de ti e te percebi banhada em teu sangue. Eu te gritei: vive (malgrado o teu sangue), vive (malgrado o teu sangue),
7. e eu te fiz multiplicar como a erva dos prados. Cresceste. Ficaste moça. Teus seios se formaram, veio-te o pêlo. Mas estavas nua, inteiramente nua.
8. Passando junto de ti, verifiquei que já havia chegado o teu tempo, o tempo dos amores. Estendi sobre ti o pano do meu manto, cobri tua nudez; depois fiz contigo uma aliança ligando-me a ti pelo juramento – oráculo do Senhor Javé – e tu me pertenceste.
9. Então eu te mergulhei na água para limpar o sangue de que estavas coberta, e te ungi com óleo.
10. Eu te vesti de tecidos bordados, calcei-te com sapatos de pele de golfinho, cingi-te com um cinto de fino linho e um véu de seda.
11. Ornei-te de adornos: braceletes nos teus pulsos, colares em teu pescoço,
12. um anel para o teu nariz, brincos para tuas orelhas, uma coroa magnífica para tua cabeça.
13. Teus ornatos eram de ouro, prata, com vestimentas de linho fino, de seda e panos bordados; teu alimento era trigo, mel e óleo. Cada vez mais bela, chegaste à dignidade real.
14. A reputação da tua beleza correu entre as nações, pois essa beleza era perfeita, graças ao esplendor que te havia eu preparado – oráculo do Senhor Javé.
15. Tu, porém, te fiaste na beleza, aproveitaste da tua fama para te prostituíres e ofereceste a tua sensualidade a todo transeunte, a quem te entregaste.
16. Tomaste tuas vestimentas para delas fazeres lugares altos para ti, ornados de panos de variegadas cores, e te deste à depravação, o que jamais deveria ter sucedido, e que te não sucederá jamais.
17. Tomaste as esplêndidas jóias feitas com o meu ouro e minha prata, jóias que eu te havia doado, e fabricaste com elas imagens humanas, com que te prostituíste,
18. cobriste-as com as tuas próprias vestes bordadas, e lhes ofereceste o meu óleo e os meus aromas.
19. O pão que eu te havia dado, a flor da farinha, o óleo e o mel com que te nutrias, deste-os em oferenda de agradável odor. Eis o que tens feito – oráculo do Senhor Javé.
20. Depois tomaste os teus filhos e tuas filhas, que para mim deste à luz e os ofereceste a eles para sua nutrição. Por acaso são poucas as tuas prostituições?
21. Degolaste os meus filhos e os fizeste passar pelo fogo em sua honra.
22. Em meio a todas essas depravações abomináveis, não te lembraste do tempo de tua juventude, quando estavas toda nua e te rolavas em teu sangue.
23. Para cúmulo de todas essas maldades – Ai! Ai de ti! Oráculo do Senhor -,
24. edificaste uma colina, um lugar alto em todas as encruzilhadas.
25. À entrada de cada rua erigiste um lugar alto, e desonraste a tua beleza, dando teu corpo a todos os que vinham, multiplicando as tuas depravações.
26. Tu te prostituíste com os egípcios, teus vizinhos de corpos vigorosos, e multiplicaste as prostituições para me irritar.
27. Mas eu estendi a mão contra ti; reduzi a tua porção, deixei-te à mercê das tuas inimigas, as filhas dos filisteus, envergonhadas elas próprias do teu infame proceder.
28. Tu te prostituíste também com os assírios, porque não estavas satisfeita, e ainda assim não te deste por saciada;
29. multiplicaste as tuas depravações no país dos mercadores, entre os caldeus, sem que, contudo, te tenhas fartado.
30. Como é frouxo o teu coração – oráculo do Senhor Javé -, para teres tido ali o comportamento de uma prostituta,
31. por teres construído um montículo em todas as encruzilhadas, e um lugar alto à entrada de todas as ruas, sem mesmo procurar um salário como meretriz.
32. Tens sido mulher adúltera que acolhe os estranhos em lugar do esposo.
33. A todas as prostitutas se dão presentes, mas tu fizeste brindes a todos os teus amantes, procedeste com largueza para que de todos os lados viessem prostituir-se contigo.
34. Tens sido o avesso das outras mulheres em tuas depravações: não te procuravam; eras tu que pagavas ao invés de receber, fazendo tudo ao contrário do que fazem as outras.
35. Em vista de tudo isto, luxuriosa, escuta o que diz o Senhor:
36. eis o que diz o Senhor Javé: por tua prata dilapidada, por tua nudez descoberta no decurso de tuas prostituições com os teus amantes e com os teus ídolos abomináveis, pelo sangue de teus filhos que lhes deste,
37. vou reunir todos os teus amantes com aquele a quem juraste amor, todos quantos amaste e todos que detestas-te, vou reuni-los contra ti de todos os lados, e perante eles descobrirei a tua nudez, a fim de que te contemplem totalmente.
38. Eu infligirei o castigo às adúlteras e às criminosas, e contra ti desencadearei meu furor e meus ciúmes.
39. Entregar-te-ei nas suas mãos; eles demolirão o teu montículo, abaterão o teu lugar alto; despojar-te-ão dos teus vestidos; levarão os teus ornatos e te deixarão nua e despojada.
40. Em seguida sublevarão contra ti a multidão: serás apedrejada e perecerás pela espada;
41. atearão fogo à tua casa e se fará juízo contra ti, aos olhos de uma multidão de mulheres; porei fim às tuas prostituições e não terás mais salário a dar.
42. Saciarei o meu furor contra ti e, quando tiveres deixado de ser objeto do meu zelo, eu me acalmarei, e minha cólera terminará.
43. Porque não te lembraste do tempo da tua mocidade, e tudo isso fizeste com o fito de provocar-me, vou fazer cair sobre tua cabeça o peso de teu proceder – oráculo do Senhor Javé -, a fim de que não ajuntes novos crimes às tuas abominações.
44. Todos os amigos de provérbios dirão a teu respeito: tal mãe, tal filha.
45. De fato és bem filha de tua mãe, que tomou aversão a seu marido e a seus filhos; és bem irmã de tuas irmãs, que tomaram aversão a seus maridos e a seus filhos. Tua mãe era uma hitita e teu pai, um amorreu.
46. Tua irmã mais velha é Samaria, que habita à esquerda com suas filhas; tua irmã mais moça é Sodoma, que habita com suas filhas à tua direita.
47. Ainda não estavas contente em seguir seu passo e em imitar seus horrores; era pouco! Foste mais longe que elas na corrupção.
48. Por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, tua irmã Sodoma e suas filhas não fizeram o que fizeste tu e tuas filhas.
49. O crime da tua irmã Sodoma era este: opulência, glutoneria, indolência, ociosidade; eis como vivia ela, assim como suas filhas, sem tomar pela mão o miserável e o indigente.
50. Tornaram-se arrogantes e, sob os meus olhos, se entregaram à abominação; por isso eu as fiz desaparecer, como viste.
51. Quanto à Samaria, não cometeu ela a metade dos teus pecados, porque multiplicaste os teus crimes além dos seus e, por todas essas perversidades que cometeste, justificaste as tuas irmãs.
52. Carrega, pois, também tu, a vergonha das faltas pelas quais tu as justificaste graças a teus pecados, cuja malvadez superou a dos delas, afiguram-se elas mais justas que tu. De tua parte, carrega a vergonha e suporta a tua ignomínia, pois até fazes parecerem justas as tuas irmãs.
53. No tempo em que eu as tiver restaurado, Sodoma e suas filhas, Samaria e suas filhas, eu te restaurarei entre elas,
54. a fim de que carregues o teu opróbrio e sejas tu confundida por tudo quanto fizeste para seu conforto.
55. Tua irmã Sodoma e suas filhas retornarão a seu primitivo estado, Samaria e suas filhas igualmente; e tu também, com tuas filhas, voltareis à vossa antiga situação.
56. Ao tempo do teu orgulho, o nome de tua irmã Sodoma não era famoso em tua boca,
57. antes que houvesse sido patenteada a tua perversidade, como no tempo em que recebias os ultrajes das filhas da Síria e de suas vizinhas, das filhas dos filisteus que de toda parte te insultavam.
58. Eis-te carregada do peso dos teus crimes e das tuas abominações – oráculo do Senhor.
59. Pois eis o que diz o Senhor Javé: eu farei a ti conforme fizeste tu, que desprezaste a tua origem violando o pacto.
60. Mas eu me recordarei da aliança que contigo celebrei no tempo de tua juventude, e farei contigo uma eterna aliança.
61. Então te lembrarás de teu procedimento, e terás vergonha disso, quando eu tomar tuas irmãs mais velhas, juntamente com as mais novas, e tas der por filhas, mas isso não em virtude de tua aliança.
62. Sou eu que hei de restabelecer a minha aliança contigo, e tu saberás que sou eu o Senhor,
63. a fim de que te recordes (do passado) e te envergonhes, e que, em tua vergonha, não tenhas mais a audácia de abrir a boca, quando eu houver perdoado os teus delitos, – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 17

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. Filho do homem, propõe um enigma, apresenta uma parábola à casa de Israel.
3. Dize-lhe: eis o que diz o Senhor Javé: A grande águia de grandes asas, de larga envergadura, toda coberta de plumagem malhada, veio do Líbano. E tirou a copa de um cedro,
4. arrancou o mais alto de seus ramos, levou-o ao país dos mercadores e o depôs na cidade do negócio,
5. depois tomou um tronco de árvore da terra, e colocou-o num terreno preparado; à beira de águas copiosas plantou-o, como um salgueiro.
6. Ele germinou e transformou-se em vide frondosa, ainda que pouco elevada, e voltou suas ramagens para a águia, com suas raízes debaixo dela. Ela se tornou um ramo da vinha, produziu hastes, e lançou ramos.
7. Havia outra grande águia, de grandes asas, com abundante plumagem; e eis que para ela essa vinha voltou suas raízes, e lançou seus braços para ela, do horto onde estava plantada, a fim de que a regasse.
8. Era num solo excelente, à margem de ondas copiosas, que esta cepa estava plantada, de maneira a lançar ramos e produzir frutos, e tornar-se uma esplêndida vinha.
9. Dize, pois: eis o que diz o Senhor Javé: esta vinha irá prosperar? A primeira águia não arrancará suas raízes? Não abaterá o seu fruto para que ela seque, de sorte que murche toda a folhagem que ela estendeu? Sem esforço e sem ajuda da multidão será arrancada.
10. Eis que ela está plantada: será que crescerá? Tocada pelo vento do oriente, não secará ela de todo? Não secará no horto onde está plantada?
11. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
12. pergunta a essa raça de recalcitrantes: não sabeis o que significa isso? – Dize: o rei de Babilônia chegou a Jerusalém, prendeu o rei e os dirigentes da cidade, para levá-los com ele à Babilônia.
13. Escolheu na estirpe real um homem com o qual celebrou um tratado e a quem fez prestar juramento. Ele, porém, levou os poderosos do país,
14. para que o reino fosse abatido sem esperança de soerguimento, a fim de que esse homem, observando o pacto, pudesse subsistir.
15. Entretanto, este se revoltou contra ele, enviando mensageiros ao Egito para pedir cavalos e um numeroso exército. Triunfará ele? Escapará por acaso aquele que procedeu dessa maneira? Após haver rompido a aliança, haveria ele de se salvar?
16. Por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, é no país do rei que o fez reinar, de quem ele desprezou o juramento e rompeu a aliança, é em Babilônia que ele morrerá.
17. Com o seu forte exército e a sua multidão de homens, o faraó nada poderá por si mesmo na guerra, quando forem levantados os terraços e construídos os muros para fazer perecer uma multidão de homens.
18. Ele desprezou o seu juramento e rompeu a aliança, embora tivesse já dado a sua palavra. Ele fez tudo isso; não escapará.
19. Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: Por minha vida, é o meu juramento que ele rejeitou, é minha aliança que ele infringiu: farei cair isso sobre sua cabeça.
20. Estenderei sobre ele a minha rede e será apanhado no meu laço; levá-lo-ei a Babilônia e ali o processarei por causa da transgressão que cometeu contra mim,
21. Todos os fugitivos de suas tropas cairão sob minha espada, e os que ficarem serão espalhados pelos ventos. E sabereis que sou eu, o Senhor, que falei.
22. Eis o que diz o Senhor: Pegarei eu mesmo da copa do grande cedro, dos cimos de seus galhos cortarei um ramo, e eu próprio o plantarei no alto da montanha.
23. Eu o plantarei na alta montanha de Israel. Ele estenderá seus galhos e dará fruto; tornar-se-á um cedro magnífico, onde aninharão aves de toda espécie, instaladas à sombra de sua ramagem.
24. Então todas as árvores dos campos saberão que sou eu, o Senhor, que abate a árvore soberba, e exalta o humilde arbusto, que seca a árvore verde, e faz florescer a árvore seca. Eu, o Senhor, o disse, e o farei.

 
Capítulo 18

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: por que repetis continuamente esse provérbio entre os israelitas:
2. os pais comeram uvas verdes, mas são os dentes dos filhos que ficam embotados?
3. Por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, não tereis mais ocasião de repetir esse provérbio em Israel.
4. É a mim que pertencem as vidas, a vida do pai e a vida do filho. Ora, é o culpado que morrerá.
5. O homem justo – que procede segundo o direito e a eqüidade,
6. que não participa dos festins das montanhas, que não volve os olhos para os ídolos da casa de Israel, que não desonra a mulher do próximo, e não tem relação com uma mulher durante o tempo de sua impureza,
7. que não oprime ninguém, que restitui o penhor ao seu devedor, que não exerce a rapina, que dá seu pão aos famintos, e cobre com vestimenta o que está nu,
8. que não empresta à taxa usurária e não recebe com juros, que afasta a sua mão da iniqüidade, e julga eqüitativamente entre um homem e outro,
9. que segue os meus preceitos e observa as minhas leis, para proceder com retidão – esse homem é um justo: certamente viverá. Oráculo do Senhor Javé.
10. Porém, se esse homem gerou um filho violento e sanguinário, que comete (contra seu irmão) uma dessas faltas
11. embora ele próprio não tenha cometido nenhuma; um filho que come nas montanhas e desonra a mulher do próximo,
12. que oprime o infeliz e o indigente, que pratica a rapina e não restitui o penhor, que ergue os olhos para os ídolos e comete abominações,
13. que faz empréstimo com usura e recebe juros, esse rapaz não poderá permanecer em vida. Após as abominações que houver cometido, ele deve perecer, e seu sangue recairá sobre ele.
14. Se, pelo contrário, o homem gerou um filho que, à vista de todas as faltas cometidas por seu pai, tem o cuidado de não imitá-lo,
15. um filho que não come nas montanhas e não volve os olhos para os ídolos da casa de Israel, que não desonra a mulher do próximo,
16. não oprime ninguém, e não retém o penhor; não pratica a rapinagem, dá pão ao faminto e cobre com vestimenta o que está nu;
17. que se abstém de causar dano ao infeliz, que não empresta com usura e nem recebe juros, mas observa os meus mandamentos e procede de conformidade com as minhas leis – esse filho não perecerá pelas iniqüidades de seu pai mas certamente viverá.
18. É seu pai, que, pelas violências e rapinas que cometeu contra o próximo e pelo mal que fez no meio do seu povo, é este que há de perecer por causa de suas faltas.
19. Perguntais por que não leva o filho a iniqüidade do pai! É que o filho praticou a justiça e a eqüidade, e, como observa e cumpre as minhas leis, também ele viverá.
20. É o pecador que deve perecer. Nem o filho responderá pelas faltas do pai nem o pai pelas do filho. É ao justo que se imputará sua justiça, e ao mau a sua malícia.
21. Se, no entanto, o mau renuncia a todos os seus erros para praticar as minhas leis e seguir a justiça e a eqüidade, então ele viverá decerto, e não há de perecer.
22. Não lhe será tomada em conta qualquer das faltas cometidas: ele há de viver por causa da justiça que praticou.
23. Terei eu prazer com a morte do malvado? – oráculo do Senhor Javé. – Não desejo eu, antes, que ele mude de proceder e viva?
24. E, se um justo abandonar a sua justiça, se praticar o mal e imitar todas as abominações cometidas pelo malvado, viverá ele? Não será tido em conta qualquer dos atos bons que houver praticado. É em razão da infidelidade da qual se tornou culpado e dos pecados que tiver cometido que deverá morrer.
25. Dizeis: não é justo o modo de proceder do Senhor. Escutai-me então, israelitas: o meu modo de proceder não é justo? Não será o vosso que é injusto?
26. Quando um justo renunciar à sua justiça para cometer o mal e ele morrer, então é devido ao mal praticado que ele perece.
27. Quando um malvado renuncia ao mal para praticar a justiça e a eqüidade, ele faz reviver a sua alma.
28. Se ele se corrige e renuncia a todas as suas faltas, certamente viverá e não perecerá.
29. E eis que a casa de Israel pretende que o modo de proceder do Senhor não seja justo! Não é acaso o vosso modo de proceder que é injusto?
30. Assim, pois, casa de Israel, é segundo o vosso próprio proceder que julgarei cada um de vós – oráculo do Senhor Javé. Convertei-vos! Renunciai a todas as vossas faltas! Que não haja mais em vós o mal que vos faça cair.
31. Repeli para longe de vós todas as vossas culpas, para criardes em vós um coração novo e um novo espírito. Por que haveríeis de morrer, israelitas?
32. Não sinto prazer com a morte de quem quer que seja – oráculo do Senhor Javé! Convertei-vos, e vivereis!

 
Capítulo 19

1. E tu, filho do homem, faze ouvir este cântico fúnebre acerca dos príncipes de Israel.
2. Quem era tua mãe? Uma leoa entre leões; estendida entre os leõezinhos, ela criava os seus filhotes.
3. Um dos filhotes cresceu até se tornar leão; aprendeu a despedaçar a presa, a devorar os homens.
4. Então as nações se coligaram contra ele, e foi preso em sua fossa; com cadeias foi levado para a terra egípcia.
5. Sua mãe viu que sua expectativa e sua esperança eram vãs; ela tomou outro dos seus filhotes para dele fazer um leãozinho.
6. Ele abriu caminho entre os leões, tornou-se um jovem leão; aprendeu a despedaçar a presa, a devorar os homens;
7. devastou seus palácios e desolou suas cidades, a terra e seus habitantes ficaram amedrontados com os seus rugidos.
8. Coligaram-se contra ele as nações vizinhas; lançaram sobre ele uma cilada; em sua fossa ele foi preso.
9. Foi posto na jaula com cadeias, conduziram-no ao rei de Babilônia, prenderam-no numa fortaleza, para que não se ouvisse mais a sua voz nas montanhas de Israel.
10. Tua mãe se assemelhava a uma vinha plantada à margem da torrente, carregada de frutos e de folhas, devido à abundância das águas.
11. Ela teve um ramo vigoroso, que se tornou um cetro real; sua estatura avultava-se em meio de uma espessa folhagem. Ela se distinguia por sua altitude e pelo número de seus ramos.
12. Ela porém foi arrancada furiosamente, e arremessada por terra. O vento do oeste dessecou seus frutos, que caíram; emurcheceu o seu vigoroso ramo, crestado pelo fogo,
13. e agora está ela plantada no deserto, em terra seca e árida.
14. O fogo, lançado num de seus ramos, devorou seu fruto; nela não há mais ramo forte, nem cetro real! É um canto fúnebre, que efetivamente serviu de lamentação.

 
Capítulo 20

1. No sétimo ano, no décimo dia do quinto mês, vieram alguns anciãos de Israel consultar o Senhor, e se assentaram diante de mim.
2. A palavra do Senhor me foi dirigida nestes termos:
3. filho do homem, dirige-te como se segue aos anciãos de Israel: eis o que diz o Senhor Javé: viestes para me consultar. Por minha vida! Eu não me deixarei consultar por vós – oráculo do Senhor Javé.
4. Julga-os, julga-os pois, filho do homem. Faze-os reconhecer as abominações de seus pais.
5. Dize-lhes: eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que fiz a escolha de Israel, em que levantei a mão para a raça de Jacó, em que me dei a conhecer a eles no Egito, em que ergui a mão para eles, dizendo: sou eu que sou o Senhor, vosso Deus -,
6. foi nesse dia que jurei tirá-los do Egito para conduzi-los à terra que eu escolhera para eles, terra que mana leite e mel, a jóia de todos os países.
7. Eu lhes disse então: que cada um lance para fora os ídolos abomináveis que atraem os vossos olhos; não mais vos mancheis com os ídolos do Egito. Eu é que sou o Senhor, vosso Deus.
8. Eles, porém, se rebelaram contra mim e se recusaram a escutar-me; nenhum deles rejeitou os ídolos abomináveis que atraem os olhos e nenhum abandonou os ídolos do Egito. À vista disso, decidi desencadear sobre eles a minha cólera e contra eles e contra o próprio Egito saciar o meu furor.
9. Se eu os tirei do Egito, foi somente em consideração ao meu nome, a fim de que não fosse odiado aos olhos das nações entre as quais viviam, e onde eu me tinha dado a conhecer a eles.
10. Eu os fiz assim sair do Egito e os conduzi ao deserto.
11. Eu lhes dei as minhas leis e lhes ensinei os meus preceitos, em virtude dos quais vive aquele que os observa.
12. Instituí mesmo para eles os meus sábados, como sinal entre mim e eles, a fim de que reconhecessem que sou eu, o Senhor, que os santifica.
13. No deserto, todavia, os israelitas se rebelaram contra mim; não praticaram as minhas leis e rejeitaram os meus preceitos, em virtude dos quais o homem vive, quando os cumpre; profanaram gravemente os meus sábados. Por isso tomei a resolução de desencadear sobre eles o meu furor, no deserto, para aniquilá-los.
14. Mas o fiz em consideração ao meu nome, a fim de que não ficasse ele desmoralizado aos olhos das nações, perante as quais eu os tinha feito sair (do Egito).
15. Todavia, no deserto, eu lhes fiz o juramento de não levá-los à terra que eu lhes tinha prometido, terra onde corria leite e mel, a mais bela de todas as terras,
16. porque haviam rejeitado as minhas leis, abandonando os meus preceitos, profanando os meus sábados e entregando-se intimamente a seus ídolos.
17. Depois eu me compadeci deles; renunciei à idéia de destruí-los, e não os exterminei completamente no deserto.
18. Eu disse no deserto a seus filhos: não sigais os preceitos dos vossos pais, não imiteis as suas práticas, contaminando-vos com os ídolos.
19. Sou eu, o Senhor, que sou o vosso Deus. Deveis guardar as minhas leis, observar e praticar as minhas ordens.
20. Respeitai santamente os meus sábados, a fim de que sejam um sinal entre mim e vós, e que se saiba que eu, o Senhor, é que sou o vosso Deus.
21. Mas também os filhos se sublevaram contra mim, não cumpriram as minhas leis, não as observaram, pondo em prática os meus preceitos, em virtude dos quais o homem vive, desde que os cumpra; e eles profanaram os meus sábados. Por isso concebi o desígnio de desencadear contra eles a minha cólera, de fartar minha ira contra eles no deserto.
22. Se retirei a minha mão, foi em atenção ao meu nome, a fim de que não seja desrespeitado entre as nações perante as quais eu os tirei (do Egito).
23. Entretanto, fiz, no deserto, o juramento de dispersá-los entre as nações e de disseminá-los através dos países,
24. porque não haviam observado os meus preceitos, tinham rejeitado as minhas leis, profanando os meus sábados e deixando seus olhos se apegar aos ídolos de seus pais.
25. De minha parte, cheguei a dar-lhes estatutos que lhes foram funestos, ordens em virtude das quais não podiam viver;
26. eu os tornei impuros por suas oferendas – quando faziam passar seus primogênitos pelo fogo – para puni-los e dar-lhes a conhecer que eu sou o Senhor.
27. Por isso, filho do homem, dirige-te à casa de Israel: eis o que diz o Senhor Javé: ainda nisso me ultrajaram os vossos pais, e me foram infiéis.
28. Após haverem sido introduzidos por mim na terra que lhes havia jurado dar à vista de todas as suas colinas elevadas, de todas as árvores frondosas, ofereceram seus sacrifícios e apresentaram as suas oblações que me irritavam; depuseram o agradável odor (de suas oferendas) e derramaram as suas libações.
29. Então eu lhes disse: que lugar alto é esse, aonde ides? E esse nome de lugar alto é o que até hoje tem subsistido.
30. Por isso, dirige-te assim à casa de Israel: eis o que diz o Senhor Javé: vós vos contaminais, à maneira dos vossos pais, e vos prostituís como os seus ídolos.
31. Apresentando as vossas oferendas, fazendo passar vossos filhos pelo fogo, vós ainda hoje vos manchais com todos os vossos ídolos. E eu, casa de Israel, eu me deixarei consultar por vós? Por minha vida – oráculos do Senhor Javé -, não o farei.
32. Nada sucederá daquilo que sonhais quando dizeis: iremos fazer como as nações, como as raças da terra, rendendo culto à árvore e à pedra.
33. Por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, é com mão forte, com braço estendido, no desencadeamento do meu furor, que eu reinarei sobre vós.
34. Eu vos tirarei do meio das nações; reunir-vos-ei fora dos países onde vos achais dispersos e, com mão poderosa, braço estendido, no desencadear do meu furor,
35. vos conduzirei ao deserto das nações onde, face a face, entrarei em julgamento convosco.
36. Como entrei em demanda com os vossos pais, no deserto do Egito, assim entrarei em demanda convosco – oráculo do Senhor Javé.
37. Eu vos farei passar sob o bastão e reentrar nos liames da aliança.
38. Segregarei do vosso meio os rebeldes e aqueles que contra mim se revoltaram, e os tirarei da terra onde se estabeleceram, e eles não entrarão na terra de Israel. Assim sabereis que sou eu o Senhor.
39. Quanto a vós, israelitas, eis o que diz o Senhor: ide, servi cada um de vós aos ídolos! Depois disso juro que me escutareis, e não profanareis o meu santo nome por vossas oferendas e vossos ídolos.
40. É na minha montanha santa, na montanha de Israel – oráculo do Senhor Javé -, é lá que me prestará culto toda a casa de Israel, todos desta nação. Lá vos farei uma acolhida favorável. Lá receberei vossas oferendas e as primícias dos vossos dons, com tudo o que me apresentardes.
41. Em vós deliciar-me-ei com perfume agradável, quando vos tiver arrancado do meio dos povos e reunido fora dos países em que vos acháveis dispersos. Aos olhos das nações, manifestarei em vós a minha santidade;
42. e sabereis que eu sou o Senhor, quando vos tiver conduzido à terra de Israel, que jurei dar a vossos pais.
43. Lá reconhecereis vossa má conduta pela qual vos tornastes impuros e sentireis desgosto de vós mesmos, pelo mal que cometestes.
44. E sabereis que eu é que sou o Senhor, quando eu proceder convosco em atenção ao meu nome, não em consideração aos vossos erros e vossos costumes corrompidos, ó casa de Israel – oráculo do Senhor Javé!

 
Capítulo 21

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, volta-te para a direita e profere um oráculo para o sul, um oráculo contra a floresta do meio-dia.
3. Dize à floresta meridional: escuta a palavra do Senhor: eis o que diz o Senhor Javé: vou acender em tuas matas um fogo que devorará toda árvore verde e toda árvore seca. Uma chama ardente, que não se extinguirá, e queimará todos os rostos do sul ao norte.
4. Todo ser vivo verá que sou eu o Senhor que acendi esse fogo. Ele não se extinguirá.
5. Exclamei então: ah! Senhor Javé, dir-se-á de mim que falo sempre por parábolas!
6. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
7. filho do homem, volta-te para Jerusalém e profere um oráculo contra o santuário, um oráculo contra a terra de Israel.
8. Dize-lhe: eis o que diz o Senhor: vou castigar-te, vou tirar a minha espada da bainha para separar de ti o justo e o perverso.
9. É porque quero exterminar do teu meio o justo e o malévolo que de sul a norte desembainhei a espada contra todo homem.
10. E todo ser vivo saberá que sou eu o Senhor que desembainharei a espada; e não mais a guardarei.
11. Por isso, tu, filho do homem, põe-te a lamentar, com o coração partido; lança, em presença deles, amargos gemidos.
12. Se te perguntarem porque gemes, responderás: é por causa da novidade, que está iminente, e que fará amargurar todos os corações, cair todos os braços, divagar todos os espíritos, dobrar todos os joelhos. Ei-la que chega: ela está aí – oráculo do Senhor Javé!
13. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
14. filho do homem, pronuncia o seguinte oráculo: assim fala o Senhor: dize: A espada! A espada está afiada e polida.
15. Afiada, para o massacre; polida, a ponto de desprender clarões: então haveremos de alegrar-nos? O cetro do meu filho sobrepuja todo madeiro.
16. Deu-se-lhe polimento para empunhá-la na mão; está ela aguçada e limpa para ser entregue ao degolador.
17. Grita, filho do homem, clama, porque foi tirada contra o meu povo, contra todos os príncipes de Israel, que foram entregues ao gládio com meu povo. Fere-te pois a coxa!
18. É uma prova: que há com o cetro desprezado que não mais existe? Oráculo do Senhor Javé.
19. E tu, filho do homem, profetiza, bate as mãos! Que a espada seja dobrada, triplicada! É a espada da carnificina, a espada do grande morticínio que os ameaça de todo lado!
20. Para fazer fundir os corações, para multiplicar as vítimas, diante de todas as portas, assestei a espada para a carnificina; ela está prestes a desprender clarões, ela está afiada para a matança.
21. Volta-te para trás, à direita e à esquerda, diante de ti:
22. também eu vou bater palmas, vou fartar meu furor, sou eu, o Senhor, que o digo!
23. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
24. filho do homem, traça dois caminhos que partam ambos do mesmo lugar, para que possa passar a espada do rei de Babilônia.
25. À entrada do caminho, que conduz à cidade, põe um sinal. Traçarás, para a passagem da espada, um caminho para Rabat dos amonitas, e outro para Judá e a fortaleza de Jerusalém,
26. porque o rei de Babilônia se detém na encruzilhada do caminho, à frente dos dois caminhos, para consultar a sorte: ele agita as flechas, interroga os ídolos domésticos, examina o fígado das vítimas.
27. Em sua mão direita, detém ele a sorte que designa Jerusalém, para aí colocar os carneiros, para aí dar ordens de carnificina e arrancar gritos de guerra, para conduzir os aríetes contra as portas, para suspender terraços e construir torres.
28. Isso significa aos olhos (dos habitantes) de Jerusalém um presságio mentiroso. Prestaram juramento, mas o rei de Babilônia lhes recorda a lembrança de suas iniqüidades, mandando capturá-los.
29. E por isso, que o que diz o Senhor Javé: uma vez que trazeis à memória os vossos delitos, manifestando as vossas faltas, revelando os vossos pecados em todos os vossos atos, já que vos recordais, sereis castigados.
30. Quanto a ti, príncipe de Israel, vil e ímpio, cujo dia é chegado com o término da iniqüidade,
31. eis o que diz o Senhor Javé: Deixa essa tiara; larga essa coroa; tudo vai mudar. Vai-se exaltar o que é baixo, e abaixar o que é elevado.
32. Ruína, ruína e ruína! Eis o que dela farei; será aniquilada até que isso aconteça àquele a quem pertence o julgamento, e ao qual eu a entregarei.
33. E tu, filho do homem, profetiza: Eis o que diz o Senhor Javé em relação aos amonitas e seus ultrajes. Dize: a espada está desembainhada para a matança, afiada para o massacre, a ponto de desprender clarões,
34. enquanto te entregas a visões mentirosas e a oráculos enganadores, para pô-la na garganta dos cadáveres dos ímpios, cujo dia é chegado com o fim da iniqüidade.
35. Põe-na em tua bainha. É no lugar onde foste criado, tua terra natal, que te irei julgar.
36. Sobre ti desencadearei a minha cólera; soprarei sobre ti o fogo do meu furor; eu te entregarei nas mãos de homens brutais, artífices de destruição.
37. Serás presa das chamas; teu sangue correrá no meio da terra; não se recordará mais de ti, porque sou eu o Senhor, que falei.

 
Capítulo 22

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. E tu, filho do homem, não julgarás, não julgarás esta cidade sanguinária? Faze-lhe conhecer todas as suas abominações.
3. Dize-lhe: eis o que diz o Senhor Javé: ah! cidade que espalhas o sangue em tuas ruas para que chegue a tua hora, que eriges ídolos para te sujares,
4. pelo sangue que tens derramado tu te tornaste culpada e te poluíste pelos teus ídolos que talhaste; precipitaste a tua hora, adiantaste o termo de teus anos. Por isso vou abandonar-te aos ultrajes das nações, e ao escárnio de todos os países.
5. Próximos ou distantes, eles zombarão de ti, cidade cujo nome é odioso, cidade cheia de desordens.
6. Vê: os príncipes de Israel estão em ti ocupados, cada um por si, a derramar sangue.
7. Em ti, desprezam-se pai e mãe, violenta-se o hóspede estrangeiro, maltratam-se o órfão e a viúva.
8. Tens aviltado meus santuários e profanado os meus sábados.
9. Há em ti delatores que fazem derramar sangue; gente de tua casa que vai comer na montanha. Cometem-se infâmias no meio de ti:
10. descobre-se a nudez de seu pai, faz-se violência à mulher durante o período da menstruação;
11. um comete horrores com a mulher do próximo, outro desonra incestuosamente sua nora, outro viola sua irmã, filha de seu pai.
12. Em ti aceitam-se presentes para derramar sangue, tu recebes a usura e os juros, fazes violência ao próximo para despojá-lo; e a mim tu me esqueces – oráculo do Senhor Javé.
13. Muito em breve, porém, vou bater palmas devido às pilhagens que tens feito e ao sangue em ti derramado.
14. Poderá resistir teu coração, tuas mãos poderão agüentar, ao chegarem os dias em que eu me levantar contra ti? Sou eu, o Senhor, que o digo, e que o executarei.
15. Eu te disseminarei entre as nações, te dispersarei através dos povos. Limparei totalmente a tua mancha,
16. serás aviltada, por tua culpa, aos olhos das nações, e reconhecerás assim que sou eu o Senhor.
17. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
18. Filho do homem, a casa de Israel tornou-se para mim escória. São todos (como) cobre, estanho e ferro e chumbo no cadinho: são escória da prata.
19. Por isso, eis o que diz o senhor Javé: já que todos vós sois escórias, vou reunir-vos em Jerusalém.
20. Do mesmo modo como se ajunta no meio do forno a prata, o cobre, o ferro, o chumbo e o estanho, e como se atiça o fogo sobre eles para fundi-los, do mesmo modo, no furor da minha cólera, eu vos amontoarei todos juntos lá para vos fazer fundir.
21. Eu vos reunirei e atiçarei sobre vós o fogo do meu furor, para vos fazer fundir em Jerusalém.
22. Semelhantes à prata, que se funde no cadinho, sereis fundidos no meio da cidade e assim reconhecereis que sou eu, o Senhor, que desencadeei sobre vós o meu furor.
23. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
24. filho do homem, dize a Jerusalém: és uma terra que não recebeu nem chuva nem aguaceiro, na estação da cólera.
25. Há em teu seio uma conspiração de príncipes. Como o leão que ruge, que arrebata a presa, eles devoram as pessoas, tomam-lhes os bens e as riquezas, e multiplicam as viúvas.
26. Seus sacerdotes violam a minha lei, profanam o meu santuário, tratam indiferentemente o sagrado e o profano e não ensinam a distinguir o que é puro do que é impuro; fecham os olhos para não ver os meus sábados; no meio deles a minha santidade é profanada.
27. Seus chefes lá estão como lobos que despedaçam a presa, derramando sangue, perdendo vidas para tirar proveitos.
28. Seus profetas cobrem tudo com uma argamassa: têm visões de mentira e oráculos enganadores. Dizem: eis o que diz o Senhor, quando o Senhor nada disse.
29. A população da terra se entrega à violência e à rapina, à opressão do pobre e do indigente, e às vexações injustificáveis contra o estrangeiro.
30. Tenho procurado entre eles alguém que construísse o muro e se detivesse sobre a brecha diante de mim, em favor da terra, a fim de prevenir a sua destruição, mas não encontrei ninguém.
31. Por isso vou desencadear sobre eles o meu furor e exterminá-los no fogo da minha exasperação; farei cair sobre eles o peso de sua conduta – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 23

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. Filho do homem: era uma vez duas mulheres, filhas de uma mesma mãe.
3. Elas se prostituíram no Egito e se desonraram ainda jovens. Lá foram apertados os seus peitos, lá foi apalpado o seu seio virginal.
4. A mais velha chamava-se Oolá, e sua irmã Ooliba; pertenceram a mim, e me deram filhos e filhas. (Seus nomes: Oolá é Samaria; Ooliba, Jerusalém.)
5. Oolá foi infiel e tornou-se louca de amores por seus amantes: os assírios, vizinhos dela,
6. vestidos de púrpura, governadores e chefes, jovens sedutores, cavaleiros montados.
7. Ela prodigalizou seus encantos a essa elite dos assírios, e, junto de todos esses por quem se achava seduzida, maculou-se com seus ídolos.
8. Não renunciou às suas devassidões do Egito, desde o tempo em que haviam dormido com ela ainda jovem, e acariciando os seus seios virginais, cobrindo-a de torpezas;
9. por isso, entreguei-a a seus amantes, os assírios, por quem ela ansiava;
10. eles descobriram-lhe a nudez, tomaram seus filhos e filhas, e a degolaram a golpes de espada. Foi um exemplo para as mulheres, porque justiça lhe foi feita.
11. Sua irmã Ooliba havia sido testemunha disso; ela porém foi piorando em seus amores, e foi ainda mais depravada que sua irmã.
12. Prostituiu-se aos assírios, governadores e chefes, seus vizinhos, esplendidamente vestidos, cavaleiros montados, jovens sedutores.
13. Vi que também ela se desonrava, seguiam ambas o mesmo caminho.
14. Ela, todavia, foi mais longe em suas depravações; quando viu homens desenhados no muro, figuras dos caldeus pintados a vermelho,
15. levando cintos sobre os rins e tiaras na cabeça, todos como grandes senhores, retratos de babilônios saídos da Caldéia,
16. ela se apaixonou por eles ao primeiro olhar, e enviou-lhes mensageiros à Caldéia.
17. E os filhos de Babilônia a ela vieram, para o leito de seus amores; conspurcaram-na com suas devassidões. Apenas foi aviltada, seu coração sentiu ódio deles.
18. Mas, como havia patenteado suas sem-vergonhices e descoberto sua nudez, eu me desgostei dela, como me havia magoado de sua irmã,
19. porque ela multiplicou os seus desregramentos, lembrando o tempo de sua mocidade, quando ela se desonrava no Egito.
20. Ela ardeu ali em amor por luxuriosos, cujo membro era como um membro de asno, e sua lubricidade igual à dos cavalos.
21. Voltaste às licenciosidades de tua juventude, do tempo em que os egípcios apertavam teus peitos, e afagavam teu seio juvenil;
22. e, devido a isso, Ooliba, eis o que diz o Senhor Javé: eu vou excitar contra ti todos os amantes dos quais te desgostaste; vou trazê-los contra ti de todos os lados:
23. os babilônios, e os caldeus, e Pecod, e Choa, e Coa, com eles os assírios jovens e belos, todos os governadores e chefes, guerreiros e cavaleiros montados,
24. que marcharão contra ti com armas, carros e carruagens, e toda uma multidão de povos. Eles levantarão escudos e couraças contra ti de todos os lados; e eu lhes entrego o teu julgamento; procederão de conformidade com as suas leis.
25. Eu desencadeio meu ciúme contra ti; eles te tratarão com fúria e te cortarão o nariz e as orelhas; os que restarem dos teus perecerão pela espada. Eles tomarão teus filhos e filhas; o resto será devorado pelo fogo,
26. Despojar-te-ão de tuas vestes, levarão tuas jóias.
27. Assim porei fim a teus crimes, e a tuas depravações começadas no Egito; não mais levantarás os olhos para eles, não mais te hás de lembrar do Egito.
28. Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou entregar-te àqueles que odeias, de quem te desgostaste; eles hão de tratar-te odiosamente.
29. Arrebatarão o fruto do teu trabalho; eles te deixarão nua, descoberta, expondo a vergonha de tuas impudicícias, depravações e prostituições.
30. Eis o que te sucederá devido às tuas luxúrias com as nações, e tuas depravações com os ídolos.
31. Seguiste o mesmo caminho que tua irmã, e devido a isso eu porei o seu cálice em tua mão.
32. Eis o que diz o Senhor Javé: beberás o cálice de tua irmã, cálice largo e profundo, que provocará motejo e riso, tamanha é a sua dimensão.
33. ficarás cheia de embriaguez e de dor: é uma taça de entorpecimento e terror, a taça de tua irmã Samaria.
34. Bebe-a! Esvazia-a! Morderás até os cacos, e te rasgarão os seios. Sou eu que o digo – oráculo do Senhor Javé.
35. Pois, eis o que diz o Senhor Javé: porque tu me esqueceste e lançaste atrás das costas, carregarás tu também o peso de tua criminosa prostituição.
36. Disse-me o Senhor: filho do homem, não vais julgar Oolá e Ooliba, e denunciar-lhes as abominações?
37. Elas cometeram adultério, há sangue em suas mãos; elas fornicaram com os ídolos; e os filhos a quem deram à luz fizeram-nos passar pelo fogo para queimá-los.
38. Eis ainda o que me fizeram: desonraram o meu santuário e profanaram os meus sábados.
39. No mesmo dia em que imolaram seus filhos a seus ídolos, penetraram em meu santuário para profaná-lo, eis o que fizeram em minha própria casa.
40. Fizeram mais. Mandaram buscar homens de terras longínquas, os quais acorreram, logo que receberam a mensagem; para eles, tu te banhaste, pintaste os olhos, puseste os teus adornos.
41. Tu te assentaste sobre um leito aparatoso, em frente ao qual estava preparada uma mesa, onde tu tinhas posto o meu incenso e o meu óleo;
42. ouvia-se o barulho de uma multidão satisfeita; a essa massa de homens se juntavam os bêbados do deserto, que metiam braceletes nas mãos (das duas irmãs) e coroas esplêndidas em suas cabeças.
43. Então disse eu àquela que envelhecera nos adultérios: Pois ela, também ela, prossegue ainda em suas depravações!
44. Entram pela casa dela como pela de uma prostituta. É assim que freqüentavam Oolá e Ooliba, essas mulheres perdidas!
45. Os justos, porém, vão julgá-las, como se faz com as adúlteras, e com aquelas que derramam sangue, porque são, de fato, adúlteras; suas mãos estão manchadas de sangue.
46. Pois eis o que diz o Senhor Javé: Que suba contra elas uma assembléia! Sejam entregues à exação e à pilhagem!
47. Que se reúna o povo para apedrejá-las, e cortá-las em pedaços pela espada. Que se matem seus filhos e suas filhas, e sejam incendiadas suas moradas!
48. Dessa forma, porei termo aos crimes da terra, e todas as mulheres aprenderão a não imitar vossa luxúria.
49. Recairão sobre vós as vossas devassidões, e carregareis o peso da vossa idolatria. Conhecereis, assim, que sou eu o Senhor Javé.

 
Capítulo 24

1. No nono ano, no décimo dia do décimo mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, anota por escrito a data de hoje, pois neste dia o rei de Babilônia ataca Jerusalém.
3. Expõe contra essa raça rebelde esta parábola: eis o que diz o Senhor Javé:
4. Prepara a panela, põe-na no fogo, põe água dentro dela; coloca pedaços dentro, todos pedaços escolhidos, coxa e espádua, enche-a com os melhores ossos;
5. toma as mais belas cabeças do rebanho; amontoa lenha debaixo da panela e faze-a ferver aos borbotões, até que fiquem cozidos os ossos que estão dentro dela.
6. Eis o que diz o Senhor Javé: ai da cidade sanguinária! Panela enferrujada, de onde a ferrugem não pode ser tirada. Despeja-a, bocado por bocado, sem tirar à sorte.
7. O sangue que derramou está ainda no meio dela; ela o derramou sobre a rocha nua, e não na terra, para cobri-lo de poeira.
8. Foi para excitar o meu furor e para que a vingança seja cumprida, que espalhei seu sangue sobre a rocha nua, para que ele não ficasse escondido.
9. Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: ai da cidade sanguinária! Também eu vou fazer grande fogueira;
10. amontoa a lenha, atiça o fogo, cozinha bem a carne, prepara o tempero, que os ossos sejam torrados!
11. Em seguida, põe a panela vazia nas brasas, para que ela fique bem quente, e vermelho o seu metal; que seja fundida a sua imundície e tirada a sua ferrugem.
12. Baldados, porém, são os esforços. A massa da ferrugem não sai. (Lance-se) ao fogo essa ferrugem!
13. Devido à imundície de teu proceder, eu quis purificar-te; todavia, como não estás purificada, não recobrarás a tua pureza até que eu tenha fartado sobre ti o meu furor.
14. Sou eu, o Senhor, que o digo: isso sucederá, eu farei isso sem hesitação, sem piedade, sem remorso. Serás julgada de acordo com teu comportamento e teus atos – oráculo do Senhor Javé.
15. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
16. filho do homem, vou levar subitamente de ti aquela que faz a delícia de teus olhos. Tu, porém, não darás gemido algum de dor, não chorarás, não deixarás tuas lágrimas correrem.
17. Suspira em silêncio, não celebres o luto habitual dos mortos; conserva o teu turbante na cabeça, põe o calçado nos pés, não cubras a tua barba, não comas o pão das gentes.
18. De manhã, eu me dirigi ao povo; à tarde, minha mulher morreu. No dia seguinte, fiz o que fora prescrito.
19. Disse-me o povo: Não irás explicar-nos o que significa esse teu modo de proceder?
20. Respondi: A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21. Faze esse discurso aos israelitas: eis o que diz o Senhor Javé: vou profanar o meu santuário, o orgulho de vosso poderio, a alegria de vossos olhos, o objeto do vosso amor; vossos filhos e vossas filhas, que deixastes, vão cair sob a espada.
22. Fareis então como acabo de fazer; não cobrireis a vossa barba, não comereis o pão das gentes;
23. conservareis os vossos turbantes na cabeça, e trareis os pés calçados; não poreis luto e não chorareis. Entretanto, definhareis por causa das vossas iniqüidades e gemereis uns com os outros.
24. O que Ezequiel está fazendo será para vós um sinal. Quando isso acontecer, fareis exatamente do mesmo modo como ele fez, e sabereis que sou eu o Senhor Javé.
25. Quanto a ti, filho do homem, no dia em que eu tirar o que faz a sua fortaleza, sua gloriosa arrogância, a alegria dos seus olhos e o objeto do seu amor, seus filhos e suas filhas,
26. naquele dia, digo, um fugitivo virá anunciar-te a nova,
27. naquele dia tua boca se abrirá para falar com aquele que escapou; teu mutismo cessará, falarás. Tua atitude será para eles um símbolo, e conhecerão que sou eu o Senhor Javé.

 
Capítulo 25

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, volta a tua face para os amonitas e profetiza contra eles.
3. Dize-lhes: escutai a palavra do Senhor Javé: Eis o que diz o Senhor Javé: Porque disseste: Ah! Ah! quando da profanação do meu santuário, quando da devastação da terra de Israel,e da deportação da casa de Judá,
4. por isso, vou entregar-te aos filhos do Oriente, que estabelecerão em tua morada os seus acampamentos e plantarão aí as suas tendas. Eles comerão teus frutos, beberão teu leite.
5. Farei de Rabat um parque de camelos, e da terra dos amonitas um aprisco de ovelhas; assim sabereis que sou eu o Senhor.
6. Eis o que diz o Senhor Javé: Porque bateste palmas e bateste com o pé, e porque manifestaste riso e desdém pela terra de Israel,
7. por isso, vou estender minha mão contra ti, entregar-te à pilhagem das nações, suprimir-te dentre os povos, expulsar-te de tua casa e aniquilar-te. Assim saberás que eu sou o Senhor.
8. Eis o que diz o Senhor Javé: Visto que Moab e Seir dizem: A casa de Judá é igual a todas as demais nações,
9. eu vou, eu mesmo, abrir o flanco de Moab, arrebatando suas cidades, todas as cidades do seu território, o ornamento da terra: Bet-Jechimot, Baal-Meon e Quiriat-Aim.
10. Eu o dou, assim como a terra dos amonitas, em possessão aos filhos do Oriente, a fim de que Amon não mais seja mencionado entre as nações.
11. Assim exercerei meu juízo sobre Moab, e ficarão sabendo que eu sou o Senhor.
12. Eis o que diz o Senhor Javé: Já que Edom exerceu sua vingança contra a casa de Judá, e se tornou culpado, tomando vingança,
13. por isso – oráculo do Senhor Javé – vou estender a mão contra Edom, exterminar dele animais e homens, e transformá-lo num deserto; em seguida, desde Temã até Dedã, tombarão sob o gládio.
14. Exercerei minha vingança contra Edom pela mão de Israel, meu povo, que os tratará segundo o meu furor, e eles saberão o que vale minha vingança – oráculo do Senhor Javé.
15. Eis o que diz o Senhor Javé: Já que os filisteus exerceram vingança, usaram de cruéis represálias, com o coração cheio de desprezo, e em seu ódio inveterado procuraram destruir tudo,
16. por isso – oráculo do Senhor Javé – estenderei a mão sobre eles, exterminarei os cretenses, e farei perecer o que resta do litoral; exercerei sobre eles uma vingança terrível, furiosos castigos; e, quando eu executar sobre eles a minha vingança, saberão que eu sou o Senhor.

 
Capítulo 26

1. No décimo primeiro ano, no primeiro dia do… mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. Filho do homem, sabes o que Tiro disse de Jerusalém: Ah! Ah! Ei-la quebrada, a porta dos povos. É para mim que ela vai voltar-se; vou me enriquecer; ela foi devastada!
3. Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: Tiro, é contra ti que irei: vou suscitar contra ti nações tão numerosas quanto as ondas que levanta o mar;
4. elas destruirão os muros de Tiro e demolirão as torres, varrerei dela o pó, e dela farei uma rocha desnuda;
5. ela será, no meio do mar, um lugar onde se estendem as redes. Sou eu quem o declara – oráculo do Senhor Javé. Ela será a presa das nações.
6. Suas filhas, em terra firme, serão mortas pelo gládio; e se reconhecerá que sou eu o Senhor.
7. Eis o que diz o Senhor Javé: Do norte, mando contra Tiro Nabucodonosor, rei de Babilônia, o rei dos reis, com parelhas, carros, cavaleiros e massa enorme de tropas.
8. Ele matará pela espada tuas filhas, que estão em terra firme, comandará o bloqueio contra ti, construirá aterros contra ti, e contra ti empunhará o escudo.
9. Quebrará teus muros a golpes de aríetes, com seus engenhos demolirá tuas torres.
10. Tão numerosos são os seus cavalos, que sua poeira te envolverá. Tremerão as tuas muralhas aos embates de seus cavaleiros, das engrenagens de seus carros, quando ele entrar por tuas portas, como se entra em uma cidade conquistada.
11. Com os pés dos seus cavalos calcará todas as tuas ruas, passará teu povo a fio de espada; teus imponentes obeliscos religiosos serão arremessados por terra.
12. Serão pilhadas as tuas riquezas, pilharão tuas mercadorias, serão demolidas as tuas muralhas, arrasados os teus luxuosos palácios; tuas pedras, tua madeira, tua caliça serão lançadas ao mar.
13. Farei calar a voz dos cânticos, não mais se escutará o som das tuas harpas.
14. Farei de ti uma rocha nua, um lugar onde se estendem redes; tu não serás jamais reconstruída. Sou eu, o Senhor, que o digo – oráculo do Senhor Javé.
15. Eis o que diz a Tiro o Senhor Javé: Ao estrondo de tua queda, quando estiverem gemendo os feridos, e quando se proceder à mortandade em teu seio, as ilhas tremerão.
16. Descerão do seu trono os príncipes do mar, deporão seus mantos, deixarão suas vestimentas bordadas, para demonstrar o seu espanto, para se assentarem no chão, e, consternados com o que virem, tremerão sem parar.
17. Proferirão a teu respeito este cântico fúnebre: Como pereceste, habitante dos mares? Cidade altiva, tão poderosa no mar, com os teus habitantes, que se faziam temer por todos os povos marítimos!
18. Eis que tremem as ilhas desde o dia de tua queda; as ilhas do mar estão aterrorizadas com o teu destino.
19. Eis o que diz o Senhor Javé: quando eu tiver feito de ti uma cidade deserta, semelhante às cidades despovoadas, quando eu tiver feito com que o abismo venha sobre ti, e as grandes águas te houverem coberto,
20. precipitar-te-ei como os que descem à fossa, com as gentes de outrora; instalar-te-ei nas moradas infernais, nas solidões eternas, com os que descem ao túmulo, a fim de que não sejas mais habitada, (quando) eu devolver o esplendor à terra dos vivos.
21. De ti farei objeto de horror; não mais existirás; e, quando alguém te procurar, não mais serás encontrada – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 27

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. tu, filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre Tiro.
3. Dize à cidade de Tiro, assentada à borda do mar, comerciando com os povos de inumeráveis ilhas: Eis o que diz o Senhor Javé: Tiro, tu dizias: sou um navio de perfeita beleza.
4. No coração do mar está o teu domínio, teus construtores acabaram o teu esplendor.
5. Fizeram a tua quilha com cipreste de Senir, tomaram um cedro do Líbano para te fazerem um mastro;
6. com carvalhos de Basã te fizeram os remos. Teus bancos eram de marfim, incrustados em madeira das ilhas de Quitim.
7. Teu velame era de linho do Egito, tecido para te servir de pavilhão: a púrpura violeta e o escarlate das ilhas de Elisa formavam a tua tenda.
8. As gentes de Sidon e de Arvad eram teus remadores, os mais hábeis de Sêmer te serviam de pilotos.
9. Os velhos de Gebal, experientes, lá estavam, para consertar as tuas fendas. Todos os navios do mar, com seus marujos, vinham a ti para fazer o tráfico.
10. As gentes da Pérsia, de Lud e de Put serviam em teu exército, suspendiam em ti o escudo e o capacete, davam-te prestígio.
11. Os filhos de Arvad e teu exército guarneciam tuas muralhas e os gamadianos estavam de prontidão sobre tuas torres; penduravam os seus escudos em toda a extensão dos teus muros e completavam a tua beleza.
12. Társis negociava contigo toda espécie de riqueza, pagando as tuas mercadorias com prata, ferro, estanho e chumbo.
13. Javã, Tubal e Méchec traficavam contigo e te traziam, à guisa de moedas de câmbio, escravos e objetos de bronze.
14. As gentes de Togorma pagavam com cavalos de raça, cavalos de sela e mulas.
15. As de Dedã traficavam contigo, teu mercado se estendia a inúmeras praias, e te davam em pagamento presas de marfim e de ébano.
16. Edom fazia contigo comércio de uma multidão de víveres, e te pagava com rubis, púrpura, bordados, linho fino, corais e rubis.
17. Judá e Israel também traficavam contigo e te forneciam trigo de Minit, cera, mel, azeite e bálsamo.
18. Damasco era teu cliente devido à multidão dos teus produtos e de tuas variadas riquezas, e pagava em vinho de Helbon e lã de Sahar.
19. Dã e Javã, de Uzal, te forneciam ferro polido, cássia e cana aromática, como mercadoria de troca.
20. As gentes de Dedã faziam contigo comércio de mantas para cavalo.
21. A Arábia e todos os príncipes de Quedar traficavam contigo com cordeiros, carneiros e bodes.
22. Os mercadores de Sabá e de Reema faziam negócios contigo e te pagavam com perfumes de primeira qualidade, com gemas de todo gênero e com ouro.
23. Harã, Quene, Éden, os mercadores de Sabá, da Assíria e Quelmad faziam negociação contigo,
24. de objetos de luxo, mantos de púrpura ou bordados, tecidos de variegadas cores, sólidas cordas trançadas, que serviam de objeto de troca.
25. Navios de Társis vogavam a serviço de teus negócios. Ficaste cheia, ficaste por demais pesada, no seio dos mares!
26. Conduziram-te os teus remeiros até as grandes águas… O vento do Oriente quebrou-te no coração do mar.
27. Tuas riquezas, teus víveres, teus produtos, teus marinheiros e pilotos e consertadores de navios e corretores, todos os guerreiros que possuías contigo, e a multidão que tinhas a bordo foram tragados pelo mar no dia do teu naufrágio.
28. Aos gritos dos teus marujos tremeram as plagas;
29. então desceram do navio todos os remadores. Os marinheiros, os pilotos do mar ficaram em terra.
30. Eles fazem ouvir sobre ti o seu pranto com gritos amargos. Cobrem sua cabeça com poeira e rolam na cinza;
31. rapam a cabeça por tua causa, vestem sacos; eles te choram, com o coração angustiado, em amarga lamentação!
32. Em sua aflição, entoarão uma ode fúnebre sobre teus males, e a seguinte elegia: Quem era semelhante a Tiro, agora emudecida no meio do mar?
33. Quando os teus comerciantes saíam das ondas, abastecias os povos. Pela multidão das tuas riquezas e de teus víveres tu enriquecias os reis da terra.
34. Agora, que naufragaste no mar, sepultada no fundo das ondas, tua carga e teu equipamento estão sepultados contigo.
35. Todos os habitantes das ilhas estão apavorados com o que te aconteceu. Seus reis estão tomados de terror, sua fronte está abatida.
36. Os mercadores dos povos estrangeiros assobiam, ao ver-te; és objeto de terror, aniquilada para sempre!

 
Capítulo 28

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: Eis o que diz o Senhor Javé: Teu coração elevou-se; tu disseste: sou um deus assentado sobre um trono divino no coração do mar. Quando não passas de um homem e não és um deus, tu te julgas em teu coração igual a Deus.
3. Sem dúvida, eis-te mais sábio que Daniel, nenhum mistério te é obscuro.
4. É por tua sutil inteligência que adquiriste bens, e cumulaste ouro e prata em teus tesouros.
5. Por tua grande habilidade comercial tens aumentado as tuas riquezas, e teu coração se ensoberbeceu.
6. Por causa disso, eis o que diz o Senhor Javé: já que em teu coração te julgas igual a Deus,
7. farei vir contra ti os estrangeiros, os mais brutais de todos os povos, que tirarão a espada contra os esplendores de tua sabedoria, e empanarão o teu brilho.
8. Far-te-ão descer à fossa, morrerás como um decapitado no coração do mar.
9. Dirás ainda diante do algoz: sou um deus, quando tu não és senão um homem (e não um deus) nas mãos do teu assassino?
10. Morrerás da morte de um incircunciso, sob os golpes do estrangeiro, sou eu que o digo – oráculo do Senhor Javé.
11. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
12. filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Eis o que diz o Senhor Javé: Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada.
13. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado.
14. Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus; passeavas entre as pedras de fogo.
15. Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti.
16. No desenvolvimento do teu comércio, encheram-se as tuas entranhas de violência e pecado; por isso eu te bani da montanha de Deus, e te fiz perecer, ó querubim protetor, em meio às pedras de fogo.
17. Teu coração se inflou de orgulho devido à tua beleza, arruinaste a tua sabedoria, por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra, e dei com isso um espetáculo aos reis.
18. À força de iniqüidade e de desonestidade no teu comércio, profanaste os teus santuários; assim, de ti fiz jorrar o fogo que te devorou e te reduzi a cinza sobre a terra aos olhos dos espectadores.
19. Todos aqueles que te conheciam entre os povos ficaram estupefatos com o teu destino; acabaste sendo um objeto de espanto; foste banido para sempre!
20. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21. filho do homem, volta-te para Sidon e profetiza contra ela.
22. Dirás: eis o que diz o Senhor Javé: é contra ti que venho, Sidon; vou fazer brilhar a minha glória em teu meio. Quando contra ti exercer meus julgamentos e em ti manifestar minha santidade, então se saberá que sou eu o Senhor.
23. Despacharei contra ela a peste, inundarei de sangue as suas ruas, onde sucumbirão feridos, golpeados por uma espada, que surgirá de toda parte; assim, saberão que sou eu o Senhor.
24. Desde então, não haverá mais, para a casa de Israel, nem silvas ofensivas nem espinhos dolorosos da parte de nenhum dos seus vizinhos que a desprezam; assim se saberá que sou eu o Senhor.
25. Eis o que diz o Senhor Javé: Quando eu reunir os israelitas dentre os povos, onde estiverem dispersados, manifestarei com isso a minha santidade aos olhos das nações; habitarão a terra que tenho doado ao meu servo Jacó.
26. Habitarão em segurança; construirão casas e plantarão vinhas; sim, eles habitarão lá com segurança. Quando eu houver exercido meus julgamentos contra todos os vizinhos que os desprezam, saber-se-á que sou eu, o Senhor, que sou seu Deus!

 
Capítulo 29

1. No décimo ano, no décimo segundo dia do décimo mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, volta a face para o faraó, rei do Egito, e profetiza contra ele, assim como contra todo o Egito:
3. faze-lhe este discurso: eis o que diz o Senhor Javé: É contra ti, faraó, rei do Egito, que venho; crocodilo monstruoso, que estás deitado no meio dos teus Nilos. E que dizes: meus Nilos são meus, fui eu que os fiz.
4. Vou pôr freios em tuas mandíbulas, em tuas escamas prenderei os peixes dos teus Nilos e tirar-te-ei dos teus Nilos com todos os peixes de teus Nilos agarrados às tuas escamas.
5. Lançar-te-ei no deserto com todos os peixes de teus Nilos, ficarás estendido sobre a terra, sem ser recolhido nem enterrado. Às feras da terra e aos pássaros do céu dar-te-ei por pasto.
6. Todos os egípcios saberão então que eu sou o Senhor. Teu apoio foi o apoio de um caniço para a casa de Israel:
7. quando te tomaram na mão, tu te quebraste, e lhes feriste o ombro todo; quando eles se apoiaram em ti, tu te rompeste, e tu lhes fizeste vacilar os rins.
8. Eis por que diz o Senhor Javé: vou levar contra ti a espada, para separar de teu meio homens e animais.
9. O Egito se tornará um deserto e uma solidão; dessa forma, se saberá que sou eu o Senhor. Pois disseste: o Nilo é meu, fui eu que o fiz;
10. por isso vou arremessar-me contra ti, e contra os teus Nilos; farei do Egito um deserto e uma solidão, desde Migdol até Siene e até os confins da Etiópia.
11. Nenhum pé humano passará aí, e também nenhum pé de animal; ele ficará inabitado durante quarenta anos.
12. Farei do Egito um deserto entre os desertos e suas cidades ficarão desoladas entre as cidades desoladas durante quarenta anos; dispersarei os egípcios entre os povos e disseminá-los-ei entre outros países.
13. Eis o que diz o Senhor Javé: ao fim de quarenta anos, reunirei os egípcios dentre os povos onde estiverem dispersos.
14. Trarei os egípcios cativos e os restabelecerei na terra de Patros, de onde são originários; eles aí constituirão um pequeno reino.
15. Será o Egito o mais modesto de todos os reinos, e não mais se erguerá acima das nações. Reduzirei sua população, para que ele não mais domine outras nações.
16. Ele não será mais para Israel objeto de confiança; porque recordará a falta que cometeu Israel, em se voltando para ele. Assim se saberá que sou eu o Senhor Javé.
17. No vigésimo sétimo ano, no primeiro mês, no primeiro dia do mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
18. filho do homem, Nabucodonosor, rei de Babilônia, impôs a seu exército a rude faina de guerrear Tiro: calvície em todos os crânios, esfoladuras em todas as espáduas! Todavia, nem ele nem seu exército retirarão de Tiro qualquer vantagem da opressão contra ela dirigida.
19. Eis por que diz o Senhor Javé: irei dar o Egito a Nabucodonosor, rei de Babilônia; ele pilhará suas riquezas; fará dele a sua presa, e repartirá os seus despojos; tal será o salário de seu exército.
20. Por preço do trabalho feito contra Tiro, eu lhe dou o Egito, pois é para mim que trabalharam – oráculo do Senhor Javé.
21. Naquele dia, farei brotar um corno na casa de Israel e te darei licença para abrir a boca no meio deles, e assim saberão que sou eu o Senhor.

 
Capítulo 30

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, profetiza o seguinte: eis o que diz o Senhor Javé: soltai gritos: Ah! Que dia!
3. Porque está próximo o dia, está próximo o dia do Senhor, dia carregado de nuvens, dia marcado para as nações.
4. Sobre o Egito vai abater-se a espada, sobre a Etiópia vai reinar o terror, quando os mortos tombarem no Egito, quando se arrebatarem as riquezas da terra, e forem destruídos os seus fundamentos.
5. Etíopes, gente de Put e de Lud, populações mescladas, gentes de Cub, assim como os filhos da minha aliança cairão com eles sob a espada.
6. Eis o que diz o Senhor: eles cairão, os sustentáculos do Egito, e o orgulho que lhe inspirava sua potência será humilhado: desde Migdol até Siene se sucumbirá sob o gládio – oráculo do Senhor Javé.
7. O Egito será uma terra desolada entre todas, e suas cidades serão cidades arruinadas entre as demais.
8. Saber-se-á que sou eu o Senhor, quando eu tiver posto fogo no Egito e quando todos os seus aliados houverem fracassado.
9. Naquele dia, mensageiros de minha parte irão de navio para perturbar a segurança da Etiópia: sofrerá o terror, quando vier o dia do Egito; ora, ei-lo que vem.
10. Eis o que diz o Senhor Javé: eu vou aniquilar as multidões que povoam o Egito, pela mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia.
11. Ele e seu povo, povo brutal entre todos, vão ser enviados para assolar a terra; desembainharão a espada contra o Egito e cobrirão a terra de cadáveres.
12. Eu deixarei secos os braços do Nilo, entregarei a terra a celerados, saqueá-la-ei e a tudo quanto encerra por mão de bárbaros. Sou eu, o Senhor, que o digo.
13. Eis o que diz o Senhor Javé: farei desaparecer os ídolos e suprimirei os falsos deuses de Nof. Não haverá mais príncipe no Egito, e espalharei o terror nessa terra.
14. Devastarei Patros, meterei fogo a Tânis, exercerei meus julgamentos sobre No;
15. desencadearei o meu furor sobre Sin, a fortaleza do Egito; exterminarei a imensa população de No.
16. Meterei fogo ao Egito. Sin se retorcerá no sofrimento. No será estraçalhada e Nof será assaltada em pleno dia.
17. Os jovens de On e de Bubasta tombarão sob a espada e sua população será deportada.
18. Em Tafnes, o dia se escurecerá quando eu quebrar o poder do Egito, e puser termo ao orgulho que lhe inspira esse poderio. Uma nuvem cobrirá a cidade, e suas filhas serão deportadas.
19. Exercerei os meus juízos contra o Egito, e se saberá assim que sou eu o Senhor.
20. No décimo primeiro ano, no sétimo dia do primeiro mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
21. filho do homem, quebrei o braço do faraó, rei do Egito, e ninguém o procurou para curar, ninguém lhe pôs ligadura para lhe dar força de manejar a espada.
22. E por isso, eis o que diz o Senhor Javé: é contra o faraó, rei do Egito, que eu venho: vou romper-lhe também o braço são, do mesmo modo que aquele que já foi quebrado, e farei cair a espada de sua mão.
23. Dispersarei os egípcios entre as nações, eu os disseminarei por diversos lugares.
24. Darei força ao braço do rei de Babilônia e lhe meterei na mão a minha espada; quebrarei o braço do faraó, que soltará diante de si gemidos de um homem ferido de morte.
25. Darei vigor ao braço do rei de Babilônia, enquanto tombarem os braços do faraó. Saber-se-á que sou eu o Senhor, quando eu puser a minha espada na mão do rei de Babilônia, a qual ele brandirá contra o Egito.
26. Eu dispersarei os egípcios entre as nações, disseminá-los-ei por diversos países. Assim reconhecerão que eu sou o Senhor.

 
Capítulo 31

1. No décimo primeiro ano, no primeiro dia do terceiro mês, a palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, dize ao faraó, rei do Egito, e a seu povo numeroso: a quem te assemelhas, em tua grandeza?
3. Eis (a Assíria), é um cedro do Líbano, de magníficas ramagens, com espessa ramagem e elevada estatura, cujo cimo se alteia em meio às nuvens.
4. As águas fizeram-no crescer; o abismo fê-lo altear-se, dirigindo suas águas para onde ele estava plantado, e enviando seus regatos a todas as árvores da região.
5. Dessa forma dominava ele todas as árvores dos campos; seus galhos se alongavam, sua ramagem se desenvolvia, graças à abundância das águas que o tinham feito crescer.
6. Em seus galhos se aninhavam todas as aves do céu. Sob seus ramos davam cria todos os animais dos campos à sua sombra descansava toda espécie de gente!
7. Era belo por sua grandeza, pela extensão de seus galhos, porque suas raízes mergulhavam nas águas abundantes.
8. Nenhum cedro do jardim de Deus rivalizava com ele, os ciprestes não atingiam o talhe de seus ramos, e os plátanos não igualavam suas ramagens; nenhuma árvore do jardim de Deus se equiparava a ele em esplendor.
9. Eu o havia dotado de tão luxuriante ramagem, que todas as árvores do Éden, jardim de Deus, dele tinham inveja.
10. Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: porque ele foi tão orgulhoso de seu porte, e ergueu o seu cimo até as nuvens, e o seu coração se ensoberbeceu devido à sua altitude,
11. entreguei-o nas mãos de um poderoso das nações, que o tratará como merece a sua malignidade, e o destruirá.
12. Bárbaros, nação brutal entre todas, cortaram-no e o atiraram sobre as montanhas; seus ramos caíram em todos os vales, seus galhos quebrados juncam todas as torrentes da terra; todas as gentes da terra deixaram sua sombra e o abandonaram.
13. Sobre seu tronco mutilado se abatem todas as aves do céu, e em seus ramos se acolhem todos os animais dos campos.
14. Tudo isso, a fim de que nenhuma árvore que cresce à borda das águas tenha orgulho de sua altura, e não eleve o cimo até as nuvens, e que nenhuma árvore bem regada pelas águas confie em sua estatura. Porque todas serão entregues à morte, votadas às moradas subterrâneas, em companhia do comum dos mortais que descem à fossa.
15. Eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que o cedro desceu à morada dos mortos, ordenei um luto; por causa dele fechei o abismo (das águas), parei os regatos e as grandes águas foram imobilizadas. Por causa dele denegri o Líbano, por causa dele todas as árvores do campo murcharam e secaram.
16. Ao ruído de sua queda abalei as nações, quando o precipitei na região dos mortos, com aqueles que descem à fossa. Todas as árvores do Éden, as mais belas, as mais esplendorosas do Líbano, todas aquelas que estavam banhadas pelas águas foram consoladas nas moradas infernais.
17. E, juntamente com ele, desceram à morada dos mortos, para junto das vítimas da espada, aqueles que eram seu braço e se mantinham debaixo de sua sombra entre as nações.
18. A quem eras igual, em glória e grandeza, entre as árvores do Éden? Com elas te precipitaste nas moradas subterrâneas: jazes no meio dos incircuncisos, com os trespassados pelo gládio. Tal é o destino do faraó e do seu povo numeroso – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 32

1. No décimo segundo ano, no primeiro dia do décimo segundo mês, foi-me a palavra do Senhor dirigida nestes termos,
2. filho do homem, entoa sobre o faraó, rei do Egito, a seguinte ode fúnebre: Jovem leão das nações, pereceste! Eras semelhante ao crocodilo no seio das águas; tu te lançavas nos rios, com tuas patas perturbavas a água, agitando a torrente.
3. Eis o que diz o Senhor Javé: estenderei sobre ti o o meu laço perante grande concurso de povo; serás tirado para fora, na rede.
4. Lá te deixarei sobre o solo; lançar-te-ei por terra, farei vir sobre ti todos os pássaros do céu, dar-te-ei por pasto a todos os animais da terra,
5. largarei teu cadáver sobre as montanhas, encherei os vales com os teus destroços.
6. Com o líquido que de ti correr, regarei as montanhas, teu sangue encherá as torrentes.
7. Quando estiveres morto, velarei os céus, obscurecerei as estrelas, cobrirei o solo de nuvens, e a lua cessará de clarear.
8. Eu obumbrarei todos os astros do céu por tua causa; sobre a terra estenderei trevas – oráculo do Senhor Javé.
9. Mergulharei na dor o coração de inúmeras gentes, enviando teus cativos entre as nações, a terras que não conheces;
10. farei tremer por causa de ti numerosos povos, cujos reis serão enregelados de horror; quando eu brandir diante deles a minha espada, eles tremerão sem cessar, pela sua própria vida, no dia da tua queda.
11. Eis o que diz o Senhor Javé: a espada do rei de Babilônia virá sobre ti.
12. Farei tombar todo o teu povo sob o gládio dos guerreiros; os mais ferozes de todos os povos abaterão o orgulho do Egito. Sua população inteira será aniquilada.
13. Exterminarei todo o seu gado às margens de seus grandes rios, cujas águas não mais serão perturbadas por nenhum pé de homem nem de animal.
14. Então deixarei repousar as suas águas, farei correr as águas como óleo, – oráculo do Senhor Javé.
15. Quando eu houver reduzido o Egito a um deserto, quando ele estiver despojado de tudo o que contém, quando eu tiver ferido seus habitantes, saber-se-á que sou eu o Senhor.
16. Tal é a ode fúnebre que cantarão as filhas das nações; elas a cantarão sobre o Egito e seus habitantes, – oráculo do Senhor Javé.
17. No décimo segundo ano, no décimo quinto dia do… mês, foi-me a palavra do Senhor dirigida nestes termos:
18. filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre o povo do Egito: faze-os descer, ele e as filhas das nações, às moradas infernais, com aqueles que descem à fossa.
20. Eles tombarão no meio dos que pereceram pela espada; toda a sua força desaparecerá.
21. A elite dos heróis com seus aliados dirão ao faraó, do seio da região dos mortos:
19. não vales mais do que os outros. Desce; deita-te aos pés dos incircuncisos, dos que pereceram pela espada.
22. É lá que se encontram Assur e todo o seu exército em torno do seu sepulcro, todos degolados, feridos pela espada;
23. foram postos seus túmulos no mais profundo da fossa; seu exército está ordenado em torno de seu sepulcro, todos degolados, feridos pela espada, eles, que haviam semeado o terror na terra dos vivos.
24. É lá que se encontram Elão e seu exército, em volta do seu sepulcro; todos degolados, feridos pela espada, lá desceram eles incircuncisos às moradas subterrâneas. Os que haviam semeado o terror sobre a terra dos vivos levam sua ignomínia com os que descem à fossa.
25. No meio desses mortos, foi-lhe dado seu lugar, com suas tropas que rodeiam o túmulo, todos incircuncisos, degolados, traspassados pela espada; os que haviam semeado o terror sobre a terra dos vivos levam sua ignomínia com os que desceram à fossa, e estão colocados entre os mortos.
26. É lá que se encontram Méchec, Tubal e suas tropas em torno dos seus sepulcros, todos incircuncisos, degolados pela espada. Eles, que haviam semeado o terror na terra dos vivos.
27. eles não jazem entre os heróis que outrora tombaram, que desceram à morada dos mortos com suas armas de guerra, sobre cuja cabeça foi colocada sua espada e seu escudo sobre seus ossos, porque sua valentia era temida na terra dos vivos.
28. Mas tu estarás deitado entre os incircuncisos, entre os que morreram a fio de espada.
29. É lá que se encontram Edom, seus reis e todos os seus príncipes, que foram postos, a despeito de sua valentia, com as vítimas da espada; ei-los jazendo com os incircuncisos, entre aqueles que desceram à fossa.
30. É lá que se encontram todos os príncipes do norte, assim como os sidônios que, apesar do terror inspirado pela sua valentia, lá desceram com os mortos. Eles jazem entre os incircuncisos, entre as vítimas da espada, e trazem sua ignomínia com aqueles que desceram à fossa.
31. Vendo-os todos, o faraó se consolará da sorte de seu povo; porque o faraó estará transpassado pela espada com todo o seu exército – oráculo do Senhor Javé.
32. A despeito do terror que ele tinha semeado sobre a terra dos vivos, ei-lo que jaz entre os incircuncisos, no meio dos que foram mortos pela espada, o faraó, com todo o seu exército, – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 33

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, dirige-te a teus compatriotas e dize-lhes: quando eu erguer a espada contra uma terra, e seus habitantes escolherem um dentre eles para ser sentinela,
3. suposto que esse homem, vendo vir a espada, faça soar a trombeta para dar alarme à população,
4. todo aquele que escutar o seu som sem lhe dar atenção, e então venha a espada fazer com que ele pereça, esse homem é responsável por aquilo que lhe suceder:
5. ouviu o soar da trombeta e todavia não tomou precaução – é ele responsável pelo que lhe advier. Mas aquele que levou em consideração o alarme, esse terá salva a sua vida.
6. Suposto, ao contrário, que a sentinela veja vir a espada, não faça soar a trombeta, de sorte que o alarme não seja dado às gentes e que a espada venha a tirar a vida de alguém, este, é certo, perecerá devido à sua iniqüidade, mas eu pedirei conta do seu sangue à sentinela.
7. Filho do homem, eu te constituí sentinela na casa de Israel. Logo que escutares um oráculo meu, tu lhe transmitirás esse oráculo de minha parte.
8. Se eu disser ao pecador que ele deve morrer, e tu não o avisares para pô-lo de guarda contra seu proceder nefasto, ele perecerá por causa de seu pecado, mas a ti pedirei conta do seu sangue.
9. Todavia, se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, ele perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a tua vida.
10. Filho do homem, dize aos israelitas: não cessais de repetir: são os nossos delitos e os nossos pecados que pesam sobre nós; eis por que perecemos. Como poderemos nós subsistir?
11. Dize-lhes isto: Por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, não me comprazo com a morte do pecador, mas antes com a sua conversão, de modo que tenha a vida. Convertei-vos! Afastai-vos do mau caminho que seguis; por que haveis de perecer, ó casa de Israel?
12. Filho do homem, dize a teus compatriotas: no dia em que o justo vier a pecar, a sua justiça não o salvará; do mesmo modo, a malícia do pecador não há de fazê-lo sucumbir, se ele, um dia, renunciar à sua perversidade. Não, o justo, desde que haja cometido delito, não poderá viver em virtude de sua justiça.
13. Ainda mesmo que eu lhe tenha declarado que ele viveria, se ele praticar o mal confiando em sua justiça, nem uma de suas boas ações será computada: ele morrerá por causa de suas faltas.
14. E ainda mesmo que houvesse eu afirmado ao pecador que ele haveria de morrer, se, renunciando ao mal, ele praticar a justiça e a honestidade,
15. se ele devolver o penhor que exigiu, se restituir o que roubou, se observar as leis que dão vida e se se abstiver de todo o mal, ele viverá e será preservado da morte.
16. Nenhum delito que tenha ele cometido será computado. Ele viverá porque terá observado a justiça e a honestidade.
17. Teus compatriotas dizem que o proceder do Senhor não é justo. É o deles que não o é.
18. Se um justo abandonar sua retidão para cometer o mal, ele morrerá.
19. Se o mau renunciar à sua malícia para praticar o bem e ser honesto, ele viverá por essa razão.
20. E vós ousais dizer que o modo de proceder do Senhor é injusto! Será segundo os atos de cada um que vos julgarei, ó israelitas!
21. No décimo segundo ano, no quinto dia do décimo mês de nosso cativeiro, um fugitivo de Jerusalém veio a mim, dizendo: a cidade está tomada!
22. Ora, a mão do Senhor se achava posta sobre mim na noite precedente à chegada desse fugitivo, e, pela manhã, no momento em que ele chegava, o Senhor me abriu a boca. Tendo-me sido aberta a boca, meu mutismo cessou.
23. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
24. filho do homem, os habitantes das ruínas de que se acha coberto o solo de Israel dizem: Abraão estava sozinho, quando ele se apossou desta terra; a nós, que somos numerosos, ele a deixou em partilha.
25. Responde-lhes, pois: eis o que diz o Senhor Javé: comeis a carne com sangue, ergueis os olhos para os ídolos, derramais o sangue: e tereis a posse da terra?
26. Vós vos fiais em vossa espada, cometeis abominações, manchais cada um de vós a mulher do próximo: e haveis de ter a posse da terra?
27. Eis, dir-lhes-ás, o que diz o Senhor Javé: Por minha vida, aqueles que habitam as ruínas tombarão sob o gládio; aquele que vive no campo, eu o lançarei como pasto às feras, e aqueles que estão nos fortes e nas cavernas morrerão de peste.
28. Assim farei da terra uma desolação e uma solidão, o que porá termo ao orgulho que ela concebia de sua força. As montanhas de Israel ficarão desoladas de tal modo que ninguém mais passará por elas.
29. Então se saberá que sou eu o Senhor, quando eu houver feito da terra uma triste solidão, por causa de todas as abominações que cometeram.
30. Quanto a ti, filho do homem, teus compatriotas falam de ti ao longo dos muros e nas portas das casas: vinde, dizei um ao outro entre vizinhos: vinde escutar o derradeiro oráculo do Senhor.
31. Depois, eles acorrem em multidão até ti, sentam-se diante de ti, ouvem o que dizes, mas não o põem em prática. Eles só fazem o que lhes agrada e só procuram o próprio proveito.
32. Tu és para eles como um cantor romântico, dotado de bela voz, que toca bem o seu instrumento; escutam o que dizes, porém não o põem em prática.
33. Entretanto, quando tudo isso se realizar – e eis que está em vésperas de acontecer -, saberão que houve um profeta no meio deles.

 
Capítulo 34

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; dize-lhes, a esses pastores, este oráculo: eis o que diz o Senhor Javé: ai dos pastores de Israel que só cuidam do seu próprio pasto. Não é seu rebanho que devem pastorear os pastores?
3. Vós bebeis o leite, vestis-vos de lã, matais as reses mais gordas e sacrificais, tudo isso sem nutrir o rebanho.
4. Vós não fortaleceis as ovelhas fracas; a doente, não a tratais; a ferida, não a curais; a transviada, não a reconduzis; a perdida, não a procurais; a todas tratais com violência e dureza.
5. Assim, por falta de pastor, dispersaram-se minhas ovelhas, e em sua dispersão foram expostas a tornarem-se presa de todas as feras.
6. Minhas ovelhas vagueiam em toda parte sobre a montanha e sobre as colinas, elas se acham espalhadas sobre toda a superfície da terra, sem que ninguém cuide delas ou se ponha a procurá-las.
7. Pois bem, pastores, escutai a palavra do Senhor:
8. por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, já que por falta de pastor foram minhas ovelhas entregues à pilhagem, e serviram de pasto às feras, pois os meus pastores não têm o mínimo cuidado com elas, e que, em vez de pastoreá-las, só têm procurado se fartar eles próprios,
9. por isso, escutai, pastores, o que diz o Senhor:
10. Eis o que diz o Senhor Javé: vou castigar esses pastores, vou reclamar deles as minhas ovelhas, vou tirar deles a guarda do rebanho, de modo que não mais possam fartar a si mesmos; arrancarei minhas ovelhas da sua goela, de modo que não mais poderá devorá-las.
11. Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou tomar eu próprio o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas.
12. Como o pastor se inquieta por causa de seu rebanho, quando se acha no meio de suas ovelhas tresmalhadas, assim me inquietarei por causa do meu; eu o reconduzirei de todos os lugares por onde tinha sido disperso num dia de nuvens e de trevas.
13. Eu as recolherei dentre os povos e as reunirei de diversos países, para reconduzi-las ao seu próprio solo e fazê-las pastar nos montes de Israel, nos vales e nos lugares habitados da região.
14. Eu as apascentarei em boas pastagens, elas serão levadas a gordos campos sobre as montanhas de Israel; elas repousarão sobre as verdes relvas, terão sobre os montes de Israel abundantes pastagens.
15. Sou eu que apascentarei minhas ovelhas, sou eu que as farei repousar – oráculo do Senhor Javé.
16. A ovelha perdida eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a ferida, eu a curarei; a doente, eu a restabelecerei, e velarei sobre a que estiver gorda e vigorosa. Apascentá-las-ei todas com justiça.
17. Quanto a vós, minhas ovelhas, eis o que diz o Senhor Javé: vou julgar entre ovelha e ovelha, vou julgar os carneiros e os bodes.
18. Não vos bastava pastorear numa excelente pastagem, para que calqueis ainda aos pés o resto do prado? Não vos bastava beber as águas límpidas, para que calqueis ainda o resto com os pés?
19. E minhas ovelhas devem comer o que pisastes e beber o que sujastes?
20. Pois bem, eis o que diz o Senhor Javé: vou julgar entre ovelha gorda e magra.
21. Porque tendes batido o flanco ou a espádua, e ferido com vossos cornos todas as ovelhas fracas, até lançá-las fora,
22. eu irei em socorro de minhas ovelhas para poupá-las de serem atiradas à pilhagem; e julgarei entre ovelha e ovelha:
23. Para pastoreá-las suscitarei um só pastor, meu servo Davi. Será ele quem as conduzirá à pastagem e lhes servirá de pastor.
24. Eu, o Senhor, serei seu Deus, enquanto o meu servo Davi será um príncipe no meio delas. Sou eu, o Senhor, que o declaro.
25. Eu concluirei com elas um tratado de paz; suprimirei as feras de sua terra, de sorte que possam habitar o deserto com segurança e dormir nos bosques.
26. Farei deles e das imediações de minha colina uma bênção; farei cair chuva em tempo oportuno: serão chuvas de bênção.
27. As árvores dos bosques darão seus frutos e a terra dará o seu produto. Viverão com segurança na terra. Quando eu tiver rompido as cadeias de seu jugo, e os houver livrado das mãos de seus tiranos, eles saberão que sou eu o Senhor.
28. Não mais serão pilhados pelas nações nem devorados pelas feras; habitarão a terra com segurança, sem serem incomodados mais por ninguém.
29. Farei crescer para eles uma vegetação luxuriante, que constituirá o seu orgulho. Não haverá mais fome devoradora na terra; não mais sofrerão os insultos das nações.
30. Saberão que sou eu o Senhor, que sou o seu Deus, e que eles, os israelitas, são o meu povo – oráculo do Senhor Javé.
31. E vós, minhas ovelhas, vós sois homens, o rebanho que apascento. E eu, eu sou o vosso Deus – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 35

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, volta-te para o lado da montanha de Seir, e profetiza contra ela;
3. Dize-lhe: eis o que diz o Senhor Javé: é contra ti que venho, monte de Seir; eu vou levantar a mão contra ti. Farei de ti um deserto e uma solidão;
4. reduzirei as tuas cidades a ruínas, a fim de que saibas que sou eu o Senhor.
5. Já que tens nutrido ódio eterno pelos israelitas, e os entregaste ao fio da espada no dia de sua aflição, e ao termo da sua iniqüidade,
6. pois bem: por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, eu te entregarei ao sangue, e o sangue há de perseguir-te; porquanto não te horrorizes em derramar sangue, o sangue há de perseguir-te.
7. Farei da montanha de Seir um deserto e uma solidão, e suprimirei da terra todos os transeuntes.
8. Cobrirei tuas montanhas de cadáveres: sobre teus outeiros, teus vales e tuas torrentes tombarão aqueles a quem corta o gládio.
9. Reduzir-te-ei a solidões eternas; tuas cidades serão despovoadas. Assim saberás tu que eu é que sou o Senhor.
10. Já que disseste: as duas nações, os dois países serão meus, e tomarei posse deles, ainda que o Senhor aí resida,
11. pois bem: por minha vida – oráculo do Senhor Javé -, eu te tratarei com a mesma furiosa cólera com que os trataste, e far-me-ei conhecer no modo por que hei de exercer o meu julgamento contra ti.
12. Saberás que eu, o Senhor, ouvi todas as blasfêmias que proferiste contra as montanhas de Israel, quando dizias: ei-las devastadas! Elas nos são dadas como pasto.
13. Haveis-me afrontado com uma multidão de palavras insolentes contra mim. Eu as ouvi.
14. Eis o que diz o Senhor Javé:
15. enquanto toda a terra estiver em alegria, farei de ti uma solidão. Porque te tens alegrado com a devastação da herança da casa de Israel, eu te tratarei do mesmo modo: serás devastada, montanha de Seir, assim como toda a Iduméia. Assim reconhecerás que sou eu o Senhor.

 
Capítulo 36

1. E tu, filho do homem, profere o seguinte oráculo acerca das montanhas de Israel: montes de Israel, ouvi a palavra do Senhor.
2. Eis o que diz o Senhor Javé: o inimigo gritou a respeito de vós. Ah! Ah! As colinas eternas nos hão de ser dadas em propriedade!
3. Profere, pois, o seguinte oráculo: eis o que diz o Senhor Javé: Já que de todos os lados tendes sido devastados e tendes vos tornado propriedade de outras nações, pois tendes sido objeto de maledicências e de calúnias dos povos,
4. pois bem, montes de Israel, escutai o que diz o Senhor Javé às montanhas, às colinas, às torrentes, aos vales, às ruínas desoladas e às cidades abandonadas, que foram entregues à pilhagem e às zombarias das nações vizinhas;
5. pois bem, eis o que diz o Senhor Javé: juro que é no ardor do meu zelo que vou falar contra os demais povos e contra Edom todo que, com uma alegria cheia de desprezo, se estão atribuindo a posse de minha terra para saqueá-la.
6. Por isso, pronuncia o teu oráculo sobre a terra de Israel, e dize às montanhas, aos outeiros, às torrentes e aos vales: eis o que diz o Senhor Javé: é no furor do meu zelo que falo. Tendes carregado o desprezo injurioso das nações.
7. Por isso, eis o que diz o Senhor Javé: eu o juro. As nações que vos rodeiam terão também elas que sofrer ignomínia,
8. enquanto vós, montes de Israel, vós lançareis os vossos ramos e trareis vosso fruto para o meu povo de Israel, porque sua volta está próxima.
9. Porque eis que venho até vós, eu me volto para vós, a fim de que sejais (novamente) cultivados e semeados.
10. Multiplicarei sobre o vosso solo os homens de toda a casa de Israel: as cidades serão repovoadas e as ruínas, reconstruídas.
11. Multiplicarei sobre vosso solo homens e animais, que serão numerosos e fecundos; eu vos repovoarei como outrora e vos tornarei mais prósperos do que nunca. Vós reconhecereis assim que eu é que sou o Senhor.
12. É meu povo de Israel, esses homens que farei nascer sobre o vosso solo; serás a sua posse e herança, e não os privarás mais dos seus filhos.
13. Eis o que diz o Senhor Javé: como se diz de ti que és uma devoradora e que privas a tua nação de seus filhos,
14. pois bem, por isso não devorarás mais homens e não mais privarás tua nação de seus filhos – oráculo do Senhor Javé.
15. Farei de maneira a não mais ouvires as injúrias das nações pagãs, e que não sofras mais os ultrajes dos povos, e não mais farás tropeçar tua nação – oráculo do Senhor Javé.
16. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
17. filho do homem, quando os israelitas habitavam sobre o seu território, eles mancharam-no por seu comportamento e seus atos: seu proceder era, a meus olhos, como a menstruação de uma mulher.
18. Por isso desencadeei sobre eles o meu furor, devido ao sangue que tinham derramado sobre a terra e aos ídolos com que a profanaram;
19. eu os dispersei no meio das nações e os disseminei entre as nações estrangeiras: foi esse um julgamento apropriado a seu comportamento e aos seus atos.
20. Entre todos os povos aonde foram, aviltaram o meu santo nome, porque se dizia deles: eis o povo do Senhor, eles deixaram a sua terra.
21. Eu, pois, quis salvar a honra do meu santo nome, que os israelitas profanaram entre as nações, às quais tinham ido.
22. Por isso, declara à casa de Israel o que segue: eis o que diz o Senhor Javé: não é por vós que faço isto, ó israelitas, mas por honra do meu santo nome que profanastes entre pagãos, aonde tínheis ido.
23. Quero manifestar a santidade do meu augusto nome que aviltastes, profanando-o entre as nações pagãs, a fim de que conheçam que eu sou o Senhor – oráculo do Senhor Javé -, quando sob seus olhares eu houver manifestado a minha santidade por meu proceder em relação a vós.
24. Eu vos retirarei do meio das nações, eu vos reunirei de todos os lugares, e vos conduzirei ao vosso solo.
25. Derramarei sobre vós águas puras, que vos purificarão de todas as vossas imundícies e de todas as vossas abominações.
26. Dar-vos-ei um coração novo e em vós porei um espírito novo; tirar-vos-ei do peito o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne.
27. Dentro de vós meterei meu espírito, fazendo com que obedeçais às minhas leis e sigais e observeis os meus preceitos.
28. Habitareis a terra de que fiz presente a vossos pais; sereis meu povo, e serei vosso Deus.
29. Purificar-vos-ei de todas as vossas imundícies. Farei vir o trigo, farei com que seja produzido em abundância e isentar-vos-ei da fome.
30. Farei abundar os frutos das árvores e a colheita dos campos, a fim de que não tenhais mais de sofrer entre as nações a vergonha da fome.
31. Então, lembrando-vos de vosso perverso proceder e de vossas ignóbeis ações, vos desgostareis de vós mesmos, por causa das vossas iniqüidades e de vossas abominações.
32. Não é por vós que faço isso – oráculo do Senhor Javé -, sabei-o bem. Tende vergonha, enrubescei-vos por causa de vosso comportamento, ó israelitas!
33. Eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniqüidades, repovoarei as cidades; as ruínas serão reerguidas,
34. e a terra inculta de novo cultivada, ao invés desse espetáculo de desolação oferecido aos olhares de todos os passantes.
35. Dir-se-á: esta terra que se achava devastada tornou-se um jardim do Éden! Essas cidades em ruínas, desertas e desoladas, estão agora restauradas e repovoadas.
36. Então as nações que restaram em torno de vós saberão que sou eu o Senhor, que reconstruí o que estava em ruínas e replantei o que estava baldio. Sou eu, o Senhor, que o digo e o farei.
37. Eis o que diz o Senhor Javé: nisto ainda me deixarei abrandar pela casa de Israel e o farei por eles: eu os multiplicarei como um rebanho.
38. Tais como os rebanhos dos animais consagrados, tais como as manadas que se conduzem a Jerusalém, por ocasião das festas solenes, tais serão os rebanhos de homens que povoarão vossas cidades em ruínas. Então se saberá que sou eu o Senhor.

 
Capítulo 37

1. A mão do Senhor desceu sobre mim. Ele me arrebatou em espírito e me colocou no meio de uma planície, que estava coberta de ossos.
2. Ele fez-me circular em todos os sentidos no meio desses ossos numerosos que jaziam na superfície. Vi que estavam inteiramente secos.
3. Disse-me o Senhor: filho do homem, poderiam esses ossos retornar à vida? Senhor Javé, respondi, só vós o sabeis.
4. Ele disse-me então: Profere um oráculo sobre esses ossos. Ossos dessecados, dir-lhes-ás tu, escutai a palavra do Senhor:
5. Eis o que vos declara o Senhor Javé: vou fazer reentrar em vós o sopro da vida para vos fazer reviver.
6. Porei em vós músculos, farei vir carne sobre vós, cobrir-vos-ei de pele; depois farei entrar em vós o sopro da vida, a fim de que revivais. E sabereis assim que eu sou o Senhor.
7. Profetizei, pois, assim como tinha recebido ordem. No momento em que comecei, um barulho se fez ouvir, em seguida um ruído ensurdecedor, enquanto os ossos se vinham unir aos outros.
8. Prestando atenção, vi que se formavam sobre eles músculos, que nascia neles carne e que uma pele os recobria. Todavia, não tinham espírito.
9. Profetiza ao espírito, disse-me o Senhor, profetiza, filho do homem, e dirige-te ao espírito: eis o que diz o Senhor Javé: vem, espírito, dos quatro cantos do céu, sopra sobre esses mortos para que revivam.
10. Proferi o oráculo que ele me havia ditado, e daí a pouco o espírito penetrou neles. Retornando à vida, eles se levantaram sobre seus pés: um grande, um imenso exército.
11. Então o Senhor me disse: filho do homem, esses ossos são toda a raça dos israelitas. Eles dizem: nossos ossos estão secos, nossa esperança está morta; estamos perdidos!
12. Por isso, dirige-lhes o seguinte oráculo: eis o que diz o Senhor Javé: ó meu povo, vou abrir os vossos túmulos; eu vos farei sair deles para vos transportar à terra de Israel.
13. Sabereis então que eu é que sou o Senhor, ó meu povo, quando eu abrir os vossos túmulos e vos fizer sair deles,
14. quando eu meter em vós o meu espírito para vos fazer voltar à vida e quando vos hei de restabelecer em vossa terra. Sabereis então que sou eu o Senhor, que o disse e o executei – oráculo do Senhor.
15. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
16. filho do homem, toma um pedaço de madeira e escreve nele: Judá e os israelitas que estão com ele. Em seguida, tomarás outro no qual escreverás: José, madeira de Efraim, e todos os israelitas que estão com ele.
17. Em seguida, os ajuntarás um ao outro, de modo que só formem um pedaço em tua mão.
18. Quando teus compatriotas te perguntarem o que queres dizer com isso,
19. responderás: eis o que diz o Senhor Javé: vou tomar o lenho de José, que está na mão de Efraim, assim como as tribos de Israel que estão com ele, para juntá-lo ao lenho de Judá, de modo que, unidos na mão, não sejam senão um.
20. Guardarás ostensivamente na mão os pedaços de madeira em que houveres feito essas inscrições,
21. e tu dirás: eis o que diz o Senhor Javé: vou recolher os israelitas de entre as nações onde se acham dispersos; vou congregá-los de toda parte e trazê-los para a sua terra.
22. Farei com que, em sua terra, sobre as montanhas de Israel, não formem mais do que uma só nação, que não possuam mais do que um rei. Não mais existirá a divisão em dois povos e em dois reinos.
23. Não mais se mancharão com seus ídolos nem cometerão infames abominações: libertá-los-ei de todas as transgressões de que se tornaram culpados e purificá-los-ei. Eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus.
24. Meu servo Davi será o seu rei; não terão todos senão um só pastor; obedecerão aos meus mandamentos, observarão as minhas leis e as porão em prática.
25. Habitarão a terra que concedi a meu servidor Jacó, aquela em que vossos pais residiram; eles aí permanecerão; eles, seus filhos e os filhos de seus filhos para sempre. Davi, meu servo, será para sempre o seu rei.
26. Concluirei com eles uma aliança de paz, um tratado eterno. Eu os plantarei e multiplicá-los-ei. Estabelecerei para sempre o meu santuário entre eles.
27. Minha residência será no meio deles. Eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.
28. E as nações saberão que sou eu, o Senhor, quem santifica Israel, quando o meu santuário se achar constituído para sempre no meio do (meu) povo.

 
Capítulo 38

1. A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos:
2. filho do homem, volta os teus olhos contra Gog, na terra de Magog, príncipe soberano de Mosoc e de Tubal, e profere contra ele o seguinte oráculo:
3. Eis o que diz o Senhor Javé: é contra ti que venho, Gog, príncipe soberano de Mosoc e de Tubal.
4. Vou te fazer ir e vir. Vou armar tua goela de ganchos, vou preparar-te uma expedição com todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos perfeitamente equipados, horda imensa, munida de escudos, de broquéis e de espadas.
5. Ela terá por aliados a Pérsia, a Etiópia e a terra de Put, equipados de escudos e capacetes.
6. Marcharão contigo Gomer e todas as suas tropas, o povo armado de Togorma, dos confins do norte, povos numerosos.
7. Estai atentos, preparai-vos bem, tu e todas as hordas que se agrupam em derredor de ti. Fica à minha disposição.
8. Ao fim de considerável lapso de tempo, receberás ordem de marcha. Com o correr dos anos, irás contra uma terra, cujos habitantes, subtraídos ao massacre, se acham reunidos de países diversos, nas montanhas de Israel, por tão longo tempo desertas, mas onde vive agora tranqüilamente a nação segregada do meio dos povos.
9. Levantar-te-ás como uma tempestade, tu e a multidão das tropas de povos diversos que te acompanham, como uma nuvem de tempestade para cobrir a terra.
10. Eis o que diz o Senhor Javé: naquele dia, projetos nascerão em teu coração, e conceberás desígnios perversos.
11. Vou atacar, dirás tu, uma terra indefesa, gente pacífica, que vive tranqüilamente em cidades sem muralhas, sem portas, sem ferrolhos.
12. Irás, pois, ali pilhar, para fazer despojo, para pôr a mão sobre essas ruínas agora repovoadas, sobre uma população recolhida dentre pagãos, que, residindo no umbigo da terra, se ocupa agora com a criação e o comércio.
13. Sabá, Dedã, mercadores de Társis e todos os seus jovens leões te hão de dizer: é para pilhar que vens tu? É para fazer espólio que reuniste as tuas hordas, para levar prata e ouro, para tomar rebanhos e bens, para fazer imensa pilhagem?
14. Eis por que, ó filho do homem, proferirás contra Gog o oráculo seguinte: eis o que diz o Senhor Javé: não é acaso naquele dia, quando o meu povo de Israel habitar sua terra com toda a segurança, que tu te meterás em agitação?
15. Virás de tua terra, dos confins do norte, seguido de teu poderoso exército, tua horda imensa de cavaleiros.
16. Atacarás o meu povo de Israel como uma nuvem de tempestade que vem cobrir a terra. Isso acontecerá no decorrer dos tempos: eu te farei vir contra a minha terra, a fim de que as nações aprendam a conhecer-me, quando sob meus olhares, ó Gog, eu tiver manifestado a minha santidade pela maneira como eu te tratar.
17. Eis o que diz o Senhor Javé: tu és aquele de quem falei outrora por intermédio dos meus servidores, os profetas de Israel, que, naquele tempo, durante anos, predisseram que eu te enviaria contra eles.
18. Naquele dia futuro, o dia em que Gog penetrar no solo de Israel – oráculo do Senhor Javé -, o furor me subirá ao nariz.
19. Na explosão de meu ciúme e na exasperação de minha raiva, eu o afirmo, naquele dia, eu o juro, haverá terrível abalo na terra de Israel.
20. À minha vista, tremerão de pavor os peixes do mar e os pássaros do céu, os animais dos campos e os répteis que se movem pela terra, assim como todos os homens que vivem na crosta terrestre. As montanhas desmoronar-se-ão, os rochedos cairão e todas as muralhas serão derrubadas por terra.
21. Chamarei contra Gog toda espécie de terríveis flagelos – oráculo do Senhor Javé. Cada qual voltará a espada contra seu companheiro.
22. Farei sua condenação com a peste mortífera, farei chover sobre ele, suas tropas e sobre as hordas que o acompanham um aguaceiro, saraiva, fogo e enxofre.
23. É assim que manifestarei a minha glória e a minha santidade, revelando-me aos olhos de inúmeras nações, a fim de que saibam que eu sou o Senhor.

 
Capítulo 39

1. E tu, filho do homem, profetiza contra Gog nestes termos: eis o que diz o Senhor Javé: é contra ti que venho, Gog, príncipe soberano de Mosoc e de Tubal.
2. Eu te vou fazer ir e vir, eu te conduzirei, eu te transportarei dos confins do norte contra as montanhas de Israel.
3. De tua mão esquerda escapará teu arco, que eu quebrarei, e de tua mão direita farei cair tuas flechas.
4. Tombarás sobre os montes de Israel, com tuas tropas e as hordas que te seguirem. Dar-te-ei por pasto às aves de rapina, aos voláteis de toda espécie e às feras.
5. Serás estirado na terra, porquanto eu disse – oráculo do Senhor Javé.
6. Expedirei fogo a Magog e entre aqueles que ocupam tranqüilamente as praias marinhas; eles saberão que sou eu o Senhor.
7. Farei assim conhecer meu santo nome no meio do meu povo de Israel, sem mais deixá-lo profanar. As nações saberão assim que sou eu o Senhor, santo em Israel.
8. Ora, eis o que irá suceder, e isso está próximo – oráculo do Senhor Javé -, eis o dia que eu havia predito.
9. De todas as cidades de Israel sairão cidadãos para acender um fogo onde hão de queimar as armas: capacetes, escudos, arcos, flechas, lanças, dardos, dos quais se fará uma fogueira durante sete anos.
10. Não mais irão aos campos amontoar lenha, não mais hão de fazer derrubada na floresta, porque com as armas é que se farão fogueiras. Pilharão os saqueadores, destruirão os destruidores – oráculo do Senhor Javé.
11. Naquele dia, assinalarei a Gog o local da sepultura em Israel, o vale dos viandantes, a oriente do mar, que tapará o caminho aos passantes. Aí se enterrará Gog e toda a horda de suas gentes, e chamar-se-á esse vale Hamon-Gog.
12. Os israelitas gastarão sete meses para enterrá-los e para limpar a terra.
13. Todas as gentes da terra trabalharão nessa sepultura e hão de orgulhar-se do dia em que eu manifestar a minha glória – oráculo do Senhor Javé.
14. Designar-se-ão homens encarregados de percorrer continuamente a terra para a limparem, enterrando os cadáveres que ficarem distendidos pelo solo: essa procura durará sete meses.
15. Quando em suas caminhadas virem eles ossos humanos, de todo lado farão sinal até que os coveiros os tenham enterrado no vale de Hamon-Gog.
16. Uma cidade terá o nome de Hamona. É assim que se purificará a terra.
17. E tu, filho do homem, escuta o que diz o Senhor Javé: dize às aves de toda espécie e a todos os animais dos campos: ajuntai-vos! Vinde, reuni-vos para o sacrifício que vos preparo, um grande sacrifício nas montanhas de Israel: comereis carne e bebereis sangue.
18. Ireis comer a carne dos heróis e beber o sangue dos príncipes da terra: carneiros, cordeiros, cabritos, touros robustos de Basã.
19. Nesse sacrifício ao qual vos convido, comereis gordura até vos fartardes, e bebereis sangue até a embriaguez.
20. À minha mesa vos saciareis de corcéis, cavaleiros, heróis e guerreiros de toda espécie – oráculo do Senhor Javé.
21. Desse modo, manifestarei minha glória entre as nações: todas elas me hão de ver executar os meus atos de justiça e pôr a mão sobre elas.
22. E, a partir daquele dia, os israelitas saberão que sou eu o Senhor, seu Deus.
23. As nações reconhecerão que é por causa da sua iniqüidade que Israel foi deportado, e que é por causa da sua infidelidade que lhes tenho ocultado a minha face e as tenho entregue nas mãos dos seus inimigos, para que pereçam pela espada.
24. Escondendo-lhes minha face, só lhes fiz o que mereciam por suas iniqüidades e prevaricações.
25. E, por isso, eis o que diz o Senhor Javé: dentro em breve vou reconduzir os cavalos de Jacó e apiedar-me de toda a casa de Israel; vou mostrar-me cioso do meu santo nome.
26. E serão livres de toda vergonha e das infidelidades de que se tornaram culpados para comigo, quando habitarem de novo tranqüilamente sua terra, sem que ninguém os inquiete.
27. Logo que os houver reconduzido dentre as nações e reunido dos países inimigos, e que houver manifestado a minha santidade aos olhos das nações numerosas por meu proceder a seu respeito,
28. reconhecerão eles que sou eu o Senhor, que sou seu Deus, porque depois de tê-los exilado entre as nações, eu os reunirei no seu solo sem lá deixar um só.
29. Não esconderei mais deles a minha face, porque espargirei meu Espírito sobre toda a casa de Israel – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 40

1. No ano vinte e cinco da nossa deportação, no começo do ano, no décimo mês, catorze anos após a queda da cidade, naquele mesmo dia, a mão do Senhor veio sobre mim. Deus me transportou,
2. no curso das visões divinas, à terra de Israel. Ele me colocou nos cimos de uma montanha muito elevada, sobre a qual pareciam elevar-se, do lado do meio-dia, as construções de uma cidade.
3. Conduzido ao lugar, divisei um homem que parecia ser de bronze, levando nas mãos uma corda de linho e uma cana de agrimensor. Ele permanecia de pé à porta.
4. Esse homem dirigiu-me as seguintes palavras: Filho do homem, volta os teus olhos, escuta com teus ouvidos, e presta bem atenção a tudo quanto te vou mostrar, porque é para esse espetáculo que foste transportado até aqui. Darás conhecimento aos israelitas de tudo o que te vou mostrar.
5. Um muro exterior formava o recinto do templo. O homem tinha na mão uma cana de agrimensor, de seis côvados (cada côvado tendo um palmo a mais que o côvado corrente). Ele mediu a largura da construção – uma cana – e a altura – também uma cana.
6. Voltou em seguida ao pórtico oriental; subiu os degraus e mediu a soleira da porta, que tinha uma cana de profundidade.
7. Cada câmara tinha uma cana de comprimento e uma cana de largura: entre cada câmara havia cinco côvados. A soleira do pórtico do lado do vestíbulo, para o interior, media uma cana.
8. Ele mediu o vestíbulo do pórtico, para o interior.
9. Ele tinha oito côvados, e suas pilastras, dois côvados. Esse vestíbulo do pórtico estava situado no interior.
10. As câmaras do pórtico oriental eram em número de três de cada lado: Tinham todas as três as mesmas dimensões, do mesmo modo que as pilastras.
11. Ele mediu a largura do vão da porta: dez côvados; a extensão do pórtico era de treze côvados.
12. Diante dos cômodos havia uma barreira de um côvado de cada lado. A própria câmara media seis côvados em cada direção.
13. Mediu o pórtico, desde o teto de uma câmara até o teto de outra: vinte e cinco côvados de largura, de porta a porta.
14. Depois contou sessenta côvados para as pilastras, perto das quais se encontrava a átrio que rodeava o pórtico.
15. O espaço entre a porta de entrada e o vestíbulo da porta interior era de cinqüenta côvados.
16. Havia nas câmaras e nas pilastras janelas gradeadas para o interior do pórtico; havia o mesmo nos vestíbulos: janelas se encontravam em toda a volta, dando para o interior. Sobre as pilastras, havia palmeiras.
17. Em seguida ele me fez entrar no átrio exterior onde vi câmaras, e um lajeamento disposto em redor do átrio: sobre esse lajeamento havia trinta câmaras.
18. O lajeamento se estendia de cada lado dos pórticos, numa extensão igual à extensão desse pórtico: era o pavimento interior.
19. Ele mediu a largura desde a frente do pórtico interior até diante do ártrio interior: cem côvados ao leste e ao norte.
20. Quanto ao pórtico setentrional do ártrio exterior, mediu a extensão e a largura.
21. Os aposentos eram em número de três de cada lado; suas pilastras e seus vestíbulos tinham as mesmas dimensões que as do primeiro pórtico: cinqüenta côvados de extensão por vinte e cinco de largura.
22. Suas janelas, seu vestíbulo e suas palmeiras tinham as mesmas dimensões que as do pórtico oriental. Chegava-se aí por sete degraus, em frente dos quais ficava o seu vestíbulo.
23. Diante do pórtico norte, como diante do pórtico oriental, havia uma porta com saída para o átrio interior. De um pórtico a outro contou cem côvados.
24. Ele me conduziu até o lado do meio-dia, onde vi o pórtico meridional. As pilastras e o vestíbulo, que mediu, tinham idêntica dimensão.
25. Esse pórtico tinha, em todo o seu âmbito, assim como seu vestíbulo, janelas semelhantes às outras. Havia cinqüenta côvados de extensão por vinte e cinco de largura.
26. Chegava-se aí por sete degraus, em frente dos quais ficava o vestíbulo. De uma e outra parte havia palmeiras em suas pilastras.
27. O átrio interior tinha também um pórtico meridional. De um pórtico a outro, para o meio-dia, contou cem côvados.
28. Ele me fez entrar no átrio interior pelo pórtico meridional, o qual tinha as mesmas dimensões.
29. Suas câmaras, pilastras e vestíbulo tinham as mesmas dimensões. Esse pórtico, assim como o seu vestíbulo, estavam guarnecidos de janelas em toda a volta. Suas dimensões eram: cinqüenta côvados de extensão por vinte e cinco de largura.
30. Em toda a volta havia vestíbulos de vinte e cinco côvados de comprimento por cinco de largura.
31. Seu vestíbulo se encontrava do lado do átrio exterior. Suas pilastras eram ornadas de palmeiras; subia-se até aí por uma escada de oito degraus.
32. Depois conduziu-me ao pórtico oriental do átrio interior, que ele mediu, e no qual encontrou as mesmas dimensões.
33. Tinham também as mesmas dimensões suas câmaras, pilastras e vestíbulo. O pórtico assim como seu vestíbulo, estavam guarnecidos de janelas em toda a sua extensão. Suas dimensões eram de cinqüenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura.
34. Seu vestíbulo dava para o átrio exterior. Havia, de uma e outra parte, palmeiras em suas pilastras, e uma escada de oito degraus.
35. Ele me conduziu então ao pórtico setentrional, que mediu, e no qual encontrou as mesmas dimensões,
36. do mesmo modo que em suas câmaras, pilastras e vestíbulo. Havia janelas em toda a volta. As dimensões eram de cinqüenta côvados de comprimento por vinte e cinco de largura.
37. Seu vestíbulo dava para o átrio exterior. Havia, de uma a outra parte, palmeiras em suas pilastras, e uma escada de oito degraus.
38. Havia uma sala, cuja porta se encontrava junto às pilastras dos pórticos; era lá que se lavavam os holocaustos.
39. No vestíbulo do pórtico encontravam-se, de uma e outra parte, duas mesas nas quais se degolavam as vítimas destinadas aos sacrifícios pelo pecado e pelo delito.
40. No exterior, do lado norte, para quem subia no pórtico, encontravam-se duas mesas, e duas outras mesas do lado do vestíbulo desse pórtico.
41. Assim, quatro mesas de cada lado do pórtico, o que perfaz oito mesas, nas quais se degolavam as vítimas.
42. Havia, além disso, para os holocaustos, quatro mesas de pedra de cantaria, do comprimento de um côvado e meio, e a largura de um côvado e meio e a altura de um côvado. Depositavam-se nelas os instrumentos que serviam para degolar as vítimas dos holocaustos e dos sacrifícios.
43. Havia bordas da largura de um palmo em todo o âmbito interior. Era sobre essas mesas que eram depositadas as carnes sacrificadas.
44. No átrio interior, fora do pórtico interior, ficavam os lugares dos cantores, um do lado do pórtico setentrional, olhando para o sul, outro do lado do pórtico oriental, olhando para o norte.
45. O homem disse-me: Esta câmara, que olha para o sul, é reservada aos sacerdotes que têm a guarda do templo;
46. e a que olha para o norte é destinada aos sacerdotes que fazem o serviço do altar. Estes são os descendentes de Sadoc, (únicos) descendentes de Levi que (podem) aproximar-se do Senhor para o servirem.
47. Mediu o átrio: era um quadrado de cem côvados de lado. O altar encontrava-se diante do edifício.
48. Ele conduziu-me então ao vestíbulo do templo, cujas pilastras mediu: cinco côvados de cada lado, enquanto a largura do pórtico era de três côvados de cada lado.
49. O vestíbulo tinha vinte côvados de comprimento por onze de largura; chegava-se aí por degraus. Junto às pilastras, de uma e outra parte, havia (duas) colunas.

 
Capítulo 41

1. Depois (este homem) me fez entrar no templo, cujas pilastras mediu; tinham seis côvados de largura de um lado, e seis côvados de largura do outro lado, largura da tenda.
2. A largura da entrada era de dez côvados; os dois lados da porta tinham ambos cinco côvados. Ele mediu a extensão do templo: quarenta côvados; e sua largura, vinte côvados.
3. Em seguida, penetrou no interior e mediu as pilastras da entrada: dois côvados; depois a porta: seis côvados, com uma largura de sete côvados.
4. Mediu aí a extensão de vinte côvados e uma largura de vinte côvados do lado do templo, e me disse: É o santo dos santos.
5. Mediu a parede do edifício: seis côvados, e a largura do edifício lateral que rodeia a torre do templo: quatro côvados.
6. As câmaras laterais, superpostas, eram em número de três vezes trinta. Elas tocavam numa parede construída em torno de todo o edifício, de modo a se apoiar nela sem tocar a parede do templo.
7. À medida que subia, a largura aumentava de um andar a outro, porque o templo tinha uma galeria circular em cada andar, de sorte que a largura do edifício era mais considerável em cima; subia-se do andar inferior ao superior pelo meio.
8. Eu vi em redor do templo uma fiada saliente. Eram os fundamentos das câmaras laterais, que mediam uma cana inteira, seis côvados.
9. A espessura da parede exterior do edifício lateral era de cinco côvados. A esta se ajuntava o alicerce do edifício lateral do templo.
10. O espaço não construído até as câmaras laterais era de vinte côvados, em toda a volta do templo.
11. As portas do edifício lateral davam para a fiada, formando uma entrada para o norte e uma entrada para o sul. A largura dessa fiada era de cinco côvados em todo o redor.
12. A construção que se elevava defronte do espaço livre, a ocidente, era da largura de setenta côvados; o muro que o cercava era da espessura de cinco côvados e do comprimento de noventa.
13. Ele mediu o templo, que tinha uma extensão de cem côvados, o espaço livre, a construção e suas paredes, tendo também um comprimento de cem côvados.
14. A largura da fachada do templo, com o espaço livre do lado do oriente, era de cem côvados.
15. Ele mediu o comprimento do edifício diante do espaço livre que estava atrás da construção, com as galerias de uma e outra parte: cem côvados.
16. O interior do templo, os vestíbulos do átrio, os limiares, as janelas gradeadas e as galerias em volta nos três lados diante dos limiares, eram forradas de madeira, do chão até as janelas, as quais estavam fechadas.
17. Acima da porta, no interior e no exterior do templo, e por toda a parede em redor, por dentro e por fora, tudo estava coberto de figuras:
18. querubins e palmas, uma palma entre dois querubins. Os querubins tinham duas faces:
19. uma figura humana de um lado, voltada para a palmeira, e uma face de leão voltada para a palmeira, do outro lado, esculpidas em relevo em toda a volta do templo.
20. Desde o piso até acima da porta, havia representações de querubins e palmeiras, assim como na parede do templo.
21. A porta do templo era de ângulos retos. Diante do santuário, havia alguma coisa como um altar de madeira.
22. Sua altura era de três côvados, enquanto a largura era de dois côvados. Havia ângulos (protuberantes); sua base e suas paredes eram de madeira. Disse-me o homem: É aqui a mesa que está diante do Senhor.
23. O templo e o santo dos santos tinham cada um uma porta,
24. e cada porta era de dois batentes, que tinham duas bandeiras, duas bandeiras para cada batente.
25. Assim como nas paredes, querubins e palmeiras eram figurados nas portas do templo. Na fachada do vestíbulo no exterior, havia um anteparo de madeira.
26. Havia janelas gradeadas e palmeiras de uma e outra parte, nos lados do vestíbulo, nas câmaras laterais do templo, e nos anteparos.

 
Capítulo 42

1. O homem fez-me sair para o átrio exterior, do lado norte, e conduziu-me às câmaras situadas do lado do espaço livre, e até as que estavam diante da construção, para o lado norte.
2. Sobre a fachada onde se encontrava a porta do lado norte, elas se estendiam por uma extensão de cem côvados, e uma largura de cinqüenta côvados,
3. defronte dos vinte (côvados) do átrio interior e em frente do lajeamento do átrio exterior, uma galeria ao longo da galeria de três andares.
4. Diante das câmaras havia um corredor de dez côvados de largura e, para o interior, um caminho da largura de um côvado. As portas das câmaras davam para o norte.
5. As câmaras superiores eram mais estreitas que as câmaras inferiores e as do meio, porque as galerias penetravam nelas.
6. Havia três andares, porém não havia colunas, como nas (câmaras) do átrio. Eis por que as câmaras superiores eram mais estreitas que as inferiores e que as do (andar) intermediário.
7. O recinto exterior, paralelo às câmaras para o pátio exterior, tinha, diante dessas câmaras, uma extensão de cinqüenta côvados.
8. Efetivamente, a extensão das câmaras do átrio exterior era de cinqüenta côvados, enquanto as do lado do templo tinham cem côvados.
9. E abaixo dessas câmaras havia, para o oriente, uma entrada que dava acesso a quem vinha do átrio exterior.
10. Sobre a extensão do muro do pátio, para o oriente, ante o espaço livre e a construção, havia também câmaras.
11. Diante delas corria uma ala, assim como diante das câmaras situadas do lado norte; a mesma extensão, a mesma largura, as mesmas saídas, a mesma disposição, as mesmas portas.
12. O mesmo havia para as entradas das câmaras que davam para o oriente. À entrada da ala, diante do muro correspondente, havia uma porta à qual se chegava pelo lado do oriente.
13. O homem disse-me: As câmaras do norte e as do sul, que dão para o espaço livre, são câmaras santas, onde os sacerdotes que se aproximam do Senhor devem comer as coisas santíssimas. É lá que eles devem depositar as coisas santíssimas: oblações, oferendas pelo pecado e pelo delito; é um lugar santo.
14. Uma vez que tiverem entrado, os sacerdotes não sairão do lugar santo para o átrio exterior, sem ter deixado ali as suas vestes litúrgicas, porque esses paramentos são sagrados. Eles se revestirão de outros hábitos para penetrar nos lugares destinados ao povo.
15. Ao concluir a medição do interior do templo, fez-me sair pelo pórtico oriental, e mediu o recinto que rodeia o templo.
16. Com sua cana, mediu o lado leste: quinhentos côvados, com sua cana de medir para o circuito.
17. Mediu o lado norte: quinhentos côvados de âmbito, com sua cana de medir.
18. Mediu o lado sul: quinhentos côvados, com sua cana de medir.
19. Em seguida, voltou-se para o lado oeste para o medir, e obteve quinheiros côvados, com sua cana de medir.
20. Tinha assim medido o circuito do muro, pelos quatro lados: extensão, quinhentos côvados; largura, quinhentos côvados. Esse muro separava o sagrado do profano.

 
Capítulo 43

1. Fui então conduzido ao pórtico oriental,
2. e eis que a glória do Deus de Israel chegava do oriente, com ruído semelhante ao ruído das muitas águas, enquanto a terra resplandecia com seu clarão.
3. A visão que eu contemplava então recordava-me a que me havia aparecido quando eu tinha vindo para a destruição da cidade, e a que me havia aparecido nas margens do Cobar. Caí com a face em terra.
4. A glória do Senhor penetrou no templo pela porta oriental.
5. O espírito levou-me e transportou-me ao átrio interior: eis que o templo estava cheio do resplendor do Senhor.
6. Ouvi, então, que alguém me falava do interior do templo, enquanto o homem se conservava (sempre) a meu lado.
7. Filho do homem, disse-me (a voz), é aqui o lugar do meu trono, o lugar onde pus a planta dos meus pés, minha morada definitiva entre os israelitas. De hoje em diante, nem o povo de Israel, nem seus reis profanarão mais o meu santo nome pelas suas fornicações nem pelos cadáveres de seus reis, seus lugares altos,
8. pondo seu limiar junto ao meu limiar, e sua porta junto à minha porta, não havendo entre mim e eles senão um muro. É assim que manchavam o meu santo nome pelas abominações que cometiam. Por isso exterminei-os em minha cólera.
9. Mas, doravante, eles afastarão de mim as suas prostituições e os cadáveres de seus reis, e eu estabelecerei definitivamente minha morada entre eles.
10. Filho do homem, dá aos israelitas uma descrição deste templo, a fim de que eles se envergonhem de suas iniqüidades. Que eles meçam o seu plano.
11. Se estão confusos por causa dos seus atos, tu lhes descreverás a forma deste templo, sua disposição, suas saídas e entradas, suas formas, suas ordens e todas as suas leis. Meterás tudo isso por escrito diante de seus olhos, a fim de que observem todas as leis e todas as regras que a eles digam respeito e as ponham em prática.
12. Eis a lei do templo: no cume da montanha, todo o espaço que o rodeia é área sagrada. Tal é a lei relativa ao templo.
13. Eis as dimensões do altar em côvados (cada côvado medindo um côvado ordinário mais um palmo). A base tem um côvado de altura por outro de largura; a orla, que constitui a borda, e por todo o circuito, um palmo. Isso para o lado do altar.
14. Desde a base, que se acha no nível do solo, até a base inferior, tem dois côvados (de altura) por um côvado de largura; da pequena base até a maior, quatro côvados (de altura) por um de largura.
15. O altar tem quatro côvados; acima do altar elevam-se quatro cornos.
16. O altar forma um quadrado perfeito, medindo doze côvados de lado.
17. A grande base tem seus quatro lados iguais, cada um de catorze côvados. A orla que faz a volta mede meio côvado; a base mede um côvado ao redor. Os degraus do altar ficam voltados para o oriente.
18. (Meu guia) me disse: Filho do homem, eis o que diz o Senhor Javé: Eis as prescrições relativas ao altar (que entrarão em vigor) no dia em que ele tiver sido construído para aí oferecer-se o holocausto e fazer-se aspersão do sangue.
19. Darás aos sacerdotes levitas, que são da linhagem de Sadoc, aqueles que se aproximam de mim – oráculo do Senhor -, um touro novo, que imolarão pelo pecado.
20. Tomarás de seu sangue para pô-lo sobre os quatro cornos do altar, sobre os quatro ângulos da base e sobre a orla que o cerca; isso será a purificação do altar e a expiação.
21. Tomarás a seguir o touro sacrificado pelo pecado, o qual será consumido no lugar reservado ao templo, fora do santuário.
22. No segundo dia, ofertarás pelo pecado um bode sem defeito, que servirá para fazer a expiação do altar, como se fez com o touro.
23. Quando tiveres terminado essa expiação, oferecerás um touro novo e um cordeiro sem defeito, escolhido no rebanho,
24. que apresentarás ao Senhor. Os sacerdotes lançarão sal sobre eles e os oferecerão ao Senhor em holocausto.
25. Durante sete dias consecutivos, sacrificarás um bode em sacrifício pelo pecado; sacrificar-se-á também um novilho e um cordeiro sem defeito.
26. Far-se-á assim, durante sete dias, a expiação pelo altar: ele será purificado e inaugurado.
27. Decorridos esses sete dias, no oitavo dia e nos seguintes, os sacerdotes oferecerão sobre o altar vossos holocaustos e vossos sacrifícios pacíficos. E eu vos testemunharei meu favor – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 44

1. Ele reconduziu-me ao pórtico exterior do santuário, que fica fronteiro ao oriente, o qual se achava fechado.
2. O Senhor disse-me: Este pórtico ficará fechado. Ninguém o abrirá, ninguém aí passará, porque o Senhor, Deus de Israel, aí passou; ele permanecerá fechado.
3. O príncipe, entretanto, enquanto tal, poderá aí assentar-se para tomar sua refeição diante do Senhor. Ele entrará pelo vestíbulo do pórtico e sairá pelo mesmo caminho.
4. Ele conduziu-me em seguida pelo pórtico norte, diante do templo. Lá, pude contemplar a glória do Senhor que enchia o templo do Senhor; a essa vista, caí com a face em terra.
5. O Senhor disse-me: Filho do homem, presta bem atenção; olha bem com teus olhos. Fica com o ouvido atento ao que te vou dizer: são as leis e as ordens concernentes ao templo do Senhor. Vela com cuidado a admissão no templo, assim como a exclusão do santuário.
6. Dirás a esses rebeldes israelitas: eis o que diz o Senhor Javé: israelitas, basta! Chega de abominações!
7. Quando fazíeis a oferenda do meu pão, da gordura e do sangue, introduzistes no meu santuário para profaná-lo estrangeiros cujo coração não é menos incircunciso que a carne; violastes, dessa forma, a minha aliança com todas as vossas abominações.
8. Em vez de vos ocupardes vós mesmos com o serviço do meu santuário, encarregastes esses estrangeiros de fazê-lo em vosso lugar.
9. Eis o que diz o Senhor Javé: nenhum estrangeiro, cujo coração é incircunciso tanto quanto a carne, penetrará em meu santuário; não, nenhum dos estrangeiros que residem entre os israelitas.
10. Os levitas, que me deixaram desde o tempo em que Israel se desviava, abandonando-me para seguir os ídolos, esses levitas levarão a pena de sua falta.
11. Servirão em meu santuário na qualidade de porteiros e farão o serviço da casa; degolarão para o povo as vítimas destinadas aos holocaustos ou aos sacrifícios, e ficarão à disposição do povo para todo o serviço.
12. Porque se puseram a seu serviço diante dos seus infames ídolos, e arrastaram os israelitas ao pecado, por causa disso – oráculo do Senhor Javé – ergo a mão contra eles, e sofrerão a pena de sua falta.
13. Não poderão mais aproximar-se de mim para exercer diante de mim as funções sacerdotais, nem para tocar em minhas coisas santas, nem para entrar no lugar santíssimo: mas carregarão a vergonha que lhes mereceram suas práticas abomináveis.
14. Eu os encarregarei da guarda do templo, de seu serviço e de todos os trabalhos que devem ser feitos aí.
15. Os sacerdotes levíticos, descendentes de Sadoc, que asseguraram a guarda do meu santuário no tempo em que os israelitas se afastavam para longe de mim, são eles que se aproximarão de mim para me servir, são eles que ficarão em minha presença para me oferecerem a gordura e o sangue – oráculo do Senhor Javé.
16. São eles que penetrarão em meu santuário, eles que se aproximarão da minha mesa para o meu serviço, que o cumprirão com fidelidade.
17. Ao passarem as portas do átrio interior, deverão estar vestidos de linho; não terão lã sobre si, quando oficiarem nos pórticos do átrio interior e no templo.
18. Trarão na cabeça turbantes de linho, e sobre os rins calções de linho; não trarão cinto que possa provocar a transpiração
19. Quando passarem ao átrio exterior, lá onde o povo se encontra, despirão suas vestimentas litúrgicas e as deporão nas câmaras do santuário, e se revestirão de outros hábitos, a fim de que não toquem os leigos com suas vestimentas consagradas.
20. Não rasparão a cabeça, não deixarão crescer livremente sua cabeleira; apararão porém os cabelos.
21. Nenhum sacerdote beberá vinho quando tiver de penetrar no átrio interior.
22. Eles não desposarão viúvas nem mulheres repudiadas, mas somente virgens de descendência israelita; poderão, entretanto, casar com a viúva de um sacerdote.
23. Ensinarão meu povo a distinguir o sagrado do profano, a discernir o que é imundo do que é puro.
24. Nos debates, terão de julgar; e o farão conforme ao meu direito. Em todas as solenidades observarão as minhas leis e ordenações e santificarão os meus sábados.
25. Não tocarão em cadáver, para não se contaminarem; entretanto, essa mancha será tolerável para um pai ou uma mãe, um filho ou uma filha, um irmão ou uma irmã não casada.
26. Após sua purificação, contar-se-ão sete dias;
27. depois, no dia em que entrar de novo para o seu serviço no santuário ou no átrio interior, oferecerá um sacrifício de expiação, – oráculo do Senhor Javé.
28. Quanto ao seu patrimônio, sou eu que serei o seu patrimônio: não lhes assinalareis propriedade em Israel; sou eu que serei a sua propriedade.
29. Eles se nutrirão das oferendas e das vítimas oferecidas pelos pecados e pelo delito: será para eles tudo o que tiver sido votado a interdito em Israel.
30. O melhor de todas as primícias e de todas as espécies de oferendas será dos sacerdotes. Vós lhes dareis também as primícias de vossa farinha, para que possais merecer a bênção sobre a vossa casa.
31. Os sacerdotes não comerão carne de nenhum animal morto ou despedaçado, quer seja de um pássaro quer de outro qualquer animal.

 
Capítulo 45

1. Quando tirardes à sorte para a partilha da terra, deduzireis, a título de oferenda reservada ao Senhor, uma porção da terra, que será sagrada.
2. Ela medirá vinte e cinco mil côvados de comprimento por vinte mil de largura; será ela sagrada em toda a sua extensão. Desse território, reservareis para o santuário um quadrado de quinhentos côvados de lado, e cinqüenta côvados de espaço vazio em volta.
3. Do território assim medido, reservareis, pois, um espaço do comprimento de vinte e cinco mil côvados e da largura de dez mil, em que se encontrará o santuário, lugar sagrado.
4. Essa será a parte sagrada do território: ela pertencerá aos sacerdotes que fazem o serviço do santuário, que podem aproximar-se do Senhor para servi-lo. Lá encontrarão o lugar para suas casas e um lugar santo para o santuário.
5. De outra parte, uma porção de vinte e cinco mil côvados de extensão por dez mil de largura se atribuirá aos levitas, que fazem o serviço do templo, com as cidades residenciais.
6. Para o domínio da cidade, assinalareis uma porção de cinco mil côvados de largura, por vinte e cinco mil de comprimento, paralelamente ao espaço sagrado já reservado. Ela pertencerá a toda a casa de Israel.
7. Para o príncipe, haverá um espaço de uma parte e de outra, e o comprimento do domínio sagrado e do domínio da cidade, do lado do ocidente para o ocidente, e do lado do oriente para o oriente, de uma largura igual à de cada parte, desde a fronteira ocidental até a fronteira oriental.
8. Será lá a sua terra, a sua propriedade em Israel. Assim meus príncipes não mais oprimirão meu povo, mas deixarão o resto da terra às tribos da casa de Israel.
9. Eis o que diz o Senhor Javé: príncipes de Israel, basta! Renunciai à violência e à opressão; praticai a eqüidade e a justiça; cessai vossas exações contra o meu povo – oráculo do Senhor Javé.
10. Tende balanças justas; um efá justo, um bato justo.
11. O efá e o bato terão a mesma capacidade, conterão ambos a décima parte de um homer, que servirá de base à sua medida.
12. O siclo valerá vinte óbolos; vinte siclos mais vinte e cinco siclos mais quinze siclos equivalerão a uma mina.
13. Eis a oferenda que separareis: um sexto do efá para cada homer de trigo e por homer de cevada.
14. Para o óleo, a oferta será de um bato por uma dezena de batos ou por coro (o coro equivale a um homer, quer dizer, a dez batos).
15. Das pastagens de Israel será oferecida uma ovelha por rebanho de duzentas cabeças para a oblação, o holocausto e os sacrifícios pacíficos, a fim de servir de vítima expiatória por eles – oráculo do Senhor Javé.
16. E de toda a população da terra será tomada essa oferenda em proveito do príncipe em Israel.
17. É, porém, o príncipe que terá de fornecer os holocaustos, as oferendas e libações para as festas, as neomênias e os sábados e todas as solenidades da casa de Israel; é ele quem proverá os sacrifícios pelos pecados, a oblação, o holocausto e os sacrifícios pacíficos oferecidos em expiação pela casa de Israel.
18. Eis o que diz o Senhor Javé: no primeiro dia do primeiro mês, tomarás um novilho sem defeito para fazer a expiação do santuário.
19. O sacerdote tomará do sangue da vítima sacrificada pelo pecado e porá nos batentes da porta do templo, nos quatro cantos da base do altar e nos batentes da porta do átrio interior.
20. Farás a mesma coisa no primeiro dia do sétimo mês, por intenção de todos os que pecaram por erro ou inadvertência. Assim fareis a expiação pelo templo.
21. No décimo quarto dia do primeiro mês, tereis a festa da Páscoa. Durante sete dias comereis pães ázimos.
22. Naquele dia, o príncipe sacrificará, por si mesmo como por toda a população da terra, um touro pelo pecado.
23. Em seguida, durante os sete dias da festa, oferecerá ele diariamente ao Senhor o holocausto de sete touros e sete carneiros sem defeito, do mesmo modo que um bode por dia, em sacrifício pelo pecado.
24. A modo de oblação, ofertará um efá por touro, um efá por carneiro e um hin de óleo por efá.
25. No décimo quinto dia do sétimo mês, por ocasião da festa, oferecerá durante sete dias os mesmos sacrifícios pelo pecado, os mesmos holocaustos, as mesmas oferendas e as mesmas (libações) de óleo.

 
Capítulo 46

1. Eis o que diz o Senhor Javé: o pórtico do átrio interior que fica fronteiro ao oriente será fechado durante os seis dias consagrados ao trabalho. Abrir-se-á no dia de sábado, assim como na lua nova.
2. O príncipe, chegando de fora para o vestíbulo do pórtico, colocar-se-á perto dos por tais do pórtico, enquanto os sacerdotes oferecerão seu holocausto e seus sacrifícios pacíficos. Após haver-se prosternado sobre o limiar do pórtico, ele se retirará; mas o pórtico não será fechado até a tarde.
3. O povo se prostrará diante do Senhor, à entrada desse pórtico, nos dias de sábado e de lua nova.
4. O holocausto que oferecerá o príncipe ao Senhor, no dia de sábado, será de seis ovelhas sem defeito e de um cordeiro intacto.
5. A oferenda para o cordeiro será de um efá; para as ovelhas, ela será deixada à sua escolha; quanto ao óleo ele oferecerá um hin por efá.
6. No dia da lua nova, oferecerá um novilho sem defeito, seis ovelhas, e um carneiro sem defeito.
7. A oferenda para o carneiro será de um efá; para as ovelhas será proporcional aos seus meios; quanto ao óleo, oferecerá um hin por efá.
8. Logo que chegar, o príncipe passará pelo vestíbulo do pórtico e, ao sair, tomará idêntico caminho.
9. Quando o povo vier apresentar-se diante do Senhor, por ocasião das solenidades, aquele que tiver entrado pela porta norte, para se prosternar, sairá pela porta sul; o que vier pela porta sul sairá pela porta norte; não voltará pela porta que tiver tomado à entrada, mas sairá pela porta que tiver diante de si.
10. O príncipe ficará no meio deles, entrando e saindo como eles.
11. Por ocasião das festas e solenidades, a oferenda será de um efá por touro e por cordeiro; para as ovelhas, será deixada à sua escolha; no que toca ao óleo, oferecerá um hin por efá.
12. Quando o príncipe quiser oferecer ao Senhor um holocausto voluntário ou um sacrifício pacífico, abrir-se-lhe-á a porta que olha para o oriente, e ele oferecerá seu holocausto e seu sacrifício pacífico como faz no dia do sábado. Quando sair, fechar-se-á a porta imediatamente após ele.
13. Imolarás diariamente ao Senhor em holocausto um cordeiro de um ano, sem defeito. Assim farás cada manhã.
14. Como oferenda, oferecerás ao Senhor todas as manhãs com o cordeiro um sexto de efá, assim como um terço de hin de óleo para umedecer a farinha. Esta é uma regra perpétua:
15. oferecer se-á a cada manhã um cordeiro em oblação com o óleo em holocausto perpétuo.
16. Eis o que diz o Senhor Javé: se o príncipe fizer a um de seus filhos uma doação do seu domínio, esse donativo pertencerá a seus filhos a título de propriedade patrimonial.
17. Se fizer semelhante donativo a um de seus servidores, a doação pertencerá também a este, mas unicamente até o ano da libertação, no qual ela retornará ao príncipe. É só a seus filhos que continuará como herança.
18. O príncipe nada usurpará do patrimônio do povo, despojando-o de alguma de suas propriedades; ele constituirá um patrimônio a seus filhos unicamente de sua propriedade, a fim de que ninguém dentre o meu povo seja privado de suas posses.
19. Ele me conduziu, logo a seguir, pela entrada vizinha do pórtico, às câmaras sagradas reservadas aos sacerdotes, frente ao norte; e eu vi lá um espaço, ao fundo, para o ocidente.
20. É ali, disse-me, o lugar onde os sacerdotes cozem as carnes oferecidas em sacrifício pelo pecado e pelo delito, e onde cozem as oferendas, a fim de não levá-las ao átrio exterior e não tocar o povo com as coisas santas.
21. Em seguida, me fez sair para o átrio exterior e passar diante dos quatro ângulos do átrio, em cada um dos quais havia um pátio.
22. Nos quatro ângulos do átrio encontravam-se ainda pequenos pátios, medindo quarenta côvados de comprimento por trinta de largura, todos os quatro iguais,
23. todos os quatro cercados de um muro, ao pé do qual, em toda a volta, havia fogões.
24. São, disse-me ele, as cozinhas, onde os servidores do templo cozem as carnes das vítimas oferecidas pelo povo.

 
Capítulo 47

1. Conduziu-me então à entrada do templo. Eis que águas jorravam de sob o limiar do edifício, em direção ao oriente (porque a fachada do templo olhava para o oriente). Essa água escorria por baixo do lado direito do templo, ao sul do altar.
2. Fez-me sair pela porta do norte e contornar o templo do lado de fora até o pórtico exterior oriental; eu vi a água brotar do lado sul.
3. O homem foi para o oriente com uma corda na mão: mediu mil côvados; a seguir fez-me passar na água, que me chegou até os tornozelos. Mediu ainda mil côvados e me fez atravessar a água, que me subiu até os joelhos.
4. Mediu de novo mil côvados e fez-me atravessar a água, que me subiu até os quadris.
5. Mediu, enfim, mil côvados; e era uma torrente que eu não podia atravessar, de tal modo as águas tinham crescido! E era preciso nadar, era um curso de água que não se podia passar (a vau).
6. Viste, filho do homem? – falou-me, e me levou ao outro lado da torrente.
7. Ora, retornando, avistei nas duas margens da torrente uma grande quantidade de árvores.
8. Essas águas, disse-me ele, dirigem-se para a parte oriental, elas descem à planície do Jordão; elas se lançarão no mar, de sorte que suas águas se tornarão mais saudáveis.
9. Em toda parte aonde chegar a corrente, todo animal que se move na água poderá viver, e haverá lá grande quantidade de peixes. Tudo o que essa água atingir se tornará são e saudável e em toda parte aonde chegar a torrente haverá vida.
10. Na praia desse mar estarão pescadores; eles estenderão suas redes desde Engadi até Engalim, e haverá aí peixes de toda espécie em abundância, como no grande mar.
11. Mas seus mangues e charcos não serão saneados, abandonados que estão ao sal.
12. Ao longo da torrente, em cada uma de suas margens, crescerão árvores frutíferas de toda espécie, e sua folhagem não murchará, e não cessarão jamais de dar frutos: todos os meses frutos novos, porque essas águas vêm do santuário. Seus frutos serão comestíveis e suas folhas servirão de remédio.
13. Eis o que diz o Senhor Javé: eis os limites da terra que partilhareis entre as doze tribos de Israel. José terá duas partes.
14. Cada um dentre vós herdará uma parte igual, porque jurei com a mão erguida dar essa terra a vossos pais; por isso, essa terra deve tocar-vos em partilha.
15. Eis os seus limites: ao norte, desde o Grande Mar, o caminho de Hetalon até Sedad:
16. Hamat, Berota e Sabarim, entre a fronteira de Damasco e de Hamat, Hatzer-Tichon até a fronteira de Haurã.
17. A fronteira irá então do mar até Hatzer-Enon, tendo a fronteira de Damasco ao norte, e a de Hamat. Isto ao norte.
18. A leste, entre Haurã e Damasco e entre Galaad e a terra de Israel, o Jordão servirá de limite desde a fronteira norte até o mar oriental e para o lado de Tamar. Isto ao leste.
19. A costa sul irá, para o oriente, desde Tamar até as águas de Meriba de Gades e até a torrente para o Grande Mar. Isto para o lado lado meridional.
20. A oeste, o Grande Mar, desde a fronteira até a frente da entrada de Hamat. Isto ao oeste.
21. Partilhareis esta terra entre vós, segundo as tribos de Israel.
22. Vós as distribuireis por sorte a vós e aos estrangeiros residentes entre vós e que têm lançado raiz entre vós. Vós os considerareis como indígenas entre os israelitas: receberão convosco seu lote entre as tribos de Israel.
23. É na tribo onde ele estiver instalado que lhe assinalareis o seu lote ao estrangeiro – oráculo do Senhor Javé.

 
Capítulo 48

1. Eis os nomes das tribos. Na extremidade norte da terra, para o caminho de Hatalon até Hamat, Hatzer-Enon, na fronteira de Damasco ao norte, ao longo de Hamat, um território que irá desde a fronteira oriental até a fronteira ocidental, será atribuído a Dã; esta constitui uma parte.
2. Do lado do limite de Dã, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Aser.
3. Ao lado da fronteira de Aser, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Neftali.
4. Ao lado da fronteira de Neftali, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Manassés.
5. Do lado do limite de Manassés, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Efraim.
6. Do lado do limite de Efraim, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Rubem.
7. Do lado do limite de Rubem, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Judá.
8. Do lado do limite de Judá, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, encontrar-se-á a parte que tirareis antecipadamente, de uma largura de vinte e cinco mil côvados e um comprimento igual ao das outras partes de leste a oeste. No centro dessa parte, encontrar-se-á o santuário.
9. A parte que tirareis com antecipação para o Senhor terá vinte e cinco mil côvados de comprimento por dez mil de largura.
10. Esta santa porção será para os sacerdotes: suas dimensões serão: ao norte, vinte e cinco mil côvados; a oeste, dez mil côvados de largura; a leste, dez mil de largura; ao sul, vinte e cinco mil côvados de comprimento. O santuário do Senhor elevar-se-á ao centro.
11. Ele é para os sacerdotes consagrados, descendentes de Sadoc, que têm feito o meu serviço sem se desviarem como os levitas, quando os israelitas se transviaram.
12. É para eles uma porção sagrada a parte reservada daquela que tiraram antecipadamente do território, ao lado do limite dos levitas.
13. Os levitas ocuparão, na extensão dos limites dos sacerdotes, um espaço de vinte e cinco mil côvados de comprimento e dez mil côvados de largura. Comprimento total: vinte e cinco mil côvados; extensão: dez mil.
14. Não se poderá vender nada nem trocar: o melhor dessa terra não poderá ser alienado, porque é propriedade sagrada do Senhor.
15. Os cinco mil côvados que restarem em largura, por vinte e cinco mil de comprimento, constituirão um espaço profano destinado à cidade, a suas habitações e a seus terrenos. A cidade estará no centro.
16. Eis as suas dimensões: ao norte, quatro mil e quinhentos côvados; ao sul, quatro mil e quinhentos côvados; a leste, quatro mil e quinhentos côvados; a oeste, quatro mil e quinhentos côvados.
17. Os limites da cidade terão ao norte duzentos e cinqüenta côvados; ao sul, duzentos e cinqüenta côvados; a leste, duzentos e cinqüenta côvados e a oeste, duzentos e cinqüenta côvados.
18. Restará, ao longo da parte consagrada, uma extensão de dez mil côvados; dez mil côvados a leste e a oeste, paralelamente à parte consagrada, cujos produtos servirão para o sustento dos trabalhadores da cidade.
19. Os trabalhadores da cidade, recrutados em todas as tribos de Israel, cultivarão essa porção.
20. O total da parte reservada com vinte e cinco mil côvados por vinte e cinco mil, tereis reservado para domínio da cidade, uma parte igual ao quarto da porção santa.
21. O resto será para o príncipe, dos dois lados da porção sagrada e do domínio da cidade, ao longo dos vinte e cinco mil côvados da porção reservada até a fronteira oriental, e a oeste, ao longo dos vinte e cinco mil côvados até a fronteira ocidental, paralelamente às (outras) partes. Será, pois, para o príncipe; a porção sagrada e o santuário do templo estarão no meio.
22. Assim, a parte do príncipe ocupará o espaço compreendido entre os limites de Judá e de Benjamim, salvo o domínio dos levitas e o da cidade, situados no meio da porção que lhe tocar.
23. Para o resto das tribos: da fronteira oriental à fronteira ocidental, a parte de Benjamim.
24. Do lado do limite de Benjamim, da fronteira oriental à fronteira ocidental, a parte de Simeão.
25. Do lado limite de Simeão, da fronteira oriental à fronteira ocidental, a parte de Issacar.
26. Do lado do limite de Issacar, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Zabulon.
27. Do lado da parte de Zabulon, da fronteira oriental até a fronteira ocidental, a parte de Gad.
28. Sobre o limite de Gad, ao sul, a fronteira irá de Tamar para o oriente, às águas de Meriba de Gades, e à torrente que vai para o Grande Mar.
29. Tal é a terra cujos patrimônios repartireis por sorte entre as tribos de Israel; tais serão as suas partes respectivas – oráculo do Senhor Javé.
30. Eis as saídas da cidade.
31. (As portas da cidade receberão os nomes das tribos de Israel.) Ao norte – do comprimento de quatro mil e quinhentos côvados -, haverá três portas: a porta de Rubem, a porta de Judá e a porta de Levi.
32. O lado leste – do comprimento de quatro mil e quinhentos côvados – terá três portas: a porta de José, a porta de Benjamim e a porta de Dã.
33. O lado sul – extensão de quatro mil e quinhentos côvados – terá três portas: a porta de Simeão, a porta de Issacar e a porta de Zabulon.
34. O lado oeste – da extensão de quatro mil e quinhentos côvados – terá três portas: a porta de Gad, a porta de Aser e a porta de Neftali.
35. Perímetro: dezoito mil côvados. Doravante o nome da cidade será Javé-Chammá.
 

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